22 de julho de 2008

 

Pimentel e Aécio não precisavam ler o que saiu hoje na Folha

Coluna: Eliane Cantanhede
Título: Jô Moraes

Folha de S. Paulo - 22/7/2008

Você já ouviu falar em Jô Moraes? Nem eu. Mas ela é deputada federal e está em primeiro lugar nas pesquisas para a Prefeitura de Belo Horizonte, contra tudo, contra todos e muito particularmente contra o governador Aécio Neves, do PSDB, e o prefeito da capital, Fernando Pimentel, do PT.

Jô Moraes parece ter tudo contra. Mulher e paraibana num Estado machista e bairrista, é filiada ao PCdoB, partido pequeno e um tanto extemporâneo, e enfrenta dois Golias. Mesmo que acabe perdendo a eleição - o que parece muito mais natural até onde a vista alcança -, ela já fez uma proeza.

E uma proeza sobretudo por chacoalhar a espetacular aliança tucano-petista, construída à revelia da cúpula nacional do PT e dos ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência). Ilustres desconhecidos no cenário nacional, os dois são bastante influentes em Minas, onde tentam ocupar o vácuo de liderança, essa, sim, efetiva e forte, do ex-prefeito Célio de Castro, afastado da política por um derrame em 2001 e morto no domingo.

Aécio e Pimentel enfrentaram todas as resistências, mantiveram a união e lançaram o nome de Márcio Lacerda, do PSB, para ser "imbatível". Mas ele está em... terceiro lugar! Em resumo, fizeram das tripas coração para chegar a uma vitória acachapante e cheia de significado sobre a conturbada relação atual e as possibilidade futuras entre PSDB e PT, mas não contavam com isso: a força deletéria da divisão petista sobre o ânimo do eleitorado e a emergência de Jô Moraes.

E o vice José Alencar? Dizem que também está com ela. Minas, portanto, continua produzindo os melhores momentos desta eleição. A espetacular costura PT-PSDB, o ciúme dos ministros mineiros, a surpresa da líder das pesquisas. É difícil Aécio e Pimentel perderem essa. Mas, se perderem, vai ser um vexame histórico.

Comments:
Oldack, o pessoal que apóia a coligação encabeçada por Jô, reagiu às vilezas ditas pela tal amargurada eliane catanhede. Ótimo!

23 DE JULHO DE 2008 -
Apoiadores de Jô Moraes respondem à Eliane Cantanhêde
http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=40861

Um grupo de eleitores de Belo Horizonte reagiu ao artigo da jornalista Eliane Cantanhêde publicado na edição da última terça-feira (22) no jornal Folha de S. Paulo. Sob o pretexto de analisar a campanha eleitoral na capital mineira e destacar a liderança da candidata comunista Jô Moraes (PCdoB) na disputa pela prefeitura de BH, Cantanhêde desfia um texto eivado de ironias e até mesmo preconceitos. O artigo da jornalista começa perguntando ao leitor se ele conhece Jô Moraes. E o grupo de apoiadores de Jô Moares responde que conhece sim a candidata comunista e lista as diversas contribuições que ela deu para o Brasil em geral e para o povo de Minas Gerais em particular, ao longo de sua trajetória de mais de 30 anos de atuação política.

Veja, abaixo, o texto divulgado pelos eleitores e, em seguida, o texto publicado pela jornalista Eliane Cantanhêde.

Você já ouviu falar em Eliane Cantanhêde? Não?? Nem nós!

Ela não é conhecida na imprensa mineira, talvez apenas em São Paulo.

Ela desconhece a trajetória política e pessoal de Jô Moraes. Mas vamos ajudá-la.

Jô Moraes é uma paraibana sim, nascida em uma cidade portuária, Cabedelo, e escolheu Belo Horizonte não por acaso, mas fugindo da ditadura militar. Passou por vários estados como Pernambuco e São Paulo até que, em BH, foi acolhida por uma cidade solidária. Aqui construiu família e uma carreira política pautada pela ética, reconhecida pelo povo belorizontino, que lhe concedeu o Título de Cidadã Belorizontina. Além disso, Jô é parlamentar há 12 anos: foi vereadora por 2 mandatos, deputada estadual por 1 mandato e eleita deputada federal por mais de 110 mil mineiros, sendo a deputada mais votada da esquerda em BH. Isso é pouco? Desde a década de 70, quando chegou em Minas, vem se dedicando à luta das mulheres; participou da criação do Conselho Estadual da Mulher, em 1982; foi fundadora e a primeira presidente do Movimento Popular da Mulher, entidade emancipacionista que surgiu nos anos 80 em BH; foi fundadora, também, da União Brasileira de Mulheres, entidade nacional que luta pelos direitos da mulher. Preside, em Minas Gerais, o PCdoB, um partido pequeno, sim, mas combativo, que tem uma militância qualificada e propostas ousadas. É, também, líder do PCdoB na Câmara dos Deputados.

Uma coisa que existe em Minas, e Cantanhêde desconhece, é o respeito pela história políitca e partidária. Luís Dulci, nos anos 80, foi uma liderança de expressão no movimento sindical, articulador da campanha que levou Lula ao Planalto e Ministro de Estado.

Patrus foi vereador em BH de 1989 a 1992 sendo eleito, em seguida, prefeito da cidade em uma gestão até hoje marcada na lembrança do povo pela inversão de prioridades e a introdução da democracia participativa. Tanto é que foi o deputado federal mais votado da história de Minas, com mais de 500 mil votos.

Se a Sra. Cantanhêde desconhece, Célio de Castro foi vice-prefeito de BH na gestão de Patrus Ananias, eleito prefeito, em seguida, com o apoio de Patrus, existindo uma relação fraterna e de mútuo respeito que perdurou até a morte do Dr. Célio.

A ''ilustre desconhecida Jô Moraes'' participou da formatação dessa gestão popular, que começou em 1992, sendo parceira de Célio de Castro há mais de 30 anos, ainda na clandenstinidade do Partido Comunista, ao qual o Dr. Célio foi filiado e militante quando presidente do Sindicato dos Médicos.

Ilustre desconhecido para o povo mineiro, Sra Cantanhêde, é o candidato apoiado pela ''espetacular'' coligação PT/PSDB. Tão desconhecido que, mesmo com o apoio de duas máquinas administrativas, até o momento não passa dos 8% das intenções de voto.

Uma jornalista, que pretende fazer análises de conjuntura de outras cidades, deveria, no mínimo, se esforçar para conhecer a história política da cidade da qual se fala e não se deixar levar por uma aliança de interesses pessoais, essa sim, esdrúxula e contrária a um projeto democrático-popular que vem sendo desenvolvido na cidade de Patrus e Célio desde os idos de 1992.

Ao que parece, incomoda muito à Sra. Cantanhêde o fato de Jô Moraes ser mulher, comunista e líder nas pesquisas de intenção de votos da 3ª capital do país.

Cláudia Pessoa, Clarice Barreto, Célio de Castro van Geleuken e Gabriel Barreto - Cidadãos de Belo Horizonte
 
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