18 de novembro de 2010
Filme TROPA DE ELITE 2, ao desqualificar a política, prega autoritarismo e violência
A revista digital TERRA MAGAZINE publicou (17/11/2010) excepcional artigo do jornalista e escritor Emiliano José intitulado TROPA DE ELITE: A POLÍTICA É BELA.
A atuação de Wagner Moura é irretocável. O diretor José Padilha mantém a tensão do início ao fim. O discurso do narrador, coronel Nascimento, interpretado por Wagner Moura, entretanto, conduz o espectador a uma conclusão sobre o envolvimento da polícia no crime – a culpa é da política, vista como atividade criminosa. O filme desqualifica a política. Como na época da ditadura, a mensagem é a de que política não presta.
A narrativa do coronel Nascimento passa também outra mensagem. Com mais policiais bem treinados, incorruptíveis, dispostos a matar “corretamente”, a situação seria outra. Esta ideologia da segurança nós já vimos onde desemboca. “Lamento dizer que o filme carrega uma visão autoritária (...) e que não se queira isentar a obra de arte do envolvimento político”.
Embora os bopes sejam necessários, eles não vão resolver o problema da segurança. Sem política não há saída. Fora da política será sempre a barbárie. “Querer, no entanto, fazer acreditar que a solução está fora da política, que estaria localizada numa impensável polícia honesta e incorruptível fora da política, como uma solução técnica, é um equívoco imperdoável, que o filme claramente transmite como mensagem”.
As transformações necessárias à humanidade e à sociedade brasileira não são poucas. (...) Mas, inegavelmente, o Brasil tem mudado, e não é pouco. (...) E só tem mudado não porque há gestores tecnicamente competentes, não porque há policiais incorruptíveis, e sem dúvida há tudo isso, mas porque, sobretudo nos últimos oito anos, uma nova política se estabeleceu no Brasil, e esta nova política olhou para o nosso povo de outra maneira, com olhos de querer ver.
E a segurança é parte desse novo olhar. Mais do que armas, necessárias, mais do que policiais incorruptíveis, necessários, mais do que tudo isso, será preciso ir além, olhando para as causas mais profundas da violência, e isso só tem sido possível, só será possível pela política e no leito democrático. O outro caminho será sempre o do olho por olho, dente por dente. E isso sempre desembocou em ditadura. Que já está fora de moda, por mais que alguns, poucos, ainda sintam saudades.
LEIA NA ÍNTEGRA EM TERRA MAGAZINE
A atuação de Wagner Moura é irretocável. O diretor José Padilha mantém a tensão do início ao fim. O discurso do narrador, coronel Nascimento, interpretado por Wagner Moura, entretanto, conduz o espectador a uma conclusão sobre o envolvimento da polícia no crime – a culpa é da política, vista como atividade criminosa. O filme desqualifica a política. Como na época da ditadura, a mensagem é a de que política não presta.
A narrativa do coronel Nascimento passa também outra mensagem. Com mais policiais bem treinados, incorruptíveis, dispostos a matar “corretamente”, a situação seria outra. Esta ideologia da segurança nós já vimos onde desemboca. “Lamento dizer que o filme carrega uma visão autoritária (...) e que não se queira isentar a obra de arte do envolvimento político”.
Embora os bopes sejam necessários, eles não vão resolver o problema da segurança. Sem política não há saída. Fora da política será sempre a barbárie. “Querer, no entanto, fazer acreditar que a solução está fora da política, que estaria localizada numa impensável polícia honesta e incorruptível fora da política, como uma solução técnica, é um equívoco imperdoável, que o filme claramente transmite como mensagem”.
As transformações necessárias à humanidade e à sociedade brasileira não são poucas. (...) Mas, inegavelmente, o Brasil tem mudado, e não é pouco. (...) E só tem mudado não porque há gestores tecnicamente competentes, não porque há policiais incorruptíveis, e sem dúvida há tudo isso, mas porque, sobretudo nos últimos oito anos, uma nova política se estabeleceu no Brasil, e esta nova política olhou para o nosso povo de outra maneira, com olhos de querer ver.
E a segurança é parte desse novo olhar. Mais do que armas, necessárias, mais do que policiais incorruptíveis, necessários, mais do que tudo isso, será preciso ir além, olhando para as causas mais profundas da violência, e isso só tem sido possível, só será possível pela política e no leito democrático. O outro caminho será sempre o do olho por olho, dente por dente. E isso sempre desembocou em ditadura. Que já está fora de moda, por mais que alguns, poucos, ainda sintam saudades.
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