11 de março de 2008

 

A manchete da Folha parecia mui bem intencionada

Esse negócio de “liberdade de imprensa” à brasileira vai longe. A Folha de S. Paulo publicou reportagem dia 8 de março sobre supostas irregularidades da multinacional Brenco que iniciou, em fevereiro, o plantio de 35 mil hectares de cana-de-açucar em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Parecia que a reportagem estava defendendo os interesses dos 3.500 trabalhadores empregados pela Brenco.

Entretanto, fiquei de cabelo-em-pé com um Informe Publicitário de meia página publicada nesta terça-feira (11) na página A-11 da editoria Mundo. A Brenco teve que PAGAR meia página (quanto custa?) para fazer esclarecimentos.

A Brenco esclarece que é uma empresa brasileira, voltada para produção de etanol e co-geração de energia elétrica, tendo como acionistas investidores brasileiros e estrangeiros.

A Brenco esclarece que Bill Clinton NÃO é sócio da empresa, que o capital social é detido por fundos de investimento e pessoas físicas, dentre as quais figuram membros da família Clinton, esclarece que o casal Clinton detém quotas do Fundo Yucaipa LLC que, por sua vez, detém 2% do capital social da Brenco e que a família Clinton não detém participação direta no capital da empresa nem tampouco na administração.

Ora. Se a Folha de S. Paulo fez afirmações equivocadas sobre a Brenco, caberia à Folha de S. Paulo abrir espaço para os esclarecimentos necessários provocados pela reportagem.

Quando a Folha aceita matéria paga de meia página a título de Informe Publicitário para esclarecimentos de afirmações feitas pela própria Folha, parece muito estranho.

Cheira a extorsão. Reportagens justiceiras agora dão dinheiro para jornalões.

Realmente, o país precisa de uma nova Lei de Imprensa para que o mundo empresarial e o cidadão comum não fiquem à mercê de chantagens.

A Brenco tem dinheiro para PAGAR à Folha. Mas, e eu?

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