10 de setembro de 2006

 

Na ausência de fatos, servem os factóides

Os últimos dias da campanha presidencial, e a virtual reeleição de Lula, têm servido para expor o caráter fascista e cínico dos caciques do PSDB, além da patética corrida ao Ibope perdido do candidato do partido, Geraldo Alckmin. Três episódios merecem destaque:

Factóide 1

O "desafio" lançado pelo Jornal Nacional, para que os candidatos fizessem uma viagem para conhecer as condições da BR 316, e a busca frenética do presidenciável tucano para "interceptar" a caravana da Globo, insere-se no livro das histórias insólitas da política brasileira. Não imagino o que Alckmin buscava alcançar. O Estado de São Paulo e toda sua rede de estradas privatizadas é um bom exemplo que deve ser adotado pelas rodovias federais? Poderia até ser, mas pedágio ainda é tema controverso, os brasileiros pouco o aceitam e mesmo em São Paulo há críticas pesadas contra o excesso de cobranças para se trafegar nas rodovias estaduais. Alckmin pretende fazer uma privataria também nas BRs? Ou pretende apagar os oito anos da administração FHC, que nada fez pelas rodovias brasileiras? Agora cobra que o governo Lula resolva os tantos anos de abandono das rodovias em menos de quatro anos.

Factóide 2
Enquanto isso, os caciques se revezam no esforço de minar a resistência do presidente e do povo que o conduzirá ao segundo mandato, alimentando factóides. Primeiro foi a tal "carta aos militantes do PSDB", de FHC, que mais produziu estragos do lado deles do que incomodou de fato ao presidente Lula. A carta é uma tentativa de gerar um fato novo na campanha, que passaria incolume pelo olhar do eleitor, não fosse o interesse da mídia derrotada em esquentar os bordões utilizados à exaustão contra o governo. FHC é um caso clássico do ditado popular que diz que "macaco não olha o rabo". Volta a dizer-se espantado com a história da compra de votos para aprovar pautas de interesse do governo. Esquece ele que pagou R$ 200 mil por cada voto que lhe garantiu a reeleição. Fala de corrupção no governo petista, mas insiste em dizer que a privataria que ele comandou foi limpa, não houve favorecimento de Daniel Dantas e seu Oportunity, e o ex-presidente da Previ estava maluco quando disse que agia "no limite da irresponsabilidade" para favorecer os simpatizantes dos tucanos na compra das empresas estatais. A única coisa realmente sensata que sua carta produziu foi admitir a derrotado do seu candidato.

Factóide 3
Menos de um dia depois, outro assunto "esquentou" os ânimos dos tucanos: a distribuição das revistas institucionais do governo federal pelos diretórios do PT. Tasso jereissati, em vias de sofrer uma derrota em seu próprio estado, o Ceará, arvorou-se para levantar um "impeachment" do presidente, por suposto desvio de dinheiro público para o PT, via gastos publicitários. Não se consegue estabelecer qualquer sentido nessa nova "bomba" que a revista Veja trás nesta semana. O que afinal se acusa? O PT não poderia distribuir as revistas do governo que apóia e defende? Isso é crime? Que tipo de crime? Se o governo federal estabelecesse uma parceria com sindicatos, igrejas e ong's para fazer chegar informes institucionais à população em todo o País, haveria alguma lei contra?

O que se vê nos três casos é mesmo essa busca desesperada por sobrevidas em uma disputa que caminha para definir-se em 1º de outubro. Até lá, outros factóides serão produzidos, e não faltarão quem os queira reproduzir. Mas já estamos vacinados contra eles.

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