13 de março de 2013
Steven Spielberg mostra como Lincoln libertou 4 milhões de escravos nos EUA
Steven Spielberg, com seu majestoso filme
“Lincoln”, mostra como o religioso presidente dos Estados Unidos usou a guerra
civil, que matou mais de 600 mil cidadãos, para acabar com a escravidão e
libertar 4 milhões de negros. Considerado o mais correto e puro político da
pátria, Abraham Lincoln, o 16º presidente dos EUA, mandou, literalmente, comprar
20 votos que faltavam no Congresso, para completar os dois terços necessários
para aprovação, em 1865, da 13ª Emenda à Constituição que rezava: “Todos os
homens são iguais perante a lei”.
Sem falso moralismo, orientou seu
Secretário de Estado a encontrar “homens sem escrúpulos” para identificar 64
parlamentares “patinhos” (hoje chamados de baixo clero) e entre eles conseguir
os 20 votos necessários que faltavam entre os congressistas do Partido
Democrata. Valia todo tipo de mensalão:
promessas de altos cargos na República, fazendas, dinheiro em espécie. Lincoln também usou a mentira, simples assim,
ao informar ao Congresso que não havia comitiva de emissários das forças
confederadas rebeldes em negociação com o governo da União. E havia. Portanto,
para abolir a escravidão sujeitou-se ao risco de impeachment.
Lincoln, interpretado magistralmente por Daniel
Day-Lewis, foi um fenômeno político. Eleito e reeleito presidente, num país
conflagrado em sangrenta guerra civil, conversava pessoalmente com soldados,
negros e brancos, ganhava tempo com seus próprios correligionários republicanos
contando histórias e citando metáforas, e possuía enorme capacidade de fazer
alianças políticas com escravocratas republicanos e democratas, radicais e
moderados. Aos abolicionistas radicais, orientou evitar o discurso da “igualdade
entre os homens”, responsável pela derrota da 13ª Emenda na primeira tentativa
dois anos antes. A expressão era considerada um “insulto a Deus e contrária à
Lei Natural”, mesmo entre republicanos.
É impressionante como o perfil do ex-presidente
Lula se parece com o do presidente Lincoln. Ambos, não sabiam de nada. Ambos,
eram amados pelo povo. Ambos, vieram das classes trabalhadoras. Ambos, tinham
coragem e força moral para tomar decisões. Ambos, enfrentaram a imprensa. Ambos possuíam
uma admirável capacidade de conversar e fazer alianças com adversários.
Para libertar 4 milhões de escravos negros, Lincoln manipulou o fim da guerra civil como arma política. Enfrentou os jornais da época – o Herald o acusava de se intrometer indevidamente no Legislativo. Religioso, correto, íntegro, Lincoln governou com o poder da Lei Marcial que a Constituição lhe conferia e confiscava milhares de “propriedades” dos sulistas escravocratas alistando os negros “deles” no exército da União.
O filme “Lincoln” é uma lição de política. Ensina como tomar decisões que provocam mudanças, que mudam o destino de gerações. Spielberg é um gênio.
Para libertar 4 milhões de escravos negros, Lincoln manipulou o fim da guerra civil como arma política. Enfrentou os jornais da época – o Herald o acusava de se intrometer indevidamente no Legislativo. Religioso, correto, íntegro, Lincoln governou com o poder da Lei Marcial que a Constituição lhe conferia e confiscava milhares de “propriedades” dos sulistas escravocratas alistando os negros “deles” no exército da União.
O filme “Lincoln” é uma lição de política. Ensina como tomar decisões que provocam mudanças, que mudam o destino de gerações. Spielberg é um gênio.