3 de setembro de 2012

 

“Cresço na adversidade com irreverência”

Este é o título do livro de memória de um grande homem. “Cresço na adversidade com irreverência”. É meu livro de cabeceira, depois que superei minha depressão e tomei coragem para essa leitura. O livro foi escrito pelo médico e pesquisador mineiro Dr. Aroldo Fernando Camargo. Foi lançado em Belo Horizonte, em 2011, pela Cooperativa dos Médicos – Coopmed, com apoio da Unimed (BH).

Aroldo é um ser humano excepcional. Ele transformou o Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG em um dos maiores centros de pesquisa do país, na área da reprodução humana. Esportista, conferencista convidado no mundo inteiro, em 2003 descobriu que tinha esclerose lateral amiotrófica (ELA), que vem lhe devastando o organismo.

Em vez de se entregar ao desespero, luta contra a doença fatal e sem retorno. Passou a andar com uma muleta, duas muletas, e depois cadeira de rodas. Até se ver imobilizado 24 horas numa cama. Comunica-se com seus alunos, colegas professores, amigos e familiares pelo piscar de olhos que sensibiliza uma tela de computador.

Com o exemplo de Aroldo, aprendi a não me desapegar de meus sonhos diante das dificuldades, grandes que sejam. Sua vida tem sido dedicada à ciência e à causa pública. Poderia ganhar rios de dinheiro nos grandes laboratórios, mas, decidiu lecionar na universidade pública, numa época de sucateamento das universidades federais. Ele acredita na função social do médico.

Sua doença é a mesma do físico inglês Stephen Hawking, que também se comunica com o mundo através do movimento das pálpebras num programa de computador. Ao descobrir sua doença, Aroldo organizou sua vida privada e profissional. Ainda assim aceitou ser Editor Científico da revista Femina, publicação científica de leitura obrigatória nas áreas de ginecologia e obstetrícia.

Com toda sua dura realidade, obteve forças para escrever um livro de memórias, onde cita Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim, esquenta e esfria, aperta e afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.

O livro de Aroldo é angustiante, mas, toda vez que encontro uma pedra no meu caminho recorro a ele. É meu livro de cabeceira. Ele leva às últimas conseqüências sua filosofia de vida, segundo a qual com sabedoria e tenacidade será sempre possível progredir, crescer e fazer crescer.

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