29 de março de 2007

 

Mídia sonega informação sobre golpe na Venezuela

Abril está chegando. Além do golpe militar de 1964, outro tempo fatídico será lembrado. A depender de nossa mídia você nunca saberá dos detalhes do golpe fracassado de abril de 2002 e da greve patronal de 64 dias, armados para derrubar o presidente Chávez da Venezuela. O jornalista Luiz Carlos Azenha em seu blog EU VI O MUNDO (http://viomundo.globo.com/)nos faz lembrar.

Ao contrário, a mídia brasileira está ocupada em fazer campanha para salvar a pele da RCTV, a emissora venezuelana que encabeçou o golpe contra a democracia. Quero mais que a RCTV se exploda. Além de fazer campanha para salvar golpistas, a mídia brasileira sonega informações sobre as RAZÕES da ameaça de Chávez de não renovar a CONCESSÃO à emissora.

Mas como vivemos na era da Internet, quem sonega informação acaba desmascarado.

O blog EU VI O MUNDO reproduz trechos do livro The Chávez Code, Cracking US intervention in Venezuela [O Código Chávez, Desvendando a intervenção dos Estados Unidos na Venezuela].

O livro é de Eva Golinder, que obteve documentos oficiais americanos através do Freedom of Information Act, uma lei americana aprovada depois da renúncia de Nixon que dá a qualquer cidadão o direito de tentar, na Justiça, ter acesso ao papelório.

OS EUA FINANCIARAM O GOLPE

O golpe de estado da mídia venezuelana contra a democracia foi financiado pelos EUA. O dinheiro chegou à Venezuela através de ONGS que anunciavam que iriam “fortalecer a democracia” e através de um grupo privado chamado DAÍ (Development Alternatives Inc.)

É uma empresa de consultoria americana usada por empresários e pelo governo do país. Foi fundada nos anos 70 e mais recentemente tem trabalhado principalmente no Afeganistão, Iraque e Libéria, usando fundos da USAID (United States Agency for International Development).

A DAÍ apóia operações clandestinas do governo americano.

SEGUEM TRECHOS DO LIVRO:

A MÍDIA CONTRA O POVO

O projeto da DAI focalizado em comerciais de rádio e tevê foi agendado para ajudar a Fedecámaras (é a FIEB deles), a CTV ( é a central sindical pelega deles) e partidos de oposição, agora conhecidos como Coordenadora Democrática (CD), a organizar a greve geral de 2 de dezembro de 2002, que tinha o objetivo de desestabilizar a economia da Venezuela e forçar o presidente Chavéz a renunciar.

Em apoio aos objetivos da oposição, a mídia privada simbolicamente se juntou à greve suspendendo toda a programação normal e doando todo o espaço para a promoção e a cobertura da greve.

Apesar da greve não ter o apoio da maioria dos venezuelanos, muitos foram forçados a ficar em casa porque empresários e chefes fecharam lojas e companhias, impedindo os trabalhadores de cumprir suas tarefas.

SABOTAGEM NO TRANSPORTE

Por 64 dias, muitos venezuelanos sofreram os efeitos da greve dos empresários [locaute], particularmente porque os gerentes e empregados de alto escalão da indústria de petróleo cortaram a produção a níveis perigosamente baixos, forçando uma seca de petróleo e gás que tornou o transporte para qualquer lugar quase impossível.

A CD, com a ajuda das empresas de relações públicas mais importantes e da USAID, produziu alguns dos mais bem acabados comerciais anti-Chávez que os venezuelanos já viram.

Estes comerciais, transmitidos em blocos de dez, nos intervalos da cobertura de passeatas, discursos e entrevistas de gente ligada à oposição, continham mensagens variadas sobre os fracassos de Chávez, como abusos dos direitos humanos - além de falar da crise política e do estado de falência da Nação.

Alguns dos comerciais exploravam a imagem de crianças cantando e carimbando marcas de mão coloridas em vermelho, simbolizando sangue, nas paredes, com mensagens sobre "o futuro da Nação" e a necessidade de "uma nova Venezuela".

Na Venezuela, a doação de espaço publicitário pelos donos da mídia demonstrou que eles, junto com os criadores dos comerciais, essencialmente financiaram - e pretendiam se beneficiar - dos resultados da campanha.

Na Venezuela, cinco grande emissoras de tevê privadas controlam ao menos 90% do mercado e estações privadas menores controlam outros 5%. Estes 95% do mercado começaram a expressar sua oposição ao governo Chávez desde 1999, assim que ele assumiu o primeiro mandato. Os cinco canais de TV assumiram o papel de partidos políticos derrotados.

As investigações, entrevistas, reportagens e comentários da mídia de massa passaram a perseguir o mesmo objetivo: questionar a legitimidade do governo e reduzir o apoio popular do presidente.

SABOTAGEM CONTRA O POVO

O barão da mídia Gustavo Cisneros (sócios da Editora Abril e da revista Veja) deu à greve mais do que cobertura televisiva. Ele mandou fechar suas empresas de refrigerantes e alimentos, de forma que as mercadorias sumissem dos mercados.

Com o desabastecimento, os venezuelanos poderiam ficar desesperados e se juntar à campanha pela renúncia de Chávez. Na fazenda em que Cisneros produz leite, no estado de Mérida, testemunhas viram trabalhadores jogando leite nos rios em vez de preparar o produto para venda.

Milhões de venezuelanos ficaram impossibilitados de trabalhar e sem gasolina para viajar. Foram forçados a ficar em casa e se engajar na atividade gratuita ainda disponível: assistir televisão.

A MENTIRA NA TV

A mídia privada aproveitou a oportunidade para lançar a maior guerra de informação que já se viu em tempos modernos. As quatro emissoras principais suspenderam toda a programação durante 64 dias: nenhum comercial de produtos, nenhuma novela, nenhum filme, nenhum desenho animado, nenhuma série.

"Os quatro canais de tevê [sem mencionar as rádios e os jornais] se juntaram 24 horas por dia, em dezembro de 2002 e janeiro de 2003, e transmitiram 17.600 comerciais contra o governo, dedicando toda a programação, sem um segundo de descanso, a atacar o governo através de jornalismo marrom, para divulgar todo tipo de alarme e boato, para causar terror, precisamente"

Fonte: Blog Eu vi o mundo
http://viomundo.globo.com/site

Comments:
caro oldeck, estou só postando pra te dizer que na próxima fórum estamos registrando esses cinco anos e de que estarei lançando um livro cujo título é midiático poder - o caso venezuela e a guerrilha informativa no mês de abril.
parabéns pelo site
abraços
renato roiva
 
errei no meu nome, incrível...
renato rovai
 
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