22 de julho de 2008

 

Emiliano conta como foi seu encontro com Jesus Cristo, o torturador

Entremeando citações do livro "Sem Sangue", de Alessandro Baricco, o ex-preso político Emiliano José lembra a angústia que sofreu ao ser avisado de que iria ser removido para São Paulo. Na Penitenciária Lemos Brito, da Bahia, ser avisado de alguma viagem era o mesmo que voltar para a tortura. Ele se preparou para o pior. Eram dias nervosos. A ditadura caçava Lamarca no sertão da Bahia. Com medo, muito medo foi tranportado num camburão até a Base Aérea de Salvador. Entrou no avião militar e lá estava Fleury. Não teve dúvidas. Estava voltando para a OBAN, para a tortura.

Algemado, ouviu um policial chamar: Jesus Cristo. Era o torturador Dirceu Gravina. Ao ler a revista CartaCapital Emiliano o reconheceu pela foto. Então ele tinha participado da caçada a Lamarca? Emiliano ficou ouvindo. Eles tinham medo do capitão Lamarca. Falavam de medo. O avião fez uma escala no Rio. O torturador Jesus Cristo continuou no avião.

Emiliano desembarcou em São Paulo e foi para a OBAN. O medo era voltar para a tortura. Conseguiria agüentar novamente sem falar? Corria 1971. No final do ano Emiliano estava de volta à Bahia, à Penitenciária Lemos Brito onde ficou por quatro anos. O relato do terror está no artigo intitulado "Sem Sangue", publicado no site da revista CartaCapital.

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Comments:
Eu tmb publiquei o artigo. Amigo, sou sempre solidária e comovida com a sua trajetória política e do Emiliano José. Impecáveis. Solidários. Queridos Revolucionários.

Abraço.
 
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