29 de junho de 2010

 

As Políticas Culturais e o Bolsa Família: Sobre uma (breve) conversa com o Ministro Juca Ferreira

Giuseppe Cocco, professor doutor de História Social (UFRJ), explicou ao ministro da Cultura, Juca Ferreira, os fundamentos de sua afirmativa: “O Bolsa Família é a maior política cultural e os pontos de cultura são a melhor distribuição de renda do governo Lula”. O ministro estranhou o ponto de vista e Giuseppe Cocco mostra aqui seus argumentos.

O texto de Giuseppe Cocco foi publicado em dois espaços: no site Universidade Nômade e no blog Leitura Global.

A afirmação foi feita na Bahia em dois momentos. Primeiro, na abertura do VI ENECULT no auditório da Reitoria da UFBA (25/05). Depois, numa palestra em Cachoeira, na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, a convite do professor, jornalista e agora candidato a deputado federal Emiliano José (PT).

Giuseppe Cocco explicou que fez a afirmação no sentido de que é necessário “culturalizar” as políticas de transferência de renda e também de colocar as políticas culturais como o cerne da qualificação das políticas sociais.

“Em outras palavras: dizer que as transferências de renda são políticas culturais significa afirmar que elas, qualificando as relações sociais, fomentam a criação. Ou seja, as dinâmicas culturais dependem da expansão das políticas sociais (e não das “portas de saída”), em direção a outros valores, a um outro caminho de desenvolvimento: aquele que tem os pobres como sujeitos.

Por sua vez, colocar as políticas culturais no cerne das políticas sociais significa dizer que o fomento público dos movimentos culturais (como no caso do Cultura Viva – Pontos de Cultura) tem como horizonte de sustentabilidade não apenas (o que já é importante) a complementação da “economia” cultural ou o “acesso” à cultura, mas a construção de uma “outra” cultura”.

Giuseppe Cocco escreveu:

“O debate sobre a sustentabilidade dos Pontos de Cultura é emblemático: diz-se que eles ficam dependentes dos repasses de recursos públicos quando, na realidade, toda a produção cultural depende do recurso público (vide o escândalo da Lei Rouanet) e todo o sistema global do crédito está hoje “encostado” nos orçamentos estatais.

O trabalho criativo e produtivo dos Pontos de Cultura, enquanto redes de singularidades que cooperam entre si se mantendo tais (mantendo-se “abelhas” singulares no processo de polinização) precisa ser reconhecido por uma Renda Universal (inicialmente atrelada a essa mobilização dos mais pobres). Da mesma maneira, a distribuição de renda para os mais pobres deve ser reconhecida como terreno de mobilização produtiva e cultural, que vai muito além do “combate darwinista à pobreza”.

LEIA A ÍNTEGRA EM LEITURA GLOBAL

OU SE QUISER LEIA EM REDE UNIVERSIDADE NÔMADE

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