26 de junho de 2006

 

Por que eu voto no presidente Lula

Em minhas palestras pelas faculdades de comunicação da Bahia, não como acadêmico mas como veterano jornalista com 30 anos de carreira, me perguntam sempre porque voto no presidente Lula. Dinossauro da luta contra a ditadura, relembro sempre que, desde antes do golpe militar de 1964, como militante da esquerda católica no interior de Minas Gerais, eu fazia o programa de rádio do bispo de Teófilo Otoni, Dom Quirino Adolph Schmidt. Desde aquela época lutávamos para combater e acabar com os bolsões de pobreza do país e citávamos sempre como exemplo o Vale do Jequitinhonha como o lugar mais pobre, mais analfabeto, mais miserável do Brasil. Quarenta anos se passaram. Entrei na clandestinidade para derrubar a ditadura com a guerrilha, fui para a Mata do Jaíba, no norte de Minas Gerais, organizar os camponeses, depois para o Vale do Pindaré-Mirim, no Maranhão, onde passei três anos dentro da mata tentando organizar a guerrilha. Ao longo da vida fui descobrindo que havia dezenas de bolsões de pobreza, cada um mais pobre que o outro.

Anos mais tarde, chegado à Bahia, descobri que o semi-árido era outro imenso bolsão de pobreza. A fome no campo continuava me incomodando. Nestes 40 anos nunca tinha visto um governo que realmente combatesse aqueles bolsões de pobreza. Quando espertamente D. Ruth Cardoso lançou a semente do bolsa-família já no finalzinho do governo FHC, não dava mais tempo para nada. Coube a Lula desenvolver a idéia, planejar e arranjar dinheiro no Orçamento da União para o Bolsa-Família. Este programa respondeu a minha utopia pessoal, e atacou os bolsões de pobreza contra os quais eu passei uma vida lutando. A expressão saiu de moda, mas são os bolsões de pobreza que o Bolsa-Família beneficia. Se Lula nada fizesse além do Bolsa-Família, eu votaria nele mil vezes. Só depois de contar essa historinha é que relato os números do Bolsa-Família, os onze milhões de pessoas que deixaram de passar fome, enquanto a elite branca, perversa, rica e estúpida, incluindo alguns coleguinhas jornalistas “formadores de opinião” discute qual a “porta de saída” para o que chamam de “assistencialismo”.

Já estou pensando num terceiro mandato para o presidente Lula.

Dois mandatos não são suficientes para acabar com a miséria no Brasil.

Já tenho até slogan: Lula presidente em 2010

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