6 de novembro de 2012
Jornalista da Folha erra ao dizer que Haddad errou. Santa ignorância.
Pensei que
a mídia já havia abandonado a ideia idiota de tentar desmoralizar os candidatos
do PT através de registros de supostos erros de português. Jornalistas
teleguiados já tentaram desmoralizar o ex-presidente Lula por este caminho. O
artifício perdeu espaço desde que especialistas em lingüística entraram em
campo criticando gramáticos e imposição da chamada “norma culta”. Até Pasquale
Ciro Neto já entendeu a distância da norma culta gramatical do português falado
no Brasil.
Aliás, a
coluna de Pasquale Ciro Neto da Folha (01/11/2012) critica, sem dizer o nome,
um jornalista da Folha e o próprio jornal por tentarem criticar o então
candidato Haddad porque ele, o ex-ministro da Educação, imaginem só, teria errado ao usar a expressão num debate: “Professor
não é reciclado nem treinado. Essas palavras não se adéquam ao educador (...)
Primeiro, o
jornalão errou ao tentar corrigir Haddad e tirou o acento agudo do e, publicando
a palavra “adéquam” com tonicidade no u. Para o jornal seria “adeqüam”, com
trema no u. Parece que não tem importância, mas, daí em diante os radialistas
repetiam que o candidato teria errado ao usar a expressão “adéquam”. Pasquale
Ciro Neto questiona se o verbo seria mesmo defectivo e cita três dicionários
que registram o verbo de forma diferente. O Houaiss grafa a palavra como Haddad
a usou no debate com Serra na TV. Já o dicionário Aurélio de 2009 registra o
verbo como defectivo.
Essa
história da arrogância e da ignorância da midia é antiga. Em março de 2008
escrevi aqui no Bahia de Fato que “nossa
imprensa partidarizada já tentou ridicularizar o presidente Lula, de origem
operária, por ter usado "menas verdade". Marcos Bagno comenta que o
caso Lula é especialíssimo, porque ele foi se apropriando das normas
linguísticas ditas cultas e de prestígio, sem abandonar as expressões
populares. "Lula "é um ator linguístico de muita boa qualidade, até
brincou com isso uma vez: "Lembram-se quando eu falava "menas"?
Pois agora eu falo "concomitantemente". Segundo o pesquisador Marcos
Bagno, Lula não trocou uma coisa pela outra, continua usando esses dois
conjuntos de falares quando lhe interessa usar esse ou aquele.
As elites acham que o brasileiro fala mal o português. O caso do uso de "menas" pelo presidente Lula é de interpretação muito simples para um lingüista. Temos aqui um advérbio. Os advérbios em princípio são invariáveis, não assumem flexão de gênero e número, mas são muito parecidos com os adjetivos, que se flexionam. Por exemplo: o advérbio "meio". Machado de Assis tem um conto que fala: "Filomena era muito bonita, porém meia triste". A isso chama-se concordância por atração. É o mesmo que acontece com a expressão "menas corrupção". Ou seja, Machado de Assis pode falar menas, mas Lula não pode. Só mesmo nos textos safados de jornalistas babacas.
Pelo sim, pelo não, o presidente Lula parou de usar "menas verdade", mas não se cansa de usar outras expressões populares para se comunicar com o povo, o que a Folha de S. Paulo com sua norma culta não consegue.
As elites acham que o brasileiro fala mal o português. O caso do uso de "menas" pelo presidente Lula é de interpretação muito simples para um lingüista. Temos aqui um advérbio. Os advérbios em princípio são invariáveis, não assumem flexão de gênero e número, mas são muito parecidos com os adjetivos, que se flexionam. Por exemplo: o advérbio "meio". Machado de Assis tem um conto que fala: "Filomena era muito bonita, porém meia triste". A isso chama-se concordância por atração. É o mesmo que acontece com a expressão "menas corrupção". Ou seja, Machado de Assis pode falar menas, mas Lula não pode. Só mesmo nos textos safados de jornalistas babacas.
Pelo sim, pelo não, o presidente Lula parou de usar "menas verdade", mas não se cansa de usar outras expressões populares para se comunicar com o povo, o que a Folha de S. Paulo com sua norma culta não consegue.
Sou mais Lula. Sou mais Haddad.