21 de julho de 2008

 

Anúncios na TV estimulam a má alimentação, revista Veja não está nem aí

O jornal A Tarde (20/07/08), de Salvador, publica uma reportagem bem fundamentada sobre anúncios na TV que estimulam a má alimentação, com base numa pesquisa feita pelo Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição (Opsan), da Universidade de Brasília. A pesquisa revela que 72% das peças publicitárias de alimentos veiculam mensagens de produtos de altos teores de gorduras trans, açúcares e sal, que fazem mal à saúde.

Já revista Veja (23/07/08), em sua total irresponsabilidade de sempre, defende em editorial “a publicidade livre e responsável” com um argumento de má fé: “a publicidade não causa obesidade, alcoolismo ou acidente de trânsito”. A revista Veja aplaude a criação de uma tal Frente Parlamentar da Comunicação Social para”combater a sanha regulatória que deseja pôr obstáculos à circulação de informações no âmbito da propaganda”. Em resumo, a revista Veja não quer normas e regulamentos em defesa da saúde da população.

A pesquisa da Universidade de Brasília analisou 128.525 peças publicitárias colhidas em 4.108 horas de televisão. As propagandas chamam atenção para fast food, guloseimas, sorvetes, refrigerantes e biscoitos doces. Estes alimentos provocam crescente e assustador índice de doenças crônicas como obesidade, hipertensão e diabetes. A publicidade mira nos horários de programas infantis, onde 50% das peças publicitárias são de alimentos. É preciso conscientizar as pessoas sobre a necessidade de se alimentar bem, mas, como a família e a escola vão concorrer com a televisão?

A revista Veja pelo menos tem a cara-de-pau de reconhecer em editorial que é a publicidade que viabiliza, do ponto de vista financeiro, a liberdade de imprensa e a difusão de cultura e entretenimento. Aí está a coisa. Viabilização financeira. Cerca de 15% do total de peças publicitárias nas revistas relacionam-se a produtos alimentícios. Nas revistas infantis a propaganda de alimentos chega a 18%.

De um lado, está o Ministério da Saúde, apresentando pesquisas para que o Parlamento aprove regulamentações, normas legais. Em muitos países a publicidade de alimentos em TV já é proibida. Em outros há controles de horários.

Do outro lado está a revista Veja, a serviço de indústrias poderosas, que não se importam de prejudicar a saúde da população. É preciso ficar de olho no lobby da mídia e da indústria de alimentos. A saúde da população é um dos pilares da democracia. A revista Veja vira isso pelo avesso. Para ela, a publicidade sem regras é um dos pilares da democracia.

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