18 de fevereiro de 2013

 

O PIB ou o PNB medem tudo, menos o que faz a vida valer a pena


Há poucos meses, com objetivo puramente político (partidário), como sempre, a mídia brasileira construiu manchetes fortes sobre o PIB nacional. A idéia era jogar para baixo o crescimento econômico durante o governo de Dilma Rousseff. Nada além, portanto, de discurso político, desonesto e opaco. A campanha midiática não impressionou a população, já que a presidenta continuou a ostentar altos índices de popularidade. Cheguei a escrever um textículo afirmando que com “PIB, Pibinho ou Pibão a presidenta seguia em frente”.
Mas, nada se perde em matéria de tirar lições dos fatos. Lendo o livro “ A Arte da Vida”, de Zygmunt Bauman, sociólogo e pensador polonês muito lido no “litle” Brasil alfabetizado, deparei-me com uma pérola de março de 1968 - um trecho do discurso de Robert Kennedy em plena campanha presidencial. Era um ataque mordaz à mentira em que se baseia a avaliação da felicidade com base no PNB. O PIB se diferencia um pouco do PNB, porque este último índice inclui a renda líquida advinda do exterior, já o PIB se resume à soma das riquezas criadas dentro do território nacional. Mas, ambos servem para as lições da vida:

Leriam o trecho do discurso de Robert Kennedy que, aliás, seria assassinado poucas semanas depois:
“Nosso PNB considera em seus cálculos a poluição do ar, a publicidade do fumo e as ambulâncias que rodam para coletar os feridos em nossas rodovias. Ele registra os custos dos sistemas de segurança que instalamos para proteger nossos lares e as prisões em que trancafiamos os que conseguem burlá-los. Ele leva em conta a destruição de nossas florestas e a sua substituição por uma urbanização descontrolada e caótica. Ele inclui a produção de napalm, armas nucleares e veículos armados usados pela polícia para reprimir a desordem urbana. Ele registra...programas de televisão que glorificam a violência para vender brinquedos a crianças.

Por outro lado, o PNB não observa a saúde de nossos filhos, a qualidade de nossa educação ou a alegria de nossos jogos. Não mede a beleza de nossa poesia e a solidez de nossos matrimônios. Não se preocupa em avaliar a qualidade de nossos debates políticos e a integridade de nossos representantes. Não considera nossa coragem, sabedoria e cultura. Nada diz sobre nossa compaixão e dedicação a nosso país. Em resumo, o PNB mede tudo, menos o que faz a vida valer a pena”.

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