25 de setembro de 2013
Abaixo-assinado repudia perseguições do pastor Átila Brandão ao jornalista Emiliano José
“Liberdade,
liberdade, solidariedade ao jornalista Emiliano José”. Com este título está circulando
na internet um abaixo-assinado em solidariedade ao jornalista e escritor
Emiliano José, que está sendo processado pelo ex-oficial da PM, Àtila Brandão, acusado
de ter torturado o hoje professor de História Renato Afonso, em 1971, no auge
da ditadura militar. O jornalista está sendo processado porque publicou no
jornal A Tarde o artigo “A premonição de Yaiá” revelando o crime hediondo.
Átila Brandão é hoje pastor da Igreja Batista Caminho das Árvores. Dia 1º de
outubro ocorre nova audiência na 29ª Vara Cível de Salvador. O bispo evangélico
vem perdendo em várias instâncias. O Tribunal de Justiça já derrubou liminar da
juíza Marielza Brandão que determinou censura ao site do jornalista, Um habeas
corpus garantiu o fim da investigação na 16ª Delegacia de Polícia. Átila
Brandão, que já confessou ter integrado a repressão aos estudantes na ditadura
quer intimidar o jornalista com ações na Justiça. Já passam de mil nomes
assinados.
LIBERDADE, LIBERDADE
SOLIDARIEDADE AO
JORNALISTA EMILIANO JOSÉ
O
jornalista e escritor Emiliano José teve a coragem de denunciar através da
imprensa – artigo n’A Tarde de 11/02, o pastor Átila Brandão como
torturador à época da Ditadura Militar, tendo como testemunhas Dona Maria
Helena Afonso de Carvalho e seu filho, o historiador e professor Renato Afonso
de Carvalho. Ela era uma espécie de genitora de muitos presos políticos
que afetuosamente a conheciam como Dona Yaiá. Evangélicos progressistas solidarizaram-se
com Emiliano reafirmando o carreirismo e reacionarismo deste pastor que desde
os tempos em que estudava na faculdade de direito na UFBA, contemporâneo de
Renato Afonso, perseguia estudantes a serviço dos órgãos de informação.
Incomodado com sua exposição pública, Átila Brandão encaminhou queixa-crime por
calúnia visando processar e intimidar Emiliano. Com forte dose de apelo
moralista - própria de religiosos fundamentalistas -, Átila Brandão é pessoa
conhecida no mundo evangélico, além de ostentar funções de representação
diplomática, como se tal título fosse passaporte à impunidade.
Neste
ínterim, Emiliano voltou à carga e, criterioso com suas fontes, fez longa
entrevista com Renato Afonso que resultou no artigo Corpo amputado querendo se recompor, já postado no site da Revista
Carta Capital, onde não só confirma o fato da tortura no Quartel de
Dendezeiros, como narra outros episódios de perseguição e sofrimento
vivenciados em masmorras no Rio de Janeiro, nos anos 70, auge da ditadura
militar. Por pouco Renato Afonso não teve o destino de tantos combatentes
que sofreram sevícias até a morte, algumas indizíveis como as relatadas
pelo cruel delegado Cláudio Guerra, através do livro Memórias de Uma Guerra Suja e em recente edição da mesma Carta
Capital.
Jornalista,
escritor e suplente de deputado federal pelo PT, Emiliano José, amargou 4
anos de prisão e sofreu na própria pele a violência das torturas tantas
vezes relatadas por ele mesmo sobre outras pessoas em dezenas de
artigos e livros que prolificamente vêm produzindo. O marco desta missão que se
impôs foi 'Lamarca, o capitão da guerrilha', junto com o ex-preso e jornalista
Oldack Miranda, lançado ainda em 1989, numa época de muitas incertezas sobre o
futuro de nossa titubeante democracia.
O
compromisso e a coragem de Emiliano com a Memória e a Verdade marca
sua trajetória de vida desde os tempos de sua militância
estudantil, quando foi líder nacional pela UBES - União Brasileira de
Estudantes Secundaristas, passando pela cidadania ativa que exerceu ainda na
cadeia e, em seguida como dedicado professor e parlamentar atuante. Este
episódio, como tantos outros relatados por Emiliano ganha especial ressonância
ao inserir-se entre as iniciativas que a Comissão Nacional da Verdade e o
Comitê Baiano Pela Verdade estão tomando para identificar pessoas e
instituições que se prestaram a ilegalidades e violações, feriram a dignidade
humana, ceifaram vidas ou deixaram marcas no corpo e na alma de milhares de
brasileiros e baianos inconformados com o fim da democracia e das
liberdades. Dar publicidade e expor o pastor e ex-militar Átila
Brandão à vergonha de seus familiares, amigos e funcionários por um
passado tão repelente é o mínimo que podemos fazer testemunhando em
solidariedade ao cidadão Emiliano José.
Salvador, 07 de maio de 2013