1 de fevereiro de 2008

 

À revista Caros Amigos Luis Fernando Veríssimo fala o que pensa sobre o presidente Lula

A revista Caros Amigos (janeiro) que está nas bancas entrevistou o jornalista e cronista Luis Fernando Veríssimo. Cara inteligente, não aceitou fazer o jogo da pergunta capciosa do jornalista Marcos Zibordi sobre o presidente Lula. Zibordi perguntou se ele compartilhava da opinião "quase unânime" de que o presidente Lula é analfabeto e precisa ler. Também respondeu na bucha pergunta sobre o cenário da esquerda na América Latina feita por Renato Pompeu.

LEIA A PERGUNTA CAPCIOSA E A RESPOSTA:

MARCOS ZIBORDI - Você compartilha da opinião quase unânime de que o presidente Lula é analfabeto e precisa ler?

LUIS FERNANDO VERÍSSIMO - Olha, com algumas exceções, como o Costa e Silva, que confundia latrocínio com laticínio, fomos sempre governados por homens letrados, muitos deles intelectuais de nome, que conseguiram construir o país mais desigual e injusto do mundo sem cometer um erro de concordância.

LEIA A PERGUNTA SOBRE A ESQUERDA:

RENATO POMPEU - Você é muitas vezes apontado como esquerdista. O que acha de Cuba, Venezuela, Bolívia e Equador? Como você qualificaria o estado atual da esquerda no Brasil em geral e o governo Lula em particular?

LUIS FERNANDO VERÍSSIMO - No Brasil temos o mau hábito de exigir opiniões absolutas sobre tudo. Talvez porque as opiniões relativas pareçam vir de cima do muro. Mas você pode achar certas coisas em Cuba admiráveis, como a independência que conseguem manter ali embaixo do focinho dos Estados Unidos e o que, apesar de tudo, conquistaram em matéria de saúde pública e educação, e achar outras lamentáveis, como a falta de pluralidade política e a presidência vitalícia do Fidel. Entende-se que a direita brasileira seja obcecada por Cuba e, agora, pelo Chávez, mas não é preciso imitar sua radicalidade, a favor ou contra. A mesma coisa vale para os Estados Unidos, que são admiráveis e execráveis, dependendo do que você está falando. O governo Lula, a mesma coisa, só que nesse caso a gente tende a ser mais a favor do que contra para não engrossar o coro dos reacionários, que já é suficientemente grosso. Esse tal de novo populismo na América do Sul é importante menos pelo que é do que pela sua origem, o fracasso de políticas neoliberais recentes em cima de todos os anos de descaso social das elites do continente, que agora têm que enfrentar os Chaves e os Morales e outros monstros que criou. O novo populismo, ou como quer que se chame isso, também tem seu lado animador e seu lado discutível, além do seu lado precário. Já a esquerda brasileira continua como sempre foi, dividida.

A ENTREVISTA ESTÁ ÓTIMA. RECOMENDO A LEITURA.

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