19 de outubro de 2006
Beth Carvalho decide votar em Lula
LEIA CARTA ENDEREÇADA AO PRESIDENTE DO PDT
Rio, 13.10.2006
Carta ao PDT de Beth Carvalho, vice- presidente de honra do PDT, título dado carinhosamente por Brizola em seus governos.
Estimado amigo Carlos Lupi, Presidente Nacional do PDT.
Cumprimentando-o cordialmente, quero expressar minha estranheza diante de notícias indicando que o PDT iria apoiar o candidato Geraldo Alckmin no segundo turno.
Nada mais absurdo.
Seria como uma vergonhosa conciliação do trabalhismo com a UDN de hoje e de sempre, os que defendem os interesses estrangeiros no Brasil e que realizaram o maior processo de privatização e internacionalização de patrimônio público de que se tem notícia no mundo!
Se bem é verdade que o atual governo tem limites e erros, inclusive muitos de gravidade, seria uma infantilidade imaginar que o Alckmin, que acaba de privatizar por 1 bilhão de reais a Empresa de Transmissão de Energia Elétrica de São Paulo, avaliada em 11 bilhões, poderia algum dia ser aliado dos trabalhistas. Jamais!
Vale registrar que nesta privatização, ocorrida em julho, o edital, estranhamente, proibiu a participação de empresas estatais brasileiras no leilão - e havia a COPEL do Paraná interessada - com o que uma empresa lucrativa terminou nas mãos de uma empresa estatal colombiana, cujo controle acionário, hoje, está em mãos de capital norte-americano. Esse é o Alckmin.
Os erros do governo Lula devem ser corrigidos urgentemente, tarefa da qual se ocupa hoje todos os movimentos sociais que também apóiam criticamente o atual governo, mas não se pode negar que houve algumas alterações políticas corretas e nada desprezíveis.
A política externa brasileira, pela primeira vez em muitos anos, defende corretamente os interesses nacionais.
Houve um freio no processo de privatização que estava em curso desde Collor de Mello, ampliou-se, ainda que timidamente, os investimentos em programas sociais, o protagonismo do estado começa a ser retomado, como por exemplo na recuperação da indústria naval , está em curso a recuperação do salário mínimo e os movimentos sociais deixaram de ser criminalizados.
É claro que estes pontos positivos não esgotam a necessidade de um projeto de nação mais definido, tal como sempre nos lembrava constantemente o nosso saudoso Leonel Brizola. Porém, o candidato Alckmin é representante de um projeto rigorosamente antagônico a tudo o que o trabalhismo sempre defendeu e defende.
Entretanto, quero chamar a atenção para um aspecto que me parece importantíssimo na política do Governo Lula: a defesa da integração latino-americana!
Não por acaso os EUA criticam constantemente o Itamaraty, como também a mídia controlada pelos anunciantes multinacionais. E esta integração latino-americana é estratégica para consolidar Cuba e Venezuela, para permitir uma autonomia dos países latino-americanos frente aos grilhões da política dos EUA, assim como, para garantir uma alternativa concreta, solidária e cooperativa, dos nossos povos diante da pressão estadunidense para impor a ALCA, que o candidato Alckmin já indicou ser defensor.
Não poderia deixar de falar que no plano cultural há uma política pública, que, mesmo sendo aquém do necessário, ela prioriza a retomada do cinema brasileiro, o acesso do público a espetáculos musicais que circulam todo o país, como o Projeto Pixinguinha, a criação dos Pontos de Cultura junto a comunidades carentes.
É claro que ainda falta uma mudança substancial na política de comunicação, mas quando se fez uma tentativa, com a proposta da Ancinav, os representantes do império e o coronelismo eletrônico tupiniquim, fizeram uma devastadora campanha de desconstrução da proposta, até que fosse retirada.
Neste sentido, não há o menor cabimento do PDT ter sequer dúvidas sobre quem apoiar: deve apoiar o companheiro Lula, numa aliança que inclui até mesmo Hugo Chávez, Nestor Kirchner e Evo Morales, os movimentos sociais, os intelectuais e artistas progressistas, a igreja popular, os sindicatos, o empresariado nacional.
É isto o que está em jogo agora: Lula, com um projeto em construção, passível de ser corrigido e aprofundado, em defesa dos interesses populares e nacionais, e Alckmin, com o outro projeto, que favorece ao capital estrangeiro, à retomada do controle do estado pelos neoliberais levando o Brasil a um distanciamento da América Latina, à uma submissão à Washington, e uma volta à repressão aos movimentos sociais como se viu na triste era FHC, cuja meta, como lembram-se todos, era destruir a Era Vargas!
O PDT deve recomendar o voto em Lula e apresentar um programa com pontos programáticos trabalhistas a serem incluídos na política do próximo governo.
Saudações Brizolistas e trabalhistas.
Beth Carvalho
PS: Infelizmente o PDT optou pela neutralidade. Na minha opinião ficar neutro neste momento grave da história brasileira é, de fato, negar os ideais de Vargas,Brizola, Jango, Pasqualini e tantos outros trabalhistas. É omissão, é favorecer a direita.
Beth Carvalho
Rio,17/10/2006
Rio, 13.10.2006
Carta ao PDT de Beth Carvalho, vice- presidente de honra do PDT, título dado carinhosamente por Brizola em seus governos.
Estimado amigo Carlos Lupi, Presidente Nacional do PDT.
Cumprimentando-o cordialmente, quero expressar minha estranheza diante de notícias indicando que o PDT iria apoiar o candidato Geraldo Alckmin no segundo turno.
Nada mais absurdo.
Seria como uma vergonhosa conciliação do trabalhismo com a UDN de hoje e de sempre, os que defendem os interesses estrangeiros no Brasil e que realizaram o maior processo de privatização e internacionalização de patrimônio público de que se tem notícia no mundo!
Se bem é verdade que o atual governo tem limites e erros, inclusive muitos de gravidade, seria uma infantilidade imaginar que o Alckmin, que acaba de privatizar por 1 bilhão de reais a Empresa de Transmissão de Energia Elétrica de São Paulo, avaliada em 11 bilhões, poderia algum dia ser aliado dos trabalhistas. Jamais!
Vale registrar que nesta privatização, ocorrida em julho, o edital, estranhamente, proibiu a participação de empresas estatais brasileiras no leilão - e havia a COPEL do Paraná interessada - com o que uma empresa lucrativa terminou nas mãos de uma empresa estatal colombiana, cujo controle acionário, hoje, está em mãos de capital norte-americano. Esse é o Alckmin.
Os erros do governo Lula devem ser corrigidos urgentemente, tarefa da qual se ocupa hoje todos os movimentos sociais que também apóiam criticamente o atual governo, mas não se pode negar que houve algumas alterações políticas corretas e nada desprezíveis.
A política externa brasileira, pela primeira vez em muitos anos, defende corretamente os interesses nacionais.
Houve um freio no processo de privatização que estava em curso desde Collor de Mello, ampliou-se, ainda que timidamente, os investimentos em programas sociais, o protagonismo do estado começa a ser retomado, como por exemplo na recuperação da indústria naval , está em curso a recuperação do salário mínimo e os movimentos sociais deixaram de ser criminalizados.
É claro que estes pontos positivos não esgotam a necessidade de um projeto de nação mais definido, tal como sempre nos lembrava constantemente o nosso saudoso Leonel Brizola. Porém, o candidato Alckmin é representante de um projeto rigorosamente antagônico a tudo o que o trabalhismo sempre defendeu e defende.
Entretanto, quero chamar a atenção para um aspecto que me parece importantíssimo na política do Governo Lula: a defesa da integração latino-americana!
Não por acaso os EUA criticam constantemente o Itamaraty, como também a mídia controlada pelos anunciantes multinacionais. E esta integração latino-americana é estratégica para consolidar Cuba e Venezuela, para permitir uma autonomia dos países latino-americanos frente aos grilhões da política dos EUA, assim como, para garantir uma alternativa concreta, solidária e cooperativa, dos nossos povos diante da pressão estadunidense para impor a ALCA, que o candidato Alckmin já indicou ser defensor.
Não poderia deixar de falar que no plano cultural há uma política pública, que, mesmo sendo aquém do necessário, ela prioriza a retomada do cinema brasileiro, o acesso do público a espetáculos musicais que circulam todo o país, como o Projeto Pixinguinha, a criação dos Pontos de Cultura junto a comunidades carentes.
É claro que ainda falta uma mudança substancial na política de comunicação, mas quando se fez uma tentativa, com a proposta da Ancinav, os representantes do império e o coronelismo eletrônico tupiniquim, fizeram uma devastadora campanha de desconstrução da proposta, até que fosse retirada.
Neste sentido, não há o menor cabimento do PDT ter sequer dúvidas sobre quem apoiar: deve apoiar o companheiro Lula, numa aliança que inclui até mesmo Hugo Chávez, Nestor Kirchner e Evo Morales, os movimentos sociais, os intelectuais e artistas progressistas, a igreja popular, os sindicatos, o empresariado nacional.
É isto o que está em jogo agora: Lula, com um projeto em construção, passível de ser corrigido e aprofundado, em defesa dos interesses populares e nacionais, e Alckmin, com o outro projeto, que favorece ao capital estrangeiro, à retomada do controle do estado pelos neoliberais levando o Brasil a um distanciamento da América Latina, à uma submissão à Washington, e uma volta à repressão aos movimentos sociais como se viu na triste era FHC, cuja meta, como lembram-se todos, era destruir a Era Vargas!
O PDT deve recomendar o voto em Lula e apresentar um programa com pontos programáticos trabalhistas a serem incluídos na política do próximo governo.
Saudações Brizolistas e trabalhistas.
Beth Carvalho
PS: Infelizmente o PDT optou pela neutralidade. Na minha opinião ficar neutro neste momento grave da história brasileira é, de fato, negar os ideais de Vargas,Brizola, Jango, Pasqualini e tantos outros trabalhistas. É omissão, é favorecer a direita.
Beth Carvalho
Rio,17/10/2006