1 de outubro de 2009

 

Deputado Emiliano denuncia na Câmara Federal a farra de Paulo Souto (DEM) na Ilha do Urubu. CAPÍTULO I.

O nebuloso e escandaloso caso da Ilha do Urubu, negociata promovida pelo ex-governador Paulo Souto (DEM) no apagar das luzes de seu governo, em novembro de 2006, foi denunciado (30.09.2009) pelo deputado Emiliano José (PT-BA) na Câmara Federal. O deputado afirmou que na verdade foi uma grande “farra do Urubu”. A história é escabrosa e envolve altos interesses do governador paulista José Serra e relações perigosas com a Iberdrola.

O parlamentar se fundamentou nas informações de uma Ação Popular que tramita no Tribunal de Justiça da Bahia. O caso envolve a doação de terras públicas da Ilha do Urubu, localizada em Porto Seguro, área da Costa do Descobrimento.

De acordo com o processo nº 356.983-3, no final de seu governo, Paulo Souto (DEM) doou a Ilha do Urubu aos herdeiros da família Martins, posseiros da área. Quatro meses depois os posseiros venderam as terras ilegalmente (tiram que preservá-las por cinco anos) por R$ 1 milhão ao empresário Gregório Marin Preciado.

Em seguida, Gregório Preciado revendeu o terreno ao mega especulador belga Philippe Meeus por R$ 12 milhões. O terreno vale hoje R$ 50 milhões.

E quem é afinal Gregório Marin Preciado?

O espanhol naturalizado brasileiro é casado com a prima de José Serra, governador de São Paulo, pré-candidato à presidência da República pelo PSDB.

A ficha do Sr. Preciado não é boa.

Ele responde a uma ação penal do Ministério Público Federal por uma dívida de R$ 55 milhões, que foi perdoada irregularmente pelo Banco do Brasil. Ele tomou também um empréstimo de R$ 5 milhões no Banco do Brasil e deu a Ilha do Urubu como garantia, enquanto litigava com a família Martins, disputando a posse da Ilha.

Em 1993, Gregório Preciado havia contraído empréstimos no Banco do Brasil para duas empresas de sua propriedade: a Gremafer e a Acetato. Como Preciado não conseguiu pagar o débito, em 1995, entrou em cena o Sr. Ricardo Sérgio, que, na época, era diretor do Banco do Brasil e ficou conhecido por ser caixa das campanhas de José Serra e FHC. Ele conseguiu para Gregório Preciado um gracioso desconto de 16 milhões de reais na tal dívida.

Mesmo inadimplente, Preciado arrancou outro empréstimo de 2,8 milhões de dólares no mesmo Banco do Brasil. Reportagem de maio de 2002, da Folha de São Paulo, destacou que documentos internos do banco tratavam aquelas negociações como heterodoxas e atípicas, e por isso, o agente financeiro começou a listar os bens do Sr. Preciado para arrestá-los.

Foi assim que se descobriu a propriedade de um terreno valiosíssimo no bairro do Morumbi, onde José Serra era dono de metade e Gregório Preciado da outra parte. O terreno foi vendido rapidamente antes de o Banco do Brasil fazer o arresto e ambos foram beneficiados.

No ano de 1996, Ricardo Sérgio (diretor do Banco do Brasil com influencia na Previ) montou com Preciado o consórcio Guaraniana S/A. Segundo notícias da época, o mencionado consórcio foi composto pela Previ, Banco do Brasil e por fundos administrados pela instituição, e tem como sócia a Iberdrola, empresa gigante do setor energético. A Iberdrola deu a representação da Guaraniana a Gregório Marin Preciado.

Com o processo de privatização ocorrido no governo Fernando Henrique, o consórcio montado pelos dois, o tesoureiro e o parente de José Serra, entre 1997 e 2000, arrematou a baiana Coelba, a pernambucana Celpe e a potiguar Cosern, e Gregório Marin Preciado, de inadimplente do Banco do Brasil, passou a ser o todo poderoso representante da Iberdrola no consórcio montado.

O aprofundamento das relações de Paulo Souto, então governador, com Gregório Marin Preciado culminou na doação da Ilha do Urubu, no dia 20 de novembro de 2006, após a sua derrota nas eleições.

Diante do escândalo, uma equipe de técnicos da Coordenação de Desenvolvimento Agrário - CDA foi deslocada para Porto Seguro para fazer uma nova vistoria nas terras da Ilha do Urubu.

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