14 de fevereiro de 2011

 

Câmara dos Deputados presta homenagem a Rubens Paiva, ex-deputado morto na tortura

A Câmara dos Deputados convida para a abertura da exposição “Não tens epitáfio, pois és bandeira”, sobre o desaparecido político e ex-deputado Rubens Paiva, a ser realizada quarta-feira (16), às 11 h, no Hall da Taquigrafia. Na ocasião, também será lançado o livro Segredo de Estado - o desaparecimento de Rubens Paiva, do jornalista e escritor Jason Tércio.

Rubens Paiva é um dos símbolos dos desaparecidos políticos brasileiros. Ex-deputado federal, empresário, cassado por defender o governo legítimo de João Goulart, pagou com sua vida pela solidariedade aos que eram perseguidos pela ditadura.

A mostra, iniciativa da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, com apoio da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, faz parte do projeto Direito à Memória e à Verdade e seu objetivo é resgatar a trajetória de vida e a obra do ex-deputado, desaparecido em 1971 durante o regime militar. A mostra já passou pelo Rio de Janeiro e agora traz à Câmara momentos da vida familiar e profissional de Rubens, assim como momentos na sua batalha pela democracia.

Comissão de Direitos Humanos

Rubens Beyrodt Paiva foi preso pela repressão em 20 de janeiro de 1971. Foi assassinado na tortura, sob comando do brigadeiro João Paulo Burnier, da Aeronáutica. Era casado com Eunice Paiva, com quem teve cinco filhos: Marcelo Rubens Paiva, escritor e jornalista, e quatro mulheresd: Vera Silvia Facciolla Paiva (psicóloga e professora); Maria Eliana Facciolla Paiva (jornalista, editora de arte e professora); Ana Lucia Facciolla Paiva (matemática e empresária); e Maria Beatriz Facciolla Paiva (psicóloga e professora).

Em 1962, Rubens Paiva foi eleito deputado federal pelo PTB. Ele integrou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava as atividades do IPES-IBAD, órgão que financiava palestrantes anti-comunistas no Brasil. A CPI descobriu que muitos cheques eram depositados nas contas de alguns militares. Com o golpe militar de 1964 seu mandato foi cassado.

Rubens Paiva se exilou na Iugoslávia e na França. Ousou voltar por conta própria ao Brasil e passou a exercer engenharia e a cuidar dos negócios. Fundou com o editor Fernando Gasparian o Jornal de Debates e foi diretor do Última Hora de São Paulo. Sempre mantinha contatos de solidariedade com os exilados.

Não era a favor da luta armada, nem pertencia a nenhuma organização de esquerda. Por erro de interpretação, agentes do DOI-CODI prenderam Rubens Paiva que, segundo eles, poderia saber onde estava o capitão Lamarca, o homem mais perseguido do país. Morreu na tortura.

Em 1996, o governo federal reconheceu Rubens Paiva legalmente como morto, mas, mesmo com a realização de escavações em locais em que possivelmente teria sido enterrado, seu corpo até hoje não foi encontrado.

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