12 de março de 2008

 

“Há algo de insano na revista Veja”

O estudo das atividades político-comerciais da revista Veja, que seu autor, Luis Nassif, batizou dossiê, causa a repercussão merecida. Antes de mais nada, porque Nassif pertence à restrita categoria dos jornalistas habilitados a diferenciar a verdade factual das suas opiniões e venetas de cada dia.

Ou por outra: bem ao contrário de alguns freqüentadores das páginas da semanal da Editora Abril, Nassif não acusa sem prova e muito menos calunia. No canto oposto, está uma publicação que se esmera em comportamentos reacionários de extrema agressividade, mascarada de denúncia das mazelas do mundo, a transitar, de fato, entre o provincianismo do falso intelectual e o furor do recalcado.

Veja porta-se como se estivesse acima da verdade factual. Quem sabe, Roberto Civita seja tentado a dizer, com a candura de quem alimenta apenas certezas, “a verdade sou eu”. Mas o dossiê de Luis Nassif desfia tramas variadas, urdidas pela Editora Abril a serviço de insondáveis cruzadas contra o senso comum, a inteligência e a ética. E a própria história (com H grande).

Há algo de insano nas atitudes de Veja. Certo é, porém, que Luis Nassif não precisa de apoio para conduzir seu estudo. Trata-se de um profissional talentoso, competente, responsável e de estilo próprio. De minha parte, limito-me a lamentar a parábola da revista, esta frase descendente a mirar no fundo do poço. Haverá quem alegue sua elevadíssima tiragem para demonstrar-lhe o êxito. No entanto, cabe outro ponto de vista: demonstra a confusão reinante na chamada classe média brasileira.

Editorial da revista Carta Capital (Mino Carta).

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