7 de fevereiro de 2009

 

No Mato Grosso, traficantes ameaçam de morte juiz federal Odilon de Oliveira

O blog do jornalista Ricardo Kotscho voltou a falar do juiz federal Odilon de Oliveira, que está ameaçado de morte por traficantes do Mato Grosso do Sul. Há anos o juiz vive sob proteção da Polícia Federal, dia e noite. É que o magistrado colocou a própria vida em risco ao condenar 114 criminosos em Ponta Porá (MS) na fronteira com o Paraguai. De 2004 a 2005 o juiz foi obrigado a morar dentro do Fórum para não ser morto. Odilon de Oliveira foi transferido para Campo Grande, mas, a ameaça permanece.

“Continuo, 24 horas por dia, andando com escolta da Polícia Federal, em carro blindado. Agentes dormem dentro da minha casa, já há cinco anos. Há um dormitório, uma espécie de posto policial, para eles. Na verdade, entre Ponta Porã e Campo Grande, mudou apenas o endereço”, afirmou o juiz Odilon de Oliveira em entrevista por e-mail a Ricardo Kotscho.

Ouvi esta história pela primeira vez em 2007. Quando ainda era estudante, o hoje jornalista Eduardo Escariz foi a Campo Grande e entrevistou o juiz Odilon de Oliveira, sob os olhares de agente da PF. A reportagem foi oferecida à revista Caros Amigos, que não se interessou em publicá-la sabe-se lá o porquê.

Interessante. Como tive acesso ao texto do jornalista Eduardo Escariz, atualmente residindo em São Paulo, fico com a impressão que o assunto retomado por Kotscho é velho. Mas, é só impressão. O assunto é mais que atual. Está acontecendo.

LEIA ENTREVISTA CONCEDIDA AO BALAIO DO KOTSCHO

BALAIO: Que lições ficaram da sua passagem por Ponta Porã, que o obrigaram a morar no Fórum, distante da família, diante das ameaças de morte recebidas? Como se deu sua transferência para o posto atual em Campo Grande?

ODILON: Estive em Ponta Porã de junho de 2004 a julho de 2005, dando rumo a uma vara que lá foi instalada na época. A experiência foi boa. Apenas acrescentou, pois sempre trabalhei em fronteiras (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia), desde que ingressei, há 22 anos, na magistratura federal.

Minha volta para Campo Grande não foi uma transferência. Sou titular da 3ª Vara desde quando a mesma foi criada, em 1989. Estive em Ponta Porã apenas por designação do Tribunal, portanto, provisoriamente.

Minha Vara é especializada em lavagem de dinheiro e em crimes financeiros, com destaque para remessas ilegais ao exterior, e delitos conexos. Ele cobre todo o Estado, inclusive, portanto, Ponta Porã.

BALAIO: Como está seu trabalho hoje? Sua vida voltou ao normal?

ODILON: Minha situação continua sendo a mesma em relação à segurança pessoal, uma vez que as atividades da minha Vara se chocam frontalmente com a criminalidade organizada.

Para você ter uma idéia, nos últimos três anos, a Vara possui um estoque muito grande de bens sequestrados do crime organizado: 600 veículos, 18 aviões, 86 fazendas, mais de 50 casas, mais de 30 apartamentos, 86 lotes urbanos, em torno de R$ 20 milhões apreendidos, etc.

Continuo, 24 horas por dia, andando com escolta da polícia federal, em carro blindado. Agentes dormem dentro da minha casa, já há cinco anos. Há um dormitório, uma espécie de posto polcial para eles. Na verdade, entre Ponta Porã e Campo Grande, mudou apenas o endereço.

BALAIO: Nos comentários enviados por leitores quando publiquei eta semana o seu drama vivido em Ponta Porã, há muitos elogios à atuação do juiz e críticas às instâncias mais altas da Justiça brasileira. Que análise o sr. faz do atual momento do Judiciário enquanto instituição. Situações como a que o sr. viveu em Ponta Porã ainda persistem em outros pontos do país?


ODILON: Não sei se em alguma outra parte do país existe algum juiz em situação semelhante quanto à segurança pessoal. Penso que não. Ameaçados, sim, sei que existem.

O Judiciário enfrenta uma fase bastante crítica. É necessário haver uma mudança na legislação processual, com o que o andamento dos processos seria mais rápido. A morosidade da Justiça a deixa desacreditada. Casos pontuais de corrupção também.

Os tribunais estão muito distantes da realidade. Tem-se a impressão de que trabalham apenas com papéis, com números, deixando a sociedade como se esta fosse detalhe.

LEIA NA ÍNTEGRA NO BALAIO DO KOTSCHO

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