14 de maio de 2013
Mino Carta lança livro em Salvador e defende regulação da imprensa
O jornalista
Emiliano José, o ex-governador e atual vereador Waldir Pires e o secretário de
Comunicação do governo da Bahia, Robson Almeida, participaram a mesa de debate
promovida pela Livraria Cultura do Shopping Salvador, dia 13 de maio. O evento
fez parte do lançamento do livro “O Brasil” da autoria de Mino Carta. Ele narra
a trajetória de um jornalista fictício, que conta memórias pessoais nos tempos
da ditadura militar. O romance começa com o episódio do suicídio do presidente
Getúlio Vargas e segundo o crítico literário Alfredo Bosi ele leva ao ridículo a burguesia arrivista brasileira.
No debate que
precedeu o momento dos autógrafos, Mino defendeu o projeto do ex-ministro da
Comunicação Social no governo Lula, Franklin Martins. “O projeto do Franklin
não é ruim, mas a única regulamentação efetiva deve combater o monopólio das
empresas de comunicação. Toda vez que se fala em regulamentação, a imprensa
conservadora fala em censura”. Segundo ele, não há vontade política para a
mudança porque boa parte dos parlamentares, que fazem as leis, são donos de
veículos de comunicação”.
No livro, Mino
Carta faz uma verdadeira devassa na história e na história do jornalismo
brasileiro, por meio da ficção. Ele, que esteve à frente de alguns dos
principais veículos de imprensa no país, usa como ingrediente suas próprias
memórias. O crítico literário Alfredo Bosi escreve que Mino Carta leva ao
ridículo nossa burguesia arrivista e faz um retrato agônico da vida pública
brasileira.
Alfredo Bosi: “No começo da leitura
pareceu-me que a ferinidade vinha de uma visada mais aguda e ácida que a do
comum dos mortais. Mas não, não era só isso. Era a própria realidade que se
revelava na sua crueza. Crueza cruel, com o perdão do pleonasmo. Retratar o
nosso homo politicus é lidar com o nauseante: que galeria de patifes
talvez superada apenas pela dos jornalistas! Aqui o narrador pôs o dedo na
ferida, mas, em vez de sangue fresco, o que jorrou foi pus. Lembra, de longe, a
fauna satirizada por Lima Barreto nas Recordações do Escrivão Isaías Caminha,
mas tão deteriorada que desafia qualquer hipótese progressista em relação à
história da nossa espécie”.
SOBRE O AUTORMino Carta começou no jornalismo em 1950, cobrindo a Copa do Mundo para Il Messaggero, de Roma. Colaborou de 1951 a 1955 com a revista Anhembi. Foi redator da Agência Ansa, em São Paulo. Em 1957 trabalhou na Itália nos jornais La Gazzetta del Popolo, de Turim, Il Messaggero
e foi correspondente da revista Mundo
Ilustrado e do Diário de Notícias, do Rio. Em 1960 voltou ao Brasil, fundou e
dirigiu a revista Quatro Rodas. Fundou e dirigiu a edição de esportes do
jornal O Estado de S. Paulo, foi diretor do Jornal da Tarde, das revista Veja,
IstoÉ, Jornal da República, revista Senhor. Voltou á revista IstoÉ de
onde saiu para fundar a CartaCapital.