9 de junho de 2007
TV Excelsior cassada em 1970: uma lembrança
Que lições podemos tirar da história da morte dessa emissora e da grita da mídia brasileira contra a cassação da TV venezuelana?
Hegel, filósofo alemão, dizia que os grandes acontecimentos da história se repetem, mas como tragédia ou como farsa. A cassação da RCTV, da Venezuela, que apoiou ostensivamente e foi uma das mentoras do golpe que tentou derrubar Hugo Chávez, em 2002, é um episódio que me fez ir buscar nos registros da história um caso parecido, ocorrido no Brasil, em 1970.
Naquele ano, a TV Excelsior, que pertencera ao empresário Mário Wallace Simonsen, teve sua concessão suspensa pela ditadura militar. Havia sido a única emissora de TV a não apoiar o golpe de 1964. Simonsen, um mega empresário do café, pagou caro pelo não alinhamento. Seus negócios sofreram perseguição implacável, com a instauração da CPI do Café. Em 23/04/1964, a licença para exportação de suas empresas foi suspensa e os seus bens sequestrados. Uma onda de notícias e boatos contra sua vida particular e denúncias de corrupção em suas empresas se espalhava pelo país, com eco na imprensa tupiniquim.
Outro empreendimento do empresário, a maior companhia de aviação do Brasil na época, a Panair, também foi atacada. Em fevereiro de 1965, as linhas aéreas da empresa foram loteadas para outras companhias e seu fim foi decretado. Mário Wallace Simonsen, que havia saído do país no dia 31/03/1964, morreu pobre em Paris um ano depois, vítima de forte crise de depressão.
O grupo Excelsior, que incluía TV e rádio, foi vendido ao grupo FOLHA, em 1965. Falhas de gestão e a perseguição do regime, que não esquecera a afronta, levaram a emissora paulista ao declínio. Viveu a "crônica de uma morte anunciada". Até que, em 01/10/1970, o jornalista Ferreira Neto invade a emissora, por ordem dos militares, para anunciar o encerramento definitivo de suas atividades.
Da imprensa brasileira, pouco se ouviu de protestos contra a arbitrariedade do regime e em favor da liberdade de imprensa. Muito pelo contrário, a rede de TV que hoje mais levanta a voz contra a decisão Chavéz, a REDE GLOBO, foi a principal beneficiada do declínio e morte da TV Excelsior. Surgiu no mesmo ano em que começou a derrocada da emissora paulista, copiando sua programação. E viu sua principal concorrente ser varrida do espectro cinco anos depois.
A história se repete como farsa? Com certeza. Ao defender o direito da RCTV de achincalhar diariamente um presidente eleito democraticamente, até mesmo pregar o seu assassinato, travestido de "liberdade de imprensa" Globo e mídia brasileira apenas aprofundam mais ainda a descrença que as pessoas sensatas e inteligentes deste país têm dos nossos meios de comunicação.
Hegel, filósofo alemão, dizia que os grandes acontecimentos da história se repetem, mas como tragédia ou como farsa. A cassação da RCTV, da Venezuela, que apoiou ostensivamente e foi uma das mentoras do golpe que tentou derrubar Hugo Chávez, em 2002, é um episódio que me fez ir buscar nos registros da história um caso parecido, ocorrido no Brasil, em 1970.
Naquele ano, a TV Excelsior, que pertencera ao empresário Mário Wallace Simonsen, teve sua concessão suspensa pela ditadura militar. Havia sido a única emissora de TV a não apoiar o golpe de 1964. Simonsen, um mega empresário do café, pagou caro pelo não alinhamento. Seus negócios sofreram perseguição implacável, com a instauração da CPI do Café. Em 23/04/1964, a licença para exportação de suas empresas foi suspensa e os seus bens sequestrados. Uma onda de notícias e boatos contra sua vida particular e denúncias de corrupção em suas empresas se espalhava pelo país, com eco na imprensa tupiniquim.
Outro empreendimento do empresário, a maior companhia de aviação do Brasil na época, a Panair, também foi atacada. Em fevereiro de 1965, as linhas aéreas da empresa foram loteadas para outras companhias e seu fim foi decretado. Mário Wallace Simonsen, que havia saído do país no dia 31/03/1964, morreu pobre em Paris um ano depois, vítima de forte crise de depressão.
O grupo Excelsior, que incluía TV e rádio, foi vendido ao grupo FOLHA, em 1965. Falhas de gestão e a perseguição do regime, que não esquecera a afronta, levaram a emissora paulista ao declínio. Viveu a "crônica de uma morte anunciada". Até que, em 01/10/1970, o jornalista Ferreira Neto invade a emissora, por ordem dos militares, para anunciar o encerramento definitivo de suas atividades.
Da imprensa brasileira, pouco se ouviu de protestos contra a arbitrariedade do regime e em favor da liberdade de imprensa. Muito pelo contrário, a rede de TV que hoje mais levanta a voz contra a decisão Chavéz, a REDE GLOBO, foi a principal beneficiada do declínio e morte da TV Excelsior. Surgiu no mesmo ano em que começou a derrocada da emissora paulista, copiando sua programação. E viu sua principal concorrente ser varrida do espectro cinco anos depois.
A história se repete como farsa? Com certeza. Ao defender o direito da RCTV de achincalhar diariamente um presidente eleito democraticamente, até mesmo pregar o seu assassinato, travestido de "liberdade de imprensa" Globo e mídia brasileira apenas aprofundam mais ainda a descrença que as pessoas sensatas e inteligentes deste país têm dos nossos meios de comunicação.