12 de março de 2009
“O aborto dos outros”, um documentário da atualidade
Pela importância que tem, pouco se fala do documentário da cineasta Carla Gallo intitulado “O aborto dos outros”. Por acaso, vi no jornal SBT Brasil, apresentado por Carlos Nascimento, algumas imagens numa reportagem sobre o aborto, ainda no rastro da estupidez do arcebispo de Olinda e Recife, que excomungou a equipe médica e a mãe da menina de nove anos que passou pelo procedimento previsto em lei, por ter engravidado (de gêmeos) depois de estuprada pelo padrasto. Como o representante de Deus aqui na terra não excomungou o estuprador, a decisão do religioso fanático provocou revolta, e ainda provoca, no mundo inteiro.
Se fosse um pouco antes, este escândalo estaria, com certeza, no documentário de Carla Gallo. O filme estreou em setembro de 2008. Durante três anos, ela pesquisou e acompanhou de perto, com uma câmara na mão, o drama das mulheres que optaram pela interrupção da gravidez, seguindo a norma técnica de “Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual Contra Mulheres e Adolescentes”, amparadas pela lei, ou de outras que optaram pelo aborto clandestino e suas terríveis conseqüências. No filme, o médico Jefferson Drezet calcula que 70 mil mulheres morram por ano, no mundo, em decorrência dos abortos inseguros. Uma a cada sete minutos.
Embora o aborto seja crime no Brasil, em duas circunstâncias o Código Penal Brasileiro garante o aborto legal: em caso de estupro ou em caso de situação de risco à vida da mulher. Entretanto, a ignorância, o preconceito e a influência de religiosos fundamentalistas acabam impedindo que as mulheres tenham acesso ao serviço médico, que é um direito. Os próprios médicos se confundem.
O filme “O aborto dos outros” documenta vários ângulos da questão. A vergonha, a represália da sociedade e do agressor, o medo e a dor. Há médicos que não aceitaram depor sobre o atendimento que prestam às mulheres vítimas de violência sexual, porque escondem o fato de suas famílias, amigos e vizinhos. Há delegados que sequer sabem da existência do artigo 128 do Código Penal, que garante à mulher o direito ao abortamento em caso de violência sexual e risco à vida. Há enfermeiras e agentes de saúde que hostilizam as mulheres que procuram informação e socorro.
O documentário aborda, inclusive, a questão da pílula do dia seguinte, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Federação Brasileira de Ginecologia atestam cientificamente que não é abortiva, mas que certa mídia continua a chamar de pílula abortiva, alimentando a negativa carga moralista e religiosa sobre essa grave questão de saúde pública.
O filme de Carla Gallo faz a pergunta certa: criminalizar o aborto está resolvendo? Os números comprovam a injustiça que é a condenação de uma pessoa que faz aborto. Legalizar o aborto é assegurar uma política de atendimento médico, com acompanhamento social e psicológico, é tirar da marginalidade as mulheres que optaram por este duro caminho.
Todo o Brasil precisa ver o documentário “O aborto dos outros”. Fiquei feliz com as declarações do presidente Lula e do ministro da Saúde, José Temporão. Eles não se dobraram às pressões de uma Igreja Católica fanática e de parlamentares obtusos e anti-povo e apoiaram o processo de abortamento legal indicado pela Medicina à criança de nove anos violentada.
Se fosse um pouco antes, este escândalo estaria, com certeza, no documentário de Carla Gallo. O filme estreou em setembro de 2008. Durante três anos, ela pesquisou e acompanhou de perto, com uma câmara na mão, o drama das mulheres que optaram pela interrupção da gravidez, seguindo a norma técnica de “Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual Contra Mulheres e Adolescentes”, amparadas pela lei, ou de outras que optaram pelo aborto clandestino e suas terríveis conseqüências. No filme, o médico Jefferson Drezet calcula que 70 mil mulheres morram por ano, no mundo, em decorrência dos abortos inseguros. Uma a cada sete minutos.
Embora o aborto seja crime no Brasil, em duas circunstâncias o Código Penal Brasileiro garante o aborto legal: em caso de estupro ou em caso de situação de risco à vida da mulher. Entretanto, a ignorância, o preconceito e a influência de religiosos fundamentalistas acabam impedindo que as mulheres tenham acesso ao serviço médico, que é um direito. Os próprios médicos se confundem.
O filme “O aborto dos outros” documenta vários ângulos da questão. A vergonha, a represália da sociedade e do agressor, o medo e a dor. Há médicos que não aceitaram depor sobre o atendimento que prestam às mulheres vítimas de violência sexual, porque escondem o fato de suas famílias, amigos e vizinhos. Há delegados que sequer sabem da existência do artigo 128 do Código Penal, que garante à mulher o direito ao abortamento em caso de violência sexual e risco à vida. Há enfermeiras e agentes de saúde que hostilizam as mulheres que procuram informação e socorro.
O documentário aborda, inclusive, a questão da pílula do dia seguinte, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Federação Brasileira de Ginecologia atestam cientificamente que não é abortiva, mas que certa mídia continua a chamar de pílula abortiva, alimentando a negativa carga moralista e religiosa sobre essa grave questão de saúde pública.
O filme de Carla Gallo faz a pergunta certa: criminalizar o aborto está resolvendo? Os números comprovam a injustiça que é a condenação de uma pessoa que faz aborto. Legalizar o aborto é assegurar uma política de atendimento médico, com acompanhamento social e psicológico, é tirar da marginalidade as mulheres que optaram por este duro caminho.
Todo o Brasil precisa ver o documentário “O aborto dos outros”. Fiquei feliz com as declarações do presidente Lula e do ministro da Saúde, José Temporão. Eles não se dobraram às pressões de uma Igreja Católica fanática e de parlamentares obtusos e anti-povo e apoiaram o processo de abortamento legal indicado pela Medicina à criança de nove anos violentada.