18 de outubro de 2006

 

Na Bahia, o fim de um reinado

Na Bahia, o fim de um reinado - Por Alberto Dines em 17/10/2006
Editorial do programa Observatório da Imprensa na TV nº 394, no ar em 17/10/2006.

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Os resultados do primeiro turno trouxeram muitas surpresas. Uma delas, de grande significado histórico, foi tratada de forma, digamos, comedida. A derrota do senador Antônio Carlos Magalhães não significa apenas o fim de um poderoso clã regional, o carlismo. Representa também o fim de uma era na grande imprensa nacional.

Chamado de vice-rei da Bahia, ACM foi um dos controladores da mídia brasileira nos últimos 30 anos. Sempre nas sombras. Deu as cartas durante a ditadura, a distensão e mesmo depois da redemocratização. Tinha ligação direta com os donos de jornais e revistas, mas também com os mais importantes jornalistas, aos quais alimentava com notícias exclusivas.

Como ministro das Comunicações no governo Sarney, ACM iniciou a farta distribuição de canais de rádio e TV aos políticos aliados e às empresas de comunicação amigas, o que explica a relativa discrição com que foi noticiado o fim do seu reinado.

A perseguição de ACM ao Jornal da Bahia é um dos episódios mais dramáticos da história da imprensa brasileira contemporânea. Ao revivê-lo em detalhes, este Observatório da Imprensa pretende lembrar que a liberdade de expressão é uma conquista parcial. Outros coronéis continuam no poder e insistem em ameaçá-la.

LEIA TAMBÉM ARTIGO PUBLICADO NO OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA:

CALÚNIA & DIFAMAÇÃO
MEUS PROBLEMAS ACABARAM
Por Jorge L. M. Lima em 17/10/2006

Eu nasci pobre. Casei, duas vezes, com mulheres pobres. Sou um emérito azarado em qualquer tipo de jogo. Passei anos achando que ia ganhar no Totó-Bola, até descobrir que era uma fraude e ver seus donos serem presos. Não tenho conhecimento técnico para inventar algo que seja um estrondoso sucesso de vendas.

Mas meus problemas acabaram. Lendo um artigo no Observatório da Imprensa descobri um nicho de mercado para ganhar muito dinheiro. Só que vou ter que esperar a aposentadoria para pôr em prática meu plano de enriquecer.

Nababescos honorários

Eduardo Guimarães, em seu artigo "Imprensa, meias verdades e mentiras inteiras", me deu a luz. Como advogado, vou me especializar em processos indenizatórios contra os meios de comunicação. Considerando a fartura de calúnias, acusações sem provas, condenações baseadas em engajamento político e na obtusidade, para não dizer mau-caráter mesmo, de editores, articulistas e demais adeptos da "Lei de Lynch" estabelecidos nas redações, estou com a vida feita.

Claro que há alguns problemas a serem resolvidos. Em primeiro lugar tenho de torcer para que o presidente Lula seja reeleito. Só isso já garante, pelos próximos quatro anos, que os principais meios de comunicação continuem a investigar, julgar e condenar qualquer petista que lhes cruze o caminho. Os da safra atual já estão na mão de advogados.

Em segundo lugar, preciso rezar para que algumas figurinhas carimbadas não sejam reduzidas à miséria em conseqüência dos processos de que já são alvos. Em terceiro, esperar que algumas linhas editoriais tipo "É petista? Mata, esfola e come!" continuem sucesso de crítica e público.

Tendo a sorte de que esse estado de coisas se mantenha, tenho certeza de que, em uns 10 anos, estarei dirigindo um importado de alto luxo, bebendo uísque 18 anos e passando férias na Europa, graças aos nababescos honorários que arrancarei do cofre dos nossos elitistas meios de comunicação.

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