26 de fevereiro de 2007
Franklin Martins acha que Walter Pinheiro ainda pode ser ministro
O jornalista Franklin Martins, conhecido por seus comentários independentes, analisa o estágio atual da montagem do ministério do segundo Governo Lula. O anúncio da nova equipe será anunciado oficialmente em meados de março, logo após a eleição da nova direção do PMDB.
Franklin Martins cita os ministérios que já estão equacionados. “Para o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o nome mais forte é o de Walter Pinheiro, da Bahia, deputado mais votado nacionalmente do PT”. Ou seja, Franklin Martins não está entre os que já descartaram o nome de Walter Pinheiro.
Leia o artigo na íntegra:
Reforma ministerial: problemas são menores do que parecem
por Franklin Martins
Colaboradores diretos de Lula acreditam que a reforma ministerial será anunciada na semana que vem, na quinta ou na sexta-feira. O presidente já teria boa parte das mudanças equacionadas e estaria consciente de que os problemas pendentes são daqueles que só tendem a se agravar se ficarem expostos à ação do tempo. Tem razão: reforma ministerial é feito peixe. Depois de alguns dias fora da geladeira, o cheiro é insuportável.
Comecemos pelos ministérios que já estão equacionados. Na cozinha do Palácio do Planalto e no núcleo da equipe econômica permanecem os atuais titulares: Casa Civil (Dilma Roussef), Secretaria-Geral da Presidência (Luiz Dulci), Fazenda (Guido Mantega), Planejamento (Paulo Bernardo) e Banco Central (Henrique Meirelles). Também continuam onde estão os ministros das Relações Exteriores (Celso Amorim), da Cultura (Gilberto Gil), do Meio Ambiente (Marina Silva), do Desenvolvimento Social (Patrus Ananias), do Trabalho (Luiz Marinho), do Turismo (Walfrido Mares Guia), das Comunicações (Hélio Costa), das Minas e Energia (Silas Rondeau), da Ciência e Tecnologia (Sérgio Resende) e do Esporte (Orlando Silva). Tudo indica que Tarso Genro será o próximo ministro da Justiça e que Alfredo Nascimento retornará aos Transportes.
Ao todo, portanto, são dezessete pastas em que o problema está resolvido.
Se deixarmos de lado as secretarias especiais (Igualdade Racial, Direitos da Mulher, Direitos Humanos e Pesca), que de ministério só têm o status, e algumas pastas internas, como Advocacia-Geral da União, Corregedoria e Segurança Institucional, restam na prática apenas dez áreas a descoberto: Articulação Institucional, Defesa, Agricultura, Desenvolvimento, Desenvolvimento Agrário, Educação, Integração Nacional, Cidades, Previdência e Saúde.
Quatro delas podem sair da zona de disputa sem maiores traumas. Se o ministro Luiz Fernando Furlan quiser, seguirá comandando o Ministério do Desenvolvimento. Furlan tem dados sinais desencontrados sobre suas intenções, mas muita gente no Palácio do Planalto aposta na sua permanência.
Para o Desenvolvimento Agrário, o nome mais forte é o de Walter Pinheiro, da Bahia, deputado mais votado nacionalmente do PT.
Para a Articulação Institucional fala-se na possibilidade de que o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, venha a acumular a função, relativamente esvaziada com a criação do Conselho Político dos presidentes dos partidos da coalizão governista.
No caso da Defesa, que geralmente não desperta maior interesse dos partidos, Lula busca um nome de perfil mais institucional do que político.
Os problemas, portanto, tendem a se concentrar em seis pastas: Educação, Integração Nacional, Cidades, Saúde, Previdência e Agricultura. E esses problemas existem em função do quebra-cabeças político.
Resumidamente, os interesses do PTB, do PR (ex-PL), do PV e do PCdoB já estão adequadamente contemplados nas demais pastas. Se o PDT ficar com Previdência, como parece provável, também. Se o PP mantivesse Cidades, como pretende, seria um problema a menos.
A questão é que o PT insiste em colocar Martha Suplicy no ministério. Inicialmente, mirou na pasta da Educação, mas Lula deu sinais de que não vai tirar do cargo o também petista Fernando Haddad, com quem está muito satisfeito. As atenções do PT então se dirigiram para o Ministério das Cidades. Mas se Lula atender o pleito, provocaria um efeito-dominó em outras pastas. Onde alojaria o PP? Fala-se na Agricultura, mas muita gente aposta que Lula prefere convocar um nome de peso do agro-negócio para comandar a pasta – um Roberto Rodrigues II.
Além desse contencioso com o PT, Lula tem de resolver se dá ou não uma segunda pasta ao PSB, que, além de Ciência e Tecnologia, hoje comanda também a Integração Nacional. No plano de vôo inicial da reforma, Lula pretendia passar esse último ministério para Geddel Vieira Lima, do PMDB da Bahia, mas os socialistas voltaram à carga nos últimos dias. O mais provável é que recebam compensação em outra área, a menos que Ciro Gomes resolva voltar para o ministério.
Mas Ciro não quer deixar a Câmara, onde diz que está feliz. O argumento de Lula é de que a Integração Nacional cabia a Ciro como personalidade, como ex-candidato a presidente, e não ao partido. Vamos ver se a história cola.
No PMDB, existe ainda a questão da Saúde. Lula quer emplacar o médico sanitarista José Gomes Temporão, técnico respeitado e filiado ao PMDB. Mas a bancada do partido na Câmara admite, quando muito, que Temporão seja o secretário-executivo, o número um da máquina, nunca o ministro. Quer o cargo para um médico-deputado.
Como se vê, os problemas do presidente resumem-se a um ajuste com o PMDB e a uma conversa franca e difícil com Martha e Ciro – por sinal, os dois nomes mais falados para 2010.
São problemas difíceis de resolver? Sem dúvida, mas nenhum bicho de sete cabeças para um presidente que acabou de ser reeleito com votação expressiva e está no auge da popularidade.
Como se diz entre os políticos, para um presidente que está com caneta cheia de tinta.
Fonte: IG
Franklin Martins cita os ministérios que já estão equacionados. “Para o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o nome mais forte é o de Walter Pinheiro, da Bahia, deputado mais votado nacionalmente do PT”. Ou seja, Franklin Martins não está entre os que já descartaram o nome de Walter Pinheiro.
Leia o artigo na íntegra:
Reforma ministerial: problemas são menores do que parecem
por Franklin Martins
Colaboradores diretos de Lula acreditam que a reforma ministerial será anunciada na semana que vem, na quinta ou na sexta-feira. O presidente já teria boa parte das mudanças equacionadas e estaria consciente de que os problemas pendentes são daqueles que só tendem a se agravar se ficarem expostos à ação do tempo. Tem razão: reforma ministerial é feito peixe. Depois de alguns dias fora da geladeira, o cheiro é insuportável.
Comecemos pelos ministérios que já estão equacionados. Na cozinha do Palácio do Planalto e no núcleo da equipe econômica permanecem os atuais titulares: Casa Civil (Dilma Roussef), Secretaria-Geral da Presidência (Luiz Dulci), Fazenda (Guido Mantega), Planejamento (Paulo Bernardo) e Banco Central (Henrique Meirelles). Também continuam onde estão os ministros das Relações Exteriores (Celso Amorim), da Cultura (Gilberto Gil), do Meio Ambiente (Marina Silva), do Desenvolvimento Social (Patrus Ananias), do Trabalho (Luiz Marinho), do Turismo (Walfrido Mares Guia), das Comunicações (Hélio Costa), das Minas e Energia (Silas Rondeau), da Ciência e Tecnologia (Sérgio Resende) e do Esporte (Orlando Silva). Tudo indica que Tarso Genro será o próximo ministro da Justiça e que Alfredo Nascimento retornará aos Transportes.
Ao todo, portanto, são dezessete pastas em que o problema está resolvido.
Se deixarmos de lado as secretarias especiais (Igualdade Racial, Direitos da Mulher, Direitos Humanos e Pesca), que de ministério só têm o status, e algumas pastas internas, como Advocacia-Geral da União, Corregedoria e Segurança Institucional, restam na prática apenas dez áreas a descoberto: Articulação Institucional, Defesa, Agricultura, Desenvolvimento, Desenvolvimento Agrário, Educação, Integração Nacional, Cidades, Previdência e Saúde.
Quatro delas podem sair da zona de disputa sem maiores traumas. Se o ministro Luiz Fernando Furlan quiser, seguirá comandando o Ministério do Desenvolvimento. Furlan tem dados sinais desencontrados sobre suas intenções, mas muita gente no Palácio do Planalto aposta na sua permanência.
Para o Desenvolvimento Agrário, o nome mais forte é o de Walter Pinheiro, da Bahia, deputado mais votado nacionalmente do PT.
Para a Articulação Institucional fala-se na possibilidade de que o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, venha a acumular a função, relativamente esvaziada com a criação do Conselho Político dos presidentes dos partidos da coalizão governista.
No caso da Defesa, que geralmente não desperta maior interesse dos partidos, Lula busca um nome de perfil mais institucional do que político.
Os problemas, portanto, tendem a se concentrar em seis pastas: Educação, Integração Nacional, Cidades, Saúde, Previdência e Agricultura. E esses problemas existem em função do quebra-cabeças político.
Resumidamente, os interesses do PTB, do PR (ex-PL), do PV e do PCdoB já estão adequadamente contemplados nas demais pastas. Se o PDT ficar com Previdência, como parece provável, também. Se o PP mantivesse Cidades, como pretende, seria um problema a menos.
A questão é que o PT insiste em colocar Martha Suplicy no ministério. Inicialmente, mirou na pasta da Educação, mas Lula deu sinais de que não vai tirar do cargo o também petista Fernando Haddad, com quem está muito satisfeito. As atenções do PT então se dirigiram para o Ministério das Cidades. Mas se Lula atender o pleito, provocaria um efeito-dominó em outras pastas. Onde alojaria o PP? Fala-se na Agricultura, mas muita gente aposta que Lula prefere convocar um nome de peso do agro-negócio para comandar a pasta – um Roberto Rodrigues II.
Além desse contencioso com o PT, Lula tem de resolver se dá ou não uma segunda pasta ao PSB, que, além de Ciência e Tecnologia, hoje comanda também a Integração Nacional. No plano de vôo inicial da reforma, Lula pretendia passar esse último ministério para Geddel Vieira Lima, do PMDB da Bahia, mas os socialistas voltaram à carga nos últimos dias. O mais provável é que recebam compensação em outra área, a menos que Ciro Gomes resolva voltar para o ministério.
Mas Ciro não quer deixar a Câmara, onde diz que está feliz. O argumento de Lula é de que a Integração Nacional cabia a Ciro como personalidade, como ex-candidato a presidente, e não ao partido. Vamos ver se a história cola.
No PMDB, existe ainda a questão da Saúde. Lula quer emplacar o médico sanitarista José Gomes Temporão, técnico respeitado e filiado ao PMDB. Mas a bancada do partido na Câmara admite, quando muito, que Temporão seja o secretário-executivo, o número um da máquina, nunca o ministro. Quer o cargo para um médico-deputado.
Como se vê, os problemas do presidente resumem-se a um ajuste com o PMDB e a uma conversa franca e difícil com Martha e Ciro – por sinal, os dois nomes mais falados para 2010.
São problemas difíceis de resolver? Sem dúvida, mas nenhum bicho de sete cabeças para um presidente que acabou de ser reeleito com votação expressiva e está no auge da popularidade.
Como se diz entre os políticos, para um presidente que está com caneta cheia de tinta.
Fonte: IG