20 de março de 2013

 

MARX ESTAVA CERTO


O autor inglês Terry Eagleton assina o livro “Marx estava certo”, Editora Nova Fronteira. Segundo Vladimir Saflate, o anti-marxismo atual é tão primário que um livro como este acaba por se tornar importante e necessário. Eagleton colecionou praticamente todos os lugares-comuns do anti-marxismo e os desmontou.
Wladimir Safatle comentou: “A idéia de que o marxismo nada teria a dizer a respeito de sociedades pós-industriais; de que ele é ótimo na teoria,mas, na prática só produziu terror e genocídios; de que o marxismo é uma forma de determinismo economicista; de que não é possível ser, ao mesmo tempo, marxista e democrata. Todas essas platitudes repetidas “ad nauseam” pelo pensamento conservador estão na obra de Eagleton”.

Terry Eagleton apóia-se diretamente nos textos de Marx e também na tradição marxista ocidental como a Escola de Frankfurt e outros autores contemporâneos.  O professor Safatle, num ensaio publicado na Folha de S. Paulo (02/02/2013 – Ilustrada página E6) relembra uma época em que o debate a respeito do marxismo no Brasil conseguia escapar da indigência intelectual. “Com autores como Paulo Eduardo Arantes, Ruy Fausto, José Arthur Gianotti e Roberto Schwartz, o Brasil descobriu um Marx ancorado na tradição filosófica hegeliana, capaz de fornecer modelos reflexivos para a crítica literária, para a compreensão da estrutura global das relações entre centro e periferia e para modalidades de sofrimento social provocadas pelo fetichismo próprio a nossas sociedades”.
Mesmo os críticos do marxismo conseguiam desenvolver contraposições bem menos toscas das feitas atualmente. Eagleton se aventura em dar explicações para a derrocada do marxismo nos anos 70. O que ajudou a desacreditar o marxismo foi uma sensação arrepiante de impotência política: “não foram as ilusões sobre o novo capitalismo, mas a desilusão quanto à possibilidade de mudá-lo que mostrou ser o fator decisivo”. A verdade é que Marx está sendo acusado de ultrapassado pelo defensores de um capitalismo que está em processo de regressão aos níveis de desigualdades da época da Inglaterra vitoriana.

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