13 de fevereiro de 2011
Apenas a TV-E comentou a demissão de Aguirre Peixoto pelo jornal A Tarde
A jornalista Malu Fontes, doutora em comunicação da UFBA e comentarista do programa TV-E Revista, provavelmente, foi a única pessoa a comentar a demissão do repórter Aguirre Peixoto, de A Tarde, por exigência de empresários da construção civil. Não deixa de ser irônico que exatamente a TV pública da Bahia tenha rompido o silêncio corporativo que a mídia se impõe nestas ocasiões.
Nem jornais, nem emissoras de TV transmitiram o fato, exceção para algumas emissoras de rádios, e a TV-E (cujo slogan é “A TV que você quer ver”). Na verdade, o grosso do conteúdo da notícia sobre a demissão do jornalista, por pressão das empreiteiras, foi produzido pelas redes sociais: twitter, facebook, blogs empresariais e pessoais.
O comentário da professora Malu Fontes foi ao ar dia 11 de fevereiro, no dia seguinte já estava no YouTube. Ela primeiro falou sobre a tendência do jornalismo de protestar sempre contra casos de censura à imprensa de parte do poder público. Quase nunca chama-se atenção para a responsabilidade da área privada, dos empresários. Nem sempre as notícias que mais se destacam nos bastidores dos meios de comunicação são aqueles efetivamente publicados.
Segundo ela, no Brasil adotou-se um método aleijado de se atribuir todo e qualquer tipo de censura ao poder público, aos políticos. Nas últimas eleições, por exemplo,, grande parte do debate girou em torno da suposta tentativa do governo em estabelecer o controle do conteúdo da mídia, caso Lula fizesse a sucessora, Dilma.
O argumento era a proposta de um marco regulatório para as novas formas de comunicação surgidas com as novas tecnologias como Internet, Ipad, celular etc. Passada a eleição hoje se tem clareza da necessidade dessa regulação. Mas ocorreu todo aquele clima de acusação contra o poder público, os políticos, o Congresso, de ameaça à liberdade de expressão.
Malu Fontes comentou que as pessoas se esquecem de que as genis (a personagem de Chico Buarque que todos jogam bosta) são sempre os governantes e os políticos, mas não olham para as mazelas e defeitos do mercado, dos empresários, da iniciativa privada. Afinal, não há corrupto sem corruptor. A corrupção é uma relação de dois lados.
Em Salvador (naquela semana), o fato mais relevante dos meios de comunicação esteve ausente das manchetes dos jornais e dos telejornais.Provavelmente, ninguém tomaria conhecimento da demissão do repórter Aguirre Peixoto se não fossem as redes sociais. Nos meios de comunicação empresariais privados reinou o silêncio. O repórter foi demitido por escrever sobre um fato corriqueiro em Salvador, onde as empreiteiras mandam e desmandam, como se não houvesse regulação para preservação do verde e da acessibilidade do trânsito.
As pessoas só ficaram sabendo do fato em função das redes sociais. Mas, o grande público, que consome informação pelos meios de comunicação tradicionais pouco ficou sabendo. Esse episódio dá bem a medida de que não é o poder público que devemos temer. Quando o governo pede a cabeça de um jornalista a mídia arma um escândalo, mas, quando é a iniciativa privada, os donos dos meios de comunicação impõem o silêncio.
VEJA O COMENTÁRIO DE MALU FONTES NO YOUTUBE
Nem jornais, nem emissoras de TV transmitiram o fato, exceção para algumas emissoras de rádios, e a TV-E (cujo slogan é “A TV que você quer ver”). Na verdade, o grosso do conteúdo da notícia sobre a demissão do jornalista, por pressão das empreiteiras, foi produzido pelas redes sociais: twitter, facebook, blogs empresariais e pessoais.
O comentário da professora Malu Fontes foi ao ar dia 11 de fevereiro, no dia seguinte já estava no YouTube. Ela primeiro falou sobre a tendência do jornalismo de protestar sempre contra casos de censura à imprensa de parte do poder público. Quase nunca chama-se atenção para a responsabilidade da área privada, dos empresários. Nem sempre as notícias que mais se destacam nos bastidores dos meios de comunicação são aqueles efetivamente publicados.
Segundo ela, no Brasil adotou-se um método aleijado de se atribuir todo e qualquer tipo de censura ao poder público, aos políticos. Nas últimas eleições, por exemplo,, grande parte do debate girou em torno da suposta tentativa do governo em estabelecer o controle do conteúdo da mídia, caso Lula fizesse a sucessora, Dilma.
O argumento era a proposta de um marco regulatório para as novas formas de comunicação surgidas com as novas tecnologias como Internet, Ipad, celular etc. Passada a eleição hoje se tem clareza da necessidade dessa regulação. Mas ocorreu todo aquele clima de acusação contra o poder público, os políticos, o Congresso, de ameaça à liberdade de expressão.
Malu Fontes comentou que as pessoas se esquecem de que as genis (a personagem de Chico Buarque que todos jogam bosta) são sempre os governantes e os políticos, mas não olham para as mazelas e defeitos do mercado, dos empresários, da iniciativa privada. Afinal, não há corrupto sem corruptor. A corrupção é uma relação de dois lados.
Em Salvador (naquela semana), o fato mais relevante dos meios de comunicação esteve ausente das manchetes dos jornais e dos telejornais.Provavelmente, ninguém tomaria conhecimento da demissão do repórter Aguirre Peixoto se não fossem as redes sociais. Nos meios de comunicação empresariais privados reinou o silêncio. O repórter foi demitido por escrever sobre um fato corriqueiro em Salvador, onde as empreiteiras mandam e desmandam, como se não houvesse regulação para preservação do verde e da acessibilidade do trânsito.
As pessoas só ficaram sabendo do fato em função das redes sociais. Mas, o grande público, que consome informação pelos meios de comunicação tradicionais pouco ficou sabendo. Esse episódio dá bem a medida de que não é o poder público que devemos temer. Quando o governo pede a cabeça de um jornalista a mídia arma um escândalo, mas, quando é a iniciativa privada, os donos dos meios de comunicação impõem o silêncio.
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