18 de maio de 2010
Cabeleireiro Kamura aplica luzes no cabelo de Dilma. Ficou ótimo
A reportagem foi da revista digital Terra Magazine. O jornalista baiano Cláudio Leal conversou com o cabeleireiro Celso Kamura. No programa do grosseiro Ratinho, Dilma Roussef sorriu: “Fiquei mais bonita, não?”. Kamura confessou que o marqueteiro João Santana o recomendou para cortar o cabelo da presidenciável. Além de cortar, ele aplicou umas luzes “pra dar uma iluminada, dar um pouco de luzes e refletir melhor na TV e na foto”. Ficou ótimo, básico, elegante.
O cabeleireiro esperava encontrar uma "mulher fria, dura, brava", mas se surpreendeu: uma pessoa normal. “Vaidade, ela não tem muita. Particularmente, foi simpática. Ela estava bem aberta, foi fácil. Depois de ter perdido (por causa do câncer), o cabelo cresceu. As pessoas que passam por isso acreditam muito na mudança do cabelo”.
Mas, por que Kamura tinha essa imagem de Dilma Roussef como “mulher dura”? É porque ele lê jornais brasileiros, formadores de opinião, pilantras travestidos de jornalistas, gente que mente, mente, mente. E ouve emissoras de rádio cujos apresentadores repetem que nem papagaios o que lêem em jornais e revistas vendidos. Eles produzem opinião publicada (a deles) e não refletem, como deveriam, a opinião pública, real.
O cabeleireiro esperava encontrar uma "mulher fria, dura, brava", mas se surpreendeu: uma pessoa normal. “Vaidade, ela não tem muita. Particularmente, foi simpática. Ela estava bem aberta, foi fácil. Depois de ter perdido (por causa do câncer), o cabelo cresceu. As pessoas que passam por isso acreditam muito na mudança do cabelo”.
Mas, por que Kamura tinha essa imagem de Dilma Roussef como “mulher dura”? É porque ele lê jornais brasileiros, formadores de opinião, pilantras travestidos de jornalistas, gente que mente, mente, mente. E ouve emissoras de rádio cujos apresentadores repetem que nem papagaios o que lêem em jornais e revistas vendidos. Eles produzem opinião publicada (a deles) e não refletem, como deveriam, a opinião pública, real.
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Dilma e as Polianas
(publicado no especial "Eleições 2010" do Amálgama)
Uma polêmica recente dividiu os apoiadores de Dilma Rousseff. De um lado estavam aqueles que não viam problemas na condução da sua pré-campanha; de outro, seus críticos, acusados de reciclar o conteúdo da mídia corporativa e de fornecer argumentos para os adversários.
A confusão é típica do momento. O ambiente indefinido em que está mergulhada a sucessão ajuda a alimentar certa angústia na militância. As quatro principais pesquisas de intenção de voto apresentam resultados diferentes, mas igualmente aceitáveis, a depender da preferência metodológica do observador. Não há movimentos estratégicos de grande visibilidade a empreender até que a campanha seja inflamada pelos horários gratuitos, no período que coincide com o final da Copa do Mundo de futebol.
E os dois lados têm suas razões.
Ninguém seria ingênuo a ponto de negar que a grande imprensa posiciona-se abertamente a favor de José Serra. Como ela é a principal origem das informações sobre a suposta crise na campanha de Dilma, há motivos para suspeitas. De fato, numa fase em que os partidos disputam alianças, a divulgação de que a petista enfrenta problemas vem a calhar para Serra. A expectativa de vitória atrai ou afugenta não apenas legendas menores e sem definições ideológicas, mas também boa parte do eleitorado indeciso. Por isso o PSDB investiu tanto em propaganda nos meses anteriores à desincompatibilização do ex-governador.
Não surpreende constatar, portanto, que muitas dificuldades atribuídas à candidata governista foram inventadas, distorcidas ou descontextualizadas. Na mesma medida, os equívocos de Serra desapareceram das coberturas. Parece que ele passeia, desenvolto, rumo à vitória inevitável. E, claro, a ilusória tranqüilidade contribui para sua nova imagem conciliadora.
Mas os defensores radicais da campanha dilmista cometem três equívocos de avaliação. Primeiro, assimilam a ilusão de que são indestrutíveis e, pior, inatacáveis: quem lhes faz o favor de apontar seus defeitos é tratado como inimigo figadal. Em seguida, jogam os problemas para colos alheios. Ou seja, as Polianas não admitem que a campanha de Dilma esteja em crise, mas se revoltam contra a inatividade do partido, quando, por exemplo, ele deixa de recorrer aos tribunais eleitorais. E, finalmente, se fecham nessa redoma de auto-suficiência e otimismo inabaláveis, rechaçando não apenas críticas, mas principalmente as contribuições externas.
Apenas essa postura infantil já demonstra que algo não vai bem na campanha de Dilma Rousseff. Sua vitimização passiva e ingênua leva à armadilha da auto-indulgência. De repente acreditamos que todas as pesquisas desagradáveis são mentirosas, que a pré-candidata não tem dificuldades de empatia e oratória, que os coordenadores políticos e de comunicação trabalham em plena sintonia, que ela está cercada de profissionais competentes e que os seus eventuais deslizes são invenções de malvados comentaristas tucanos.
A história mundial do sufrágio está repleta de eleições perdidas que um dia pareceram muito mais fáceis do que a imprevisível batalha de Dilma contra os poderes financeiros e midiáticos.
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(publicado no especial "Eleições 2010" do Amálgama)
Uma polêmica recente dividiu os apoiadores de Dilma Rousseff. De um lado estavam aqueles que não viam problemas na condução da sua pré-campanha; de outro, seus críticos, acusados de reciclar o conteúdo da mídia corporativa e de fornecer argumentos para os adversários.
A confusão é típica do momento. O ambiente indefinido em que está mergulhada a sucessão ajuda a alimentar certa angústia na militância. As quatro principais pesquisas de intenção de voto apresentam resultados diferentes, mas igualmente aceitáveis, a depender da preferência metodológica do observador. Não há movimentos estratégicos de grande visibilidade a empreender até que a campanha seja inflamada pelos horários gratuitos, no período que coincide com o final da Copa do Mundo de futebol.
E os dois lados têm suas razões.
Ninguém seria ingênuo a ponto de negar que a grande imprensa posiciona-se abertamente a favor de José Serra. Como ela é a principal origem das informações sobre a suposta crise na campanha de Dilma, há motivos para suspeitas. De fato, numa fase em que os partidos disputam alianças, a divulgação de que a petista enfrenta problemas vem a calhar para Serra. A expectativa de vitória atrai ou afugenta não apenas legendas menores e sem definições ideológicas, mas também boa parte do eleitorado indeciso. Por isso o PSDB investiu tanto em propaganda nos meses anteriores à desincompatibilização do ex-governador.
Não surpreende constatar, portanto, que muitas dificuldades atribuídas à candidata governista foram inventadas, distorcidas ou descontextualizadas. Na mesma medida, os equívocos de Serra desapareceram das coberturas. Parece que ele passeia, desenvolto, rumo à vitória inevitável. E, claro, a ilusória tranqüilidade contribui para sua nova imagem conciliadora.
Mas os defensores radicais da campanha dilmista cometem três equívocos de avaliação. Primeiro, assimilam a ilusão de que são indestrutíveis e, pior, inatacáveis: quem lhes faz o favor de apontar seus defeitos é tratado como inimigo figadal. Em seguida, jogam os problemas para colos alheios. Ou seja, as Polianas não admitem que a campanha de Dilma esteja em crise, mas se revoltam contra a inatividade do partido, quando, por exemplo, ele deixa de recorrer aos tribunais eleitorais. E, finalmente, se fecham nessa redoma de auto-suficiência e otimismo inabaláveis, rechaçando não apenas críticas, mas principalmente as contribuições externas.
Apenas essa postura infantil já demonstra que algo não vai bem na campanha de Dilma Rousseff. Sua vitimização passiva e ingênua leva à armadilha da auto-indulgência. De repente acreditamos que todas as pesquisas desagradáveis são mentirosas, que a pré-candidata não tem dificuldades de empatia e oratória, que os coordenadores políticos e de comunicação trabalham em plena sintonia, que ela está cercada de profissionais competentes e que os seus eventuais deslizes são invenções de malvados comentaristas tucanos.
A história mundial do sufrágio está repleta de eleições perdidas que um dia pareceram muito mais fáceis do que a imprevisível batalha de Dilma contra os poderes financeiros e midiáticos.
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