30 de outubro de 2007

 

As eleições internas do PT pegam fogo

Vou fazer de conta que não tomei conhecimento do e-mail enviado pelo militante petista mineiro Jânio Bragança pedindo voto para seu candidato, mas, infelizmente, se utilizando de material desqualificado publicado contra a chapa de Ricardo Berzoini no blog do Josias de Souza, espaço chapa-branca dos barões da Folha de S. Paulo. Evidentemente, as diatribres escritas pelo Josias de Souza são tipicamente de inimigo de classe, do PT e do Governo Lula. Elas tiram voto e não vale a pena reproduzí-las.

LEIA ENTREVISTA DE BERZOINI DE FONTE FIDEDIGNA

Berzoini: Futuro do PT depende
do vínculo com a juventude

Para o atual presidente do PT, deputado federal Ricardo Berzoini, a implantação das resoluções do 3º Congresso e a coordenação das eleições de 2008 e 2010 são as principais tarefas da direção partidária que assumirá após o PED deste ano.

Berzoini, que concorre à reeleição pela chapa “Construindo um Novo Brasil”, cita, entre as questões internar prioritárias, a criação da Escola Nacional do PT, a implantação do Sistema Nacional de Comunicação e o 1º Congresso da Juventude Petista.

“O futuro do PT depende do vínculo que estabelecermos com nossos jovens e do compromisso real que tivermos com a formação de nossos militantes”, afirmou o deputado em entrevista ao Novo Portal do PT.

Leia a íntegra abaixo:

PORTAL DO PT - Quais são as tarefas prioritárias do PT para o próximo período?

RICARDO BERZOINI - As principais tarefas da próxima direção nacional são implementar as resoluções do Congresso do PT realizado neste ano, coordenar as campanhas eleitorais de 2008 e preparar o PT para vencer, se possível com candidato próprio, as eleições de 2010.

O 3º Congresso demonstrou o vigor de nossa militância e a sua disposição de participar da gestão do partido. A direção tem de responder a isso, criando a Escola Nacional do PT, que será responsável pela nossa política de formação, implantando o Orçamento e o Planejamento participativo no partido e também o nosso Sistema Nacional de Comunicação, estimulando o surgimento de uma organização de juventude forte e investindo claramente na aproximação da direção nacional com as direções estaduais, tanto do ponto de vista orçamentário como, principalmente, do ponto de vista político.

Se organização partidária deve receber atenção especial, as eleições de 2008 também devem ser vistas como prioridade. Cabe à direção nacional acompanhar as prévias, a montagem das alianças e dar suporte político para as coordenações de campanha. O PT precisa sair forte das eleições, e isso significa mais do que vencer em muitas cidades. Nossa força em 2010 estará diretamente ligada ao desempenho eleitoral de 2008 e, também, ao vínculo do partido com a sua militância e com seu programa. Temos de mostrar, nas próximas campanhas eleitorais, a real força do petismo.


PORTAL DO PT - Como deve ser a relação do PT com o governo Lula? Quais ações governamentais o partido deve defender como prioritárias?

RICARDO BERZOINI - A relação deve ser tranqüila, de respeito e autonomia. O PT viveu uma grave crise em 2005, tratou dela com firmeza no 13º Encontro e no 3º Congresso, mas tem consciência que sua superação não se dará por decreto, mas pelo enfrentamento sério de suas causas. Quero apontar dois elementos que contribuíram diretamente para ela.

Um deles é a relação com nossos governos, sobretudo o federal. É evidente que o PT errou ao não assumir, no primeiro governo Lula, sua própria condição de autonomia, portando-se quase como “correia de transmissão”. Isso já havia acontecido, infelizmente, em muitos governos locais. É preciso preservar a máxima de que “partido é partido e governo é governo”. Essa autocrítica já foi feita pelo PT, o que ficou nítido quando assumiu a defesa da candidatura petista de Arlindo Chinaglia à presidência da Câmara Federal. Nós enfrentamos muitos desafios para que fosse vitoriosa e conseguimos.

Outro elemento que deve ser destacado como raiz da crise é nossa acomodação ao sistema político brasileiro. Deveríamos ter enfrentado os desafios da reforma política em 2003. Não o fizemos e, aos poucos, fomos sendo cooptados pelo sistema que tanto combatemos. Neste ano, sob a nossa liderança, retomamos a campanha para que ela aconteça e conseguimos aprovar em nosso 3º Congresso, com o apoio de várias outras forças partidárias, a realização de uma campanha de rua para sua aprovação e convocação de uma assembléia constituinte exclusiva.

Com tudo isso, quero dizer que a relação do PT com o governo Lula deve ser de respeito e apoio permanente, mas, também, de formulação de propostas e disputa de posições com outras forças políticas da nossa base de sustentação sobre os rumos do governo e do país.

Para o PT, a realização de uma Reforma Política que corrija a atual privatização do sistema político deve ser prioridade para o governo, assim como o combate às desigualdades sociais e regionais, a melhoria da educação através do PDE e a sustentabilidade de nosso desenvolvimento, garantida pela política econômica responsável de nosso governo e pela defesa de nossa biodiversidade. Temos de nos empenhar na defesa desses pontos.


PORTAL DO PT - Que papel os movimentos sociais devem exercer no processo de mudanças do país e como deve ser a interação com o PT?

BERZOINI - O PT, desde sua fundação, defende a livre organização da classe trabalhadora. É papel do PT, portanto, auxiliar a organização dos movimentos sociais e ser parceiro deles, respeitando suas demandas e autonomia, assim como deve ter a sua autonomia partidária também respeitada.

Eu fui dirigente sindical e sei como é importante o apoio do PT aos movimentos sociais, mesmo que as pautas muitas vezes sejam diferentes. O governo Lula, em virtude de sua cultura de esquerda, alterou o tratamento do Estado brasileiro aos movimentos sociais e essa conquista deve ser ampliada no âmbito federal e, também, no âmbito partidário.

Precisamos fortalecer os setoriais do partido, já que são eles os primeiros responsáveis pela relação que mantemos com os movimentos sindicais, sociais e populares. A direção do partido, por sua vez, além de apoiar os setoriais, deve considerar, em sua agenda política, o diálogo permanente com os movimentos, além, é claro, de estimular que todo o partido se organize para isso.

Antes de ser um partido ganhador de eleições, somos irmãos dos movimentos sociais e o jeito como faremos política nos próximos anos deve refletir essa parceria. Para construir um novo Brasil devemos fortalecer esse compromisso.


PORTAL DO PT - O 3º Congresso tomou uma série de decisões quanto à organização e ao funcionamento do partido. Como colocá-las em prática?

BERZOINI - Em primeiro lugar, é importante perceber que a próxima direção do PT terá importante tarefa de reorganização do funcionamento partidário. É preciso que todas as direções assumam suas responsabilidades, que haja maior integração entre as direções nacional e estaduais, que a comunicação partidária seja mais eficiente e que a constituição da Escola Nacional do PT represente um efetivo avanço na formação política de nossos militantes.

Os setoriais do partido devem ser valorizados como instâncias em que a participação da militância é tratada de maneira vertical, numa complementação positiva à organização horizontal do partido pelos diretórios. Esse reconhecimento deve resultar num investimento maior, que deve se somar ao fortalecimento da SNAI na elaboração e sistematização das experiências parlamentares e de gestão petistas.

Mas é preciso ir além. A Comissão Executiva Nacional deverá se concentrar na implementação das decisões tomadas pelo Diretório Nacional que, por sua vez, deverá se concentrar no debate dos grandes temas da política nacional. É preciso corrigir distorções na estrutura e funcionamento do partido, dotar-lhe de maior agilidade e capacidade de responder prontamente os maiores desafios, o que deve significar sistematização de experiências, elaboração de propostas e efetivo conhecimento sobre a realidade do Brasil e da América Latina.

Para a criação da Escola Nacional do PT e para o acompanhamento das eleições 2008, vamos constituir Grupos de Trabalho específicos. O primeiro, numa parceria entre a Secretaria de Formação Polícia e a Fundação Perseu Abramo, principalmente. O segundo, no âmbito do GTE.

O 3º congresso aprovou várias alterações e todas deverão ser analisadas com calma e implementadas com urgência. Por último, quero comentar uma das resoluções mais importantes, que é a realização do 1º Congresso da Juventude Petista. Ele deverá acontecer no primeiro semestre do próximo ano. Para que tenha o resultado necessário, reitero meu compromisso de investir na juventude do PT e no diálogo do partido com a realidade da juventude brasileira e faço, também, um apelo: peço que todos os dirigentes do PT, os que estão finalizando os seus mandatos e também os que serão eleitos, para que se dediquem profundamente na preparação desse congresso da juventude e para a efetivação de um pacto geracional no partido. O futuro do PT depende do vínculo que estabelecermos com nossos jovens e do compromisso real que tivermos com a formação de nossos militantes.

Comments: Postar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?