4 de setembro de 2007

 

Direito à memória e à verdade

Vou morrer sem me reconciliar com o Exército Brasileiro. Nem em desfile do Sete de Setembro eu vou. Se eu fosse militar e oficial do Exército Brasileiro teria muita vergonha.

Não compreendo como os atuais comandantes das três armas conseguem conviver com a defesa da tortura e da morte no período da ditadura militar.

A recusa em participar da cerimônia de lançamento do livro-documento “Direito à memória e à verdade” na prática significa que os atuais comandantes militares apóiam os horrores praticados nos subterrâneos dos quartéis. Qual outro motivo poderia haver?

Na ditadura militar a tortura era o método de interrogatório, não era exceção. A tortura e maus tratos causaram a morte de dezenas de oposicionistas do regime. Os torturadores mataram gente inocente como o jornalista Wladimir Herzog. Executaram friamente guerrilheiros capturados com vida, como o capitão Carlos Lamarca. Estupraram mulheres, abusaram sexualmente de homens. Decapitaram e esquartejaram prisioneiros. Ocultaram cadáveres porque tinham consciência de seus crimes.

O livro-documento é o resultados de 11 anos de trabalhos da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos do Ministério da Justiça. Está tudo muito bem documentado. Parece até que os comandantes militares apóiam a eternização do método da tortura. Protegem criminosos que violaram direitos humanos.

O argumento segundo o qual o livro-documento não trata das mortes causadas pelos rebelados combatentes não resiste à lógica. Soldados e agentes que morreram perseguindo guerrilheiros estavam a serviço do Estado Totalitário, ganhavam para isso, sabiam dos riscos, não precisam ser indenizados e seus corpos não desapareceram. Os comandantes militares precisam parar de proteger criminosos de um tempo que já se foi.

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