4 de novembro de 2007

 

QUEM NÃO QUER A CPMF

Paulo Henrique Amorim, em seu blog Conversa Afiada, foi quem melhor escreveu sobre a questão da CPMF. Quem não quer a CPMF quer a miséria do povo brasileiro, quer o “caixa dois”, é contra o Governo Lula, o Bolsa-Família, é o pessoal que quer ficar rico com o dinheiro dos outros, a turma do “Estado mínimo” que tem Pinochet como o seu santo padroeiro e toda semana lê a revista Veja.

LEIA NA ÍNTEGRA:

Quem não quer a CPMF já quis: os tucanos inventaram a CPMF.

Quem não quer a CPMF são aqueles que querem fazer o “desmanche” do Estado (*) e de suas políticas sociais.

Quem não quer a CPMF é quem não aceita que a saúde do brasileiro melhorou – por causa do dinheiro da CPMF.

Quem não quer a CPMF não se conforma com a última Pesquisa de Amostra Domiciliar, PNAD, do IBGE, que mostrou que a renda da metade inferior da pirâmide de renda cresce mais que a metade superior.

Quem não quer a CPMF é quem não se conforma com a idéia de que, segundo a PNAD, a desigualdade de renda – o índice de Gini – melhorou.

Quem não quer a CPMF é quem acha que o mercado é mais eficiente para dar hospital e escola.

Quem não quer a CPMF quer o “Caixa Dois”, porque a CPMF é o melhor imposto para “flagrar” o “Caixa Dois”.

Quem não quer a CPMF quer matar o Governo Lula de fome e impedir que ele faça o sucessor.

Quem não quer a CPMF não quer que o PAC vá para a frente, porque, para manter os investimentos sociais, sem a CPMF, será preciso cancelar obras do PAC.

Quem não quer a CPMF quer “starve the beast” – “fazer a besta morrer de fome” (*2)–, o grito de guerra dos neoliberais: tirar recursos do Estado até ele morrer de inanição.

Quem não quer a CPMF é o pessoal que quer ficar rico com “other people’s money” – o dinheiro dos outros –, a forma clássica de a elite branca (e separatista, no caso de São Paulo) brasileira “administrar” o Estado.

Quem não quer a CPMF quer que as favelas do Rio desapareçam do mapa, jogadas no Rio da Guarda, e não aceitam que, sob inspiração de Leonel Brizola, as favelas se transformem em bairros – sem violência, sem tráfico, e com serviços sociais.

Quem não quer a CPMF gostaria de nomear o Coronel Ustra diretor-geral da Polícia Federal, para só prender “preto, pobre e p...”

Quem não quer a CPMF toma café da manhã na pracinha e lê a revista Veja, todo domingo.

(*) Sobre o “desmanche” do Estado, recomendo a leitura de “O Ex-Leviatã Brasileiro”, de Wanderley Guilherme dos Santos, Editora Civilização Brasileira, 2006: “Em nome de sua modernização e de melhor desempenho na economia globalizada, o poder executivo teve 30% de seus quadros eliminados em sete anos (de 1995 a 2002), talvez a maior leva de demissões da história da administração pública em nação sem passado socialista.”

(*2) Sobre a Teologia do Neoliberalismo, aqui imposta pelo Governo do Farol de Alexandria, à semelhança de Salinas no México; Fujimori no Peru; e Menem na Argentina, recomendo a leitura de “A Brief History of Neoliberalism”, de David Harvey, Oxford University Press, 2005. Harvey lembra que a Teologia do Neoliberalismo começou no Chile de Pinochet dos “Chicago Boys”, e depois se “globalizou” com a aliança Thatcher-Reagan. Harvey demonstra que a Teologia Neoliberal nasceu como resposta ao aumento da renda da metade inferior da pirâmide de renda, com as políticas sociais do Pós Guerra. Portanto, o santo padroeiro de quem não quer a CPMF é Augusto Pinochet.

Comments:
qse concordo. só q o artigo esquece de listar: "quem quer a CPMF também já não quis". só.
 
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