21 de dezembro de 2010

 

Por que as mulheres estupradas demoram para buscar socorro médico?

Em artigo especial para a Folha de S. Paulo, a professora da Universidade de Brasília, Débora Diniz, pesquisadora do Instituto de Bioética e Direitos Humanos (Anis), tem uma explicação: as vítimas de violência sexual confiam mais na polícia do que nos profissionais de saúde.

Isso é muito grave porque “elas superam a barreira do constrangimento policial e realizam o exame de corpo de delito, um exame vexatório e não obrigatório para o registro de estupro, mas se recusam a ir imediatamente ao hospital.

O que as mulheres temem ao contar sua história a médicos? Esse é o título do artigo de Débora Diniz para a Folha de S. Paulo. Débora Diniz é uma autoridade no assunto.

Ela é autora da Pesquisa Nacional de Aborto e dirigiu o documentário “Uma vida Severina”, que narra a trajetória dramática de uma mulher grávida de um bebê anencéfalo no Brasil. Uma tortura, eu diria, provocada pela legislação que temos, pelos meios de comunicação que temos, pelo fundamentalismo religioso e, agora, pelos profissionais de saúde que temos, eu diria.

Débora Diniz escreve: “As vítimas de estupro são mulheres comuns: jovens, católicas, com baixa escolaridade e inserção informal no mundo do trabalho. A surpresa não está no perfil, mas na informação de que só uma em cada 10 mulheres procurou o serviço de saúde imediatamente após a violência”.

Afinal, o que temem as mulheres ao contar suas histórias de estupro a médicos, enfermeiras ou assistentes sociais?

Débora Diniz dá uma pista. Muitas registraram a violência na polícia, submeteram-se ao exame de corpo de delito, mas muitas tiveram o pedido de aborto negado, principalmente pela idade gestacional. E nem todas que buscaram socorro imediato receberam a contracepção de emergência, gratuita, e encontrada em qualquer centro de saúde.

O QUE HÁ ENTÃO? “Há um silêncio tão perverso em torno do aborto que até mesmo informações básicas sobre direitos e assistência são ignorados pelas mulheres”.
É espantoso. As mulheres vítimas de violência sexual parecem temer os profissionais de saúde.


Elas enfrentam o constrangimento policial, mas se recusam a ir imediatamente ao hospital.

Médicos, enfermeiras, assistentes sociais, precisam refletir sobre isso. Estará a campanha de desinformação dos meios de comunicação - contaminados pelo fundamentalismo religioso - fazendo a cabeça da área médica?

Comments: Postar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?