3 de fevereiro de 2011
Em carta, Battisti pede liberdade para construir 'sociedade justa no Brasil', por meios pacíficos
O ex-ativista político italiano Cesare Battisti pede liberdade em carta a congressistas e ao povo brasileiro. Detido no presídio da Papuda, em Brasília (DF), o ex-ativista nega as acusações de assassinato feitas pela Justiça italiana e afirma querer colaborar com a "construção de uma sociedade justa, no Brasil, por meios pacíficos".
Battisti foi condenado por quatro supostos homicídios na década de 1970 na Itália, portanto, há 40 anos. O julgamento foi feito a revelia, na década de 1980, quando ele estava no exílio, fora do país e seus acusadores exerceram a DELAÇÃO PREMIADA. Desde 2007, está detido no Brasil e seu caso é motivo de divergências entre medidas do Executivo e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em dezembro, Luiz Inácio Lula da Silva decidiu negar o pedido italiano de extradição. A questão foi remetida ao STF, que deve apreciar o tema. A expectativa é de que o ministro Gilmar Mendes, relator do caso, volte a se posicionar pela extradição. Seria uma vergonha e a quebra de uma tradição de o Brasil conceder refúgio e asilo.
A carta foi entregue ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP) na manhã desta quinta (3), em visita feita pelo parlamentar à penitenciária. Suplicy é defensor da permanência em liberdade de Cesare Battisti no Brasil.
Battisti afirma, na carta, que sua militância no grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), na Itália, nunca provocou "ferimentos ou a morte de qualquer ser humano".
LEIA A CARTA NA ÍNTEGRA
Aos senhores e às senhoras senadoras e senadores, deputados e deputadas federais e ao povo brasileiro,
De forma humilde, desejo transmitir aos representantes do povo brasileiro no Congresso Nacional um apelo para que possam me compreender à luz dos fatos que aconteceram na Itália desde os anos 70, nos quais eu estive envolvido.
É fato que nos anos 70 eu, como milhares de italianos, diante de tantas injustiças que caracterizavam a vida em nosso país, também participei de inúmeras ações de protesto e, como tal, participei dos Proletários Armados pelo Comunismo. Nestas ações, quero lhes assegurar que nunca provoquei ferimentos ou a morte de qualquer ser humano.
Até agora, nunca qualquer autoridade policial ou qualquer juiz me perguntou se eu cometi um assassinato. Durante a instrução do processo e o julgamento onde fui condenado à prisão perpétua, eu me encontrava exilado no México e não tive a oportunidade de me defender.
Durante os últimos 30 anos, no México, na França e no Brasil, dediquei-me a escrever livros e as atividades de solidariedade às comunidades carentes com as quais convivi.
Os quase 20 livros e documentários que produzi são todos relacionados a como melhorar a vida das pessoas carentes, e como realizar justiça social, sempre enfatizando que, o uso da violência compromete os propósitos maiores que precisamos atingir.
Desejo muito colaborar com estes objetivos de construção de uma sociedade justa, no Brasil, por meios pacíficos, durante o resto de minha vida.
Cesare Battisti
Papuda, 03/02/11
FONTE: Rede Brasil Atual
Battisti foi condenado por quatro supostos homicídios na década de 1970 na Itália, portanto, há 40 anos. O julgamento foi feito a revelia, na década de 1980, quando ele estava no exílio, fora do país e seus acusadores exerceram a DELAÇÃO PREMIADA. Desde 2007, está detido no Brasil e seu caso é motivo de divergências entre medidas do Executivo e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em dezembro, Luiz Inácio Lula da Silva decidiu negar o pedido italiano de extradição. A questão foi remetida ao STF, que deve apreciar o tema. A expectativa é de que o ministro Gilmar Mendes, relator do caso, volte a se posicionar pela extradição. Seria uma vergonha e a quebra de uma tradição de o Brasil conceder refúgio e asilo.
A carta foi entregue ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP) na manhã desta quinta (3), em visita feita pelo parlamentar à penitenciária. Suplicy é defensor da permanência em liberdade de Cesare Battisti no Brasil.
Battisti afirma, na carta, que sua militância no grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), na Itália, nunca provocou "ferimentos ou a morte de qualquer ser humano".
LEIA A CARTA NA ÍNTEGRA
Aos senhores e às senhoras senadoras e senadores, deputados e deputadas federais e ao povo brasileiro,
De forma humilde, desejo transmitir aos representantes do povo brasileiro no Congresso Nacional um apelo para que possam me compreender à luz dos fatos que aconteceram na Itália desde os anos 70, nos quais eu estive envolvido.
É fato que nos anos 70 eu, como milhares de italianos, diante de tantas injustiças que caracterizavam a vida em nosso país, também participei de inúmeras ações de protesto e, como tal, participei dos Proletários Armados pelo Comunismo. Nestas ações, quero lhes assegurar que nunca provoquei ferimentos ou a morte de qualquer ser humano.
Até agora, nunca qualquer autoridade policial ou qualquer juiz me perguntou se eu cometi um assassinato. Durante a instrução do processo e o julgamento onde fui condenado à prisão perpétua, eu me encontrava exilado no México e não tive a oportunidade de me defender.
Durante os últimos 30 anos, no México, na França e no Brasil, dediquei-me a escrever livros e as atividades de solidariedade às comunidades carentes com as quais convivi.
Os quase 20 livros e documentários que produzi são todos relacionados a como melhorar a vida das pessoas carentes, e como realizar justiça social, sempre enfatizando que, o uso da violência compromete os propósitos maiores que precisamos atingir.
Desejo muito colaborar com estes objetivos de construção de uma sociedade justa, no Brasil, por meios pacíficos, durante o resto de minha vida.
Cesare Battisti
Papuda, 03/02/11
FONTE: Rede Brasil Atual