20 de março de 2011

 

Waldir Pires, Zé Dirceu e Emiliano gravaram depoimentos para novela "Amor e Revolução" do SBT

A novela “Amor e Revolução” do SBT está com estréia marcada para 4 de abril. Pela primeira vez o período da ditadura militar, incluindo os porões da tortura, será o pano de fundo de uma telenovela. Militantes torturados nos quartéis foram entrevistados. Um deles foi o atual deputado Emiliano José (PT-BA), encarcerado por quatro anos e torturado barbaramente pelos militares. O ex-ministro José Dirceu, importante líder estudantil nos anos de chumbo, também já gravou depoimento. O diretor Reynaldo Bouri, pessoalmente, entrevistou o ex-governador da Bahia Waldir Pires. Trechos das entrevistas serão intercalados com episódios da novela.

Nenhum personagem será identificado com a ex-militante de esquerda Dilma Rousseff, o que seria puro oportunismo. A possibilidade é negada pelo roteirista Tiago Santiago, mas,o fato é que a novela poderá prestar um grande serviço à Nação (em tempos de Comissão da Verdade), quando trouxer à tona a barbárie da tortura adotada como política de Estado pelos militares terroristas que tomaram o poder com o Golpe de 1964.

DO CINEMA À NOVELA

Até então este papel, de resgatar a verdade dos porões da ditadura, coube ao cinema. Foram muitos filmes. Primeiro, veio “Cabra Marcado para Morrer” (1984), de Eduardo Coutinho, depois veio “Lamarca” (1994), de Sérgio Rezende, resgatando a história com base no livro “Lamarca, O Capitão da Guerrilha”, da autoria dos jornalistas Emiliano José e Oldack Miranda. Seguiram-se “O que é isso, companheiro” (1997), de Bruno Barreto; “O ano em que meus pais saíram de férias” (2006), de Cao Hamburguer; “Zuzu Angel” (2006), de Sérgio Rezende; “Batismo de Sangue” (2007), de Helvécio Ratton; “Cidadão Boilesen” (2009), de Chaim Litewski. “Anos Rebeldes” (1992) foi uma série da TV Globo inspirada na obra “1968, o ano que não terminou”, de Zuenir Ventura.

Telenovela mesmo, tendo como pano de fundo os “anos de chumbo”, está sendo anunciada pelo SBT. Cenas de tortura foram “vazadas” no YouTube. Os torturados estão dependurados no pau-de-arara, com roupas íntimas, o que é uma delicadeza do diretor, já que os psicopatas torturavam as pessoas nuas, como forma de humilhação, além da dor dos choques elétricos, dos socos, das latinhas, da cadeira-do-dragão. É um alívio saber que a novela terá vilões (os torturadores) e heróis (os torturados que lutavam contra a ditadura), embora a proposta não seja uma novela de terror, só violência, mas sim uma história de amor.

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