23 de fevereiro de 2013
Ponte Salvador-Itaparica vai transformar a Bahia?
Um velho
amigo me escreveu questionando a “validade” do projeto de construção da ponte
Salvador-Itaparica. Argumentou que o encurtamento das distâncias de cerca de 73
municípios à capital não justifica o investimento de bilhões de dólares. E,
tarda mas não falha, que será um projeto com altíssimo custo ambiental. Como
seu e-mail foi muito respeitoso, vou
responder-lhe de forma respeitosa, embora pública. Reitero que o projeto não
está sendo pensado como simples obra viária e turística e se destina a
alavancar o desenvolvimento de várias regiões empobrecidas da Bahia. Uma
desconcentração da atividade econômica da metrópole.
Volto a
citar o artigo do Superintendente Estratégico da Secretaria do Planejamento
(SEPLAN), Paulo Henrique de Almeida, publicado no jornal A Tarde (13/02/2013). Segundo
ele, a ponte vai permitir a integração regional da Ilha, do Baixo Sul e do
Recôncavo, com a atração de investimentos industriais, agroindustriais e de
serviços. E, claro, um vetor de requalificação do Centro Antigo de Salvador,
incluindo o Porto de Salvador, a Via Expressa, a depauperada península de
Itapagipe, o metrô e até mesmo uma nova avenida Paralela ao litoral. Por que
não?
Obviamente,
o impacto ambiental será imenso. Mas, com o conhecimento gerado por décadas de
ação dos ambientalistas, será muito menor do que a ponte Rio-Niterói, construída
em 1974, em plena ditadura e sem a liberdade de expressão (mesmo que limitada
às elites) que temos hoje no Brasil. E infinitamente menor do que a desgraça
que foi a construção (na ditadura) da estrada Belém-Brasília, destruindo a
Floresta Amazônica. Mitigar o impacto paisagístico e ambiental sobre a Baía de
Todos os Santos tem que ser uma preocupação inerente ao projeto. E, com
certeza, o Eixo Sul sofrerá grande impacto na área turística. Ilhéus e Itabuna
serão revigoradas, junto com todo o corredor da região cacaueira, o que
pressupõe preservação ambiental.
Sei que o
secretário José Sérgio Gabrielli, do Planejamento, com a vasta experiência
adquirida em proveitosos oito anos na presidência da Petrobras, está com esse
tipo de preocupação. Gabrielli, pelo posto que ocupa hoje, está destinado a
conduzir a Bahia para o futuro, com o pé no presente. Sei que o projeto está em
andamento, com a contratação da consultoria da McKinsey & Company, com o
objetivo de modelar o projeto do ponto de vista financeiro, econômico e
ambiental.
Volto a citar José Sérgio Gabrielli:
“O projeto é um plano abrangente de
desenvolvimento socioeconômico da região do Recôncavo sob área de influência da
Ilha de Itaparica, contemplando diversos aspectos, como: estratégia de
desenvolvimento, intraestrutura física necessária, aproveitamento imobiliário,
infraestrutura social necessária, estratégia de desenvolvimento humano,
ambiente regulatório e instituições e organizações”.
Em resumo, são muito projetos em
um. O governador Jaques Wagner sabe o que faz.