5 de maio de 2011
Uma universidade para Caldas do Cipó, no semiárido baiano
Provavelmente, ninguém em Caldas do Cipó, plantada no semiárido da Bahia, lê a revista CartaCapital. Ela mal chega a Salvador, distante 242 km. Entretanto, a jornalista Cynara Menezes assina reportagem belíssima intitulada “Notícias de lugar nenhum”. Ela conta a história do mitológico Grande Hotel Caldas de Cipó, 80 quartos, seis andares, inaugurado em 1952 pelo presidente Getúlio Vargas. Depois de várias tentativas de reinauguração, a esperança ressurge: o PAC das Cidades Históricas reservou R$ 35 milhões para a restauração do monumento art déco que poderá se transformar num hotel-escola do Senac, e sediar o Campus do Semiárido, da Universidade Estadual da Bahia (UNEB).
CartaCapital (de 4 de maio, nas bancas) pesquisou fundo para resgatar a história do antigo balneário de águas termais, sulfurosas, radiativas, ricas em cálcio, magnésio e lítio, de grandes efeitos terapêuticos, numa época em que os antibióticos não tinham ainda se popularizado. Nasceu como Vila do Cipó, depois batizada de Mãe D´Água do Cipó e, em 1935, já transformada em estância hidromineral, Caldas do Cipó. Hoje simplesmente Cipó, com pouco mais de 15 mil habitantes, uma população que pouco usufruiu dos tempos gloriosos do balneário, que teve seu auge nos anos 1930 e 1940.
A reportagem lembra da chegada do presidente Getúlio Vargas, em 1952, com o governador Régis Pacheco, o então senador Assis Chateubriand, o vice-presidente Café Filho e nada menos que o escritor Guimarães Rosa, autor de “Grande Sertão:Veredas”, obra-prima da literatura brasileira. Também lembra que a glória de Caldas do Cipó duraria pouco, com a proibição do jogo, em 1946, por Eurico Gaspar Dutra. Na verdade, Vargas e Régis Pacheco inauguraram com pompas, “um dos maiores elefantes brancos da história do Brasil”.
O PAC das Cidades Históricas projeta restaurar o que sobrou do maior conjunto urbanístico em estilo art déco do Brasil: o Grande Hotel Caldas do Cipó, o prédio da Prefeitura Municipal e o Radium Hotel, que seria transformado em Centro de Convenções. Só tem um probleminha. Como a prefeitura municipal anda às voltas com o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), quem vai garantir que as verbas do convênio serão efetivamente empregadas na restauração do conjunto? Há precedentes trágicos. O falecido ACM (sempre ele) enterrou gordas verbas ali em 1980 e em 1990. Reinaugurou até o velho aeroporto com promessas de um turismo que nunca veio.
As tentativas governamentais falharam num ponto. As restaurações sempre miraram no turismo, nunca na população local, uma doença histórica da gestão pública no Brasil e bastante aguda na Bahia. Nos tempos áureos, usineiros ricos de Alagoas e Pernambuco chegavam com suas famílias para curar doenças e se aventurar nas rodas do cassino. Pouco sobrava para os nativos. Quem sabe que a receita do ex-presidente Lula faça renascer Cipó, não mais para turista ver, mas com uma universidade voltada para a população do semiárido baiano, com seus mandacarus, a cultura do sisal e...conhecimento.
É imperdível a leitura da reportagem em CARTACAPITAL.
CartaCapital (de 4 de maio, nas bancas) pesquisou fundo para resgatar a história do antigo balneário de águas termais, sulfurosas, radiativas, ricas em cálcio, magnésio e lítio, de grandes efeitos terapêuticos, numa época em que os antibióticos não tinham ainda se popularizado. Nasceu como Vila do Cipó, depois batizada de Mãe D´Água do Cipó e, em 1935, já transformada em estância hidromineral, Caldas do Cipó. Hoje simplesmente Cipó, com pouco mais de 15 mil habitantes, uma população que pouco usufruiu dos tempos gloriosos do balneário, que teve seu auge nos anos 1930 e 1940.
A reportagem lembra da chegada do presidente Getúlio Vargas, em 1952, com o governador Régis Pacheco, o então senador Assis Chateubriand, o vice-presidente Café Filho e nada menos que o escritor Guimarães Rosa, autor de “Grande Sertão:Veredas”, obra-prima da literatura brasileira. Também lembra que a glória de Caldas do Cipó duraria pouco, com a proibição do jogo, em 1946, por Eurico Gaspar Dutra. Na verdade, Vargas e Régis Pacheco inauguraram com pompas, “um dos maiores elefantes brancos da história do Brasil”.
O PAC das Cidades Históricas projeta restaurar o que sobrou do maior conjunto urbanístico em estilo art déco do Brasil: o Grande Hotel Caldas do Cipó, o prédio da Prefeitura Municipal e o Radium Hotel, que seria transformado em Centro de Convenções. Só tem um probleminha. Como a prefeitura municipal anda às voltas com o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), quem vai garantir que as verbas do convênio serão efetivamente empregadas na restauração do conjunto? Há precedentes trágicos. O falecido ACM (sempre ele) enterrou gordas verbas ali em 1980 e em 1990. Reinaugurou até o velho aeroporto com promessas de um turismo que nunca veio.
As tentativas governamentais falharam num ponto. As restaurações sempre miraram no turismo, nunca na população local, uma doença histórica da gestão pública no Brasil e bastante aguda na Bahia. Nos tempos áureos, usineiros ricos de Alagoas e Pernambuco chegavam com suas famílias para curar doenças e se aventurar nas rodas do cassino. Pouco sobrava para os nativos. Quem sabe que a receita do ex-presidente Lula faça renascer Cipó, não mais para turista ver, mas com uma universidade voltada para a população do semiárido baiano, com seus mandacarus, a cultura do sisal e...conhecimento.
É imperdível a leitura da reportagem em CARTACAPITAL.