29 de agosto de 2006

 

Paulo Souto preferiu a hipocrisia em vez da verdade

Foi menos pior do que eu pensava o debate da Band na Bahia. Paulo Souto não foi, mas não precisava ser tão hipócrita na justificativa. Os marqueteiros sempre aconselham, ao candidato que lidera nas pesquisas, o não comparecimento. Só teriam a perder. A razão da ausência de Paulo Souto é esta, mas preferiu divulgar hipocritamente que não iria porque muitos candidatos “atrapalhariam a exposição das idéias”. A mentira campeia solta na mente contaminada do governador, por anos de convivência com ACM.

E a mentira de Paulo Souto foi por escrito, em correspondência à Band. Os receios do governador-candidato não se realizaram. Wagner sequer citou o nome dele. Hilton Coelho, do PSOL (que indigência intelectual) tentou criticar Paulo Souto, mas a obsessão de criticar o presidente Lula atrapalhava sempre a tentativa. Todos eles se respeitaram. Coelho do PSOL teve uma recaída dos métodos burgueses de debate e sofismou. Disse que Wagner ficava devendo um posicionamento sobre a transposição do Rio São Francisco. Como devendo? Se Wagner pediu direito de resposta e o programa negou?

Antônio Balbino (PSDC) que prometia um show de ridículo, a se levar em conta suas inserções com aquela caneta na mão, foi a surpresa da noite. Foi praticamente o único a criticar o governador “faz-de-conta” que se negou a dar satisfações ao eleitor baiano. E foi isso mesmo. As regras do debate são tão equilibradas que dificilmente Paulo Souto seria ofendido. Qualquer tentativa lhe daria direito de resposta de imediato. O PFL não pode mais criticar Lula por não ter ido ao debate. Pelo menos Lula não foi hipócrita como Paulo Souto.

Imaginava que Átila Brandão, o ex-capitão da PM baiana que virou pastor da Igreja Batista, fosse bem pior. Átila Brandão, de “capitão Diabo” como era chamado pela imprensa e pelos comandados na década de 70, passou a ser “capitão anjo”. Eu até votaria nele se Wagner não existisse. Não negou seu passado policialesco. Até delegado de polícia foi. Em poucos momentos teve aqueles arroubos de pregador religioso. Teve a coragem de criticar Paulo Souto, com equilíbrio. Tereza Serra (PRONA), talvez pela inexperiência, não disse nada. Suas propostas sobre educação e habitação são tópicas, nada significativas.

Tirando Wagner, praticamente todos os candidatos falaram bobagens. Todos eles disseram que a Bahia tem dinheiro para fazer tudo o que precisa. Eles prometem menos impostos e mais realizações. Ninguém sabe como vão fazer esta mágica. Parece que não conhecem o endividamento da Bahia pelo governador Paulo Souto e antecessores. As tentativas de ataque do new-esquerdinha Hilton Coelho acabaram ajudando Wagner, que teve mais uma oportunidade de elogiar a aliança política ampla que o PT costurou nestas eleições, incluindo o PMDB de Geddel, o PDT de João Durval e o MST. “As pessoas mudam” ensinou Wagner ao sectário new-esquerdinha. Espero que até esse mude um dia.

Do debate inteiro, o tema mais importante foi a segurança pública. É preciso cuidar melhor de nossos policiais civis e militares. “gente que protege gente”, segundo Átila Brandão. Gente que protege gente, mas, que ganha na Bahia irrizórios R$ 324 reais de salário, o que é ilegal porque abaixo do piso nacional. Átila Brandão, provocado por Wagner, achou uma vergonha que a polícia baiana tenha se envolvido no episódio dos grampos ilegais. Polícia não é para entrar em ações criminosas a serviço de políticos, como ocorreu. Isso tem que acabar, se exaltou Átila, e o caminho é o voto.

Pelo visto, a onda dos marqueteiros ainda não passou de todo. Debates são necessários. Paulo Souto pode ter se protegido de desgastes, mas não ajudou em nada a democracia e a educação política do eleitor. Ah! E no segundo turno Wagner vai ter apoio de quase todos os micro-candidatos. Se nenhum deles for comprado pelo “sistema”.

Paulo Souto precisava ser tão hipócrita em sua justificativa de ausência?

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