6 de dezembro de 2011

 

A Tarde: Marighella – Anistia Post Mortem

Assinada por Biaggio Talento, A Tarde publicou a seguinte matéria: Marighella: Anistia “post mortem”

De “Terrorista” e “inimigo número um”, o ex-deputado baiano do Partido Comunista do Brasi, Carlos Marighella, morto por uma emboscada dos órgãos de repressão, sob o comando do delegado Sérgio Paranhos Fleury, em 1969, foi exaltado como herói nacional, que enfrentou duas ditaduras ao ter anistia “post mortem” aprovada na noite de ontem (6/12/2011) em Salvador, pela Sessão da 53ª Caravana da Anistia, projeto do Ministério da Justiça, cujo objetivo é reparar os crimes cometidos pelo último regime militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985.

A Comissão da Anistia se reuniu num lotado Teatro Vila Velha, no centro da capital baiana, e apresentou as mais profundas desculpas do Estado Brasileiro a Carlos Augusto Marighella, filho e à Clara Charf pela morte do ex-deputado e a satanização de seu nome ao longo da história recente do país.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que não pode comparecer ao evento, gravou um vídeo, exibido durante o julgamento simbólico da anistia, em que também se refere a Marighella como herói da resistência à ditadura e pede desculpas em nome do governo pela perseguição política e assasssinato perpetrado pelo Estado.

A cerimônia contou com as participações do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), dos senadores João Capiberibe (PSB-AP) e Lídice da Mata (PSB-BA), além de vários deputados e militantes de esquerda. Na ausência do presidente da Comissão da Anistia, Paulo Abraão ( que está doente), a sessão foi presidida pelo vice Edmar Oliveira e a conselheira Ana Guedes foia relatora do pedido de anistia pot mortem. Ela leu uma pequena biografia sobre a vida de Mariguehha, relembrando sua participação como membro ativo do PCB, suas prisões sob a ditadura de Getúlio Vargas e a ocorrida no último regime militar.

Um dos momentos emocionantes foi quando Clara Charf, foi chamada para falar como testemunha de defesa do marido. Em vários momentos ela não conteve as lágrimas ao lembrar das passagens de Marighella. Fez questão de lembrar, principalmente, seu lado humano e sensível. “Ele dividia até as tarefas domésticas e adorava brincar com as crianças das famílias que nos hospedavam quando estávamos na clandestinidade, era uma pessoa profundamente humana” lembrou a viúva.

Jaques Wagner: “Sem dúvida, Marighella é um herói da luta pela liberdadee da democracia!.

Senador João Capiberibe: Marighella foi mito da minha juventude. Me encatei com a figura humana”

Waldir Pires: “Um defensor dos direitos imprescindíveis; lutou e resistiu com coragem.

Carlos Zanetti: Figura que expressa garra, resistência e delicadeza com a humanidade.


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