30 de novembro de 2008

 

A Igreja Católica nunca assume suas posições, quase nunca

Primeiro, os bispos da CNBB deixam “vazar” para a imprensa seus documentos elaborados para alimentar o debate em suas reuniões periódicas - geralmente são de críticas radicais ao Governo Lula e ao PT -, num segundo momento, aparece um porta-voz e “explica” candidamente que as críticas não são “oficiais”. A coisa se repete periodicamente. Há muita má-fé de parte dos que ajudam a “vazar” os textos, há muita hipocrisia de parte dos que desmentem sempre o caráter supostamente oficial dos documentos.

A sem-vergonhice acaba de acontecer novamente.

Primeiro, os “consultores” vazaram para a Folha de S. Paulo o documento intitulado genericamente de “Análise de Conjuntura”, assinado por assessores. Depois veio o assessor de imprensa da CNBB “explicar” que não se trata de documento oficial da Igreja Católica. Ora, o próprio documento já esclarecia que não se tratava de “documento oficial”. Mas, a jogada hipócrita já está feita nas páginas da grande mídia conservadora e avessa ao Governo Lula e ao PT, em nome da Igreja.

Os bispos da CNBB estão pecando. Precisam se confessar e depois comungar.

O texto do documento afirma uma bobagem: “Lula entregará ao seu sucessor ou sucessora um país em situação tão precária quanto a que recebeu”. Ao tratar do tema "A política econômica do Brasil frente à crise", a análise aponta que "o presidente continua dando força ao agronegócio e à mineração, sem atentar para os danos ambientais", e que isso gerará "a crise ecológica" no país. A afirmação chega a ser caluniosa.

"Tudo se passa como se o aumento da produção para a exportação fosse uma solução e não um paliativo que adia a crise econômica, mas antecipa a crise ecológica, que é muito mais grave e que prejudicará mais os mais pobres do que os ricos", diz um trecho do texto. Os bispos adoram criticar, mas nunca apresentam políticas viáveis e realizáveis. É uma espécie de catarse.

O texto de apoio da CNBB tem dez páginas e é assinado, conforme informa o jornalão da grande mídia (que tanto os mesmos criticam), por padres e teólogos assessores. Geralmente são textos usados para provocar o debate. Desta vez, durante o congresso internacional “Cultura da vida e cultura da morte”, promovido pela CNBB e pela Pontifícia Academia Pro Vita, um centro de estudos do Vaticano. Entre os temas discutidos estão o aborto, a eutanásia e a bioética. A referência pela Folha ao congresso é mentirosa. O texto foi apresentado ao Conselho da CNBB que se reuniu no mesmo local do evento.

Ainda no tópico que trata da crise econômica, os religiosos afirmam que a política industrial do governo federal "vai no sentido de favorecer a indústria automobilística, como se ela tivesse futuro". "Fazendo de conta que a crise é apenas financeira e que o capitalismo encontrará uma solução tecnológica para os problemas de energia e de meio-ambiente, Lula entregará a seu sucessor (a) um país em situação tão precária quanto a que recebeu, com o agravante de um contexto mundial em recessão e não em crescimento", diz trecho do documento. Aí está a frase “pinçada” pela Folha para gerar a manchete do documento da CNBB que não é oficial.

O texto esquece de lembrar aos bispos que o Vaticano faz parte do sistema financeiro de modo nada exemplar.E nenhum daqueles "teólogos" abre mão de seu automóveis.

Em outro tópico, denominado "A crise humanitária numa África ensangüentada", a igreja aponta que a crise econômica "parece querer ofuscar que sua gravidade reside menos na quantidade de dólar que perdem o seu valor, do que na sua conjunção com outras crises menos visíveis: crise ecológica, energética e humanitária". Ao tratar da chamada "crise humanitária", o texto descreve conflitos atuais no Congo e faz críticas à mídia. "O conflito na África não mobiliza a mídia, pois trata-se de populações pobres, cujas vidas parecem não ter o mesmo valor que a das populações ricas”. Deixa eu ver se entendi. O texto faz crítica à mídia, a mesma que seus autores usam para divulgar as “críticas” ao Governo Lula e ao PT.

LEIA A NOTA DE ESCLARECIMENTO DA CNBB

A respeito da notícia publicada quinta-feira (27), pelo jornal Folha de S. Paulo, Editoria Brasil, e pela Folhaonline, intitulada “Igreja critica Lula e diz que petista entregará país em situação precária a sucessor”, esclareça-se o seguinte:

1. O texto “Análise de Conjuntura”, citado na referida matéria, não constitui um “Documento da Igreja Católica”.Trata-se de um estudo que a CNBB solicita, regularmente, a uma equipe de especialistas, sendo meramente consultivo, sem ser submetido à aprovação dos bispos.

2. O texto não foi divulgado durante o Congresso Internacional “Pessoa, cultura da vida e cultura da morte”, que a Pontifícia Academia para a Vida e a CNBB realizam, desde o dia 25, em Indaiatuba (SP). A apresentação se deu na reunião do Conselho Episcopal Pastoral da CNBB (Consep), que se reuniu no mesmo local, dias 24 a 26.

3. Embora ocorridos num mesmo local e em dias coincidentes, a reunião do Consep e o Congresso são dois eventos distintos.

Brasília, 27 de novembro de 2008
Pe. Geraldo Martins Dias - Assessor de Imprensa da CNBB

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Pronto. Está o dito pelo não-dito. Agora lembrem-se da manchete da Folha: “Igreja critica Lula e diz que petista entregará país em situação precária ao sucessor”.

Agora, me respondam: essa gente é séria?

Comments:
AQUI NA CIDADE ONDE MORO, NORTE DO PARANA ONDE O PREFEITO É DO PT E CANDIDATO A REELEIÇÃO, ESTAVA COM A ELEIÇÃO PRATICAMENTE GANHA, QUANDO A "IGREJA" RESOLVEU SE ENVOLVER "DISCRETAMENTE" NA POLÍTICA, ONDE NAS ENTRELINHAS FALAVA-SE SOMENTE AS COISAS RUINS DA CIDADE, DO PREFEITO, PT E ATE DA SITUÃÇÃO DO PAÍS.
FINAL DA HISTÓRIA, O PREFEITO PERDEU E O VENCEDOR FOI DO PARTIDO DA IGREJA, QUE DIAS ANTES DA ELEIÇÃO UM COMITE DELES TINHA SIDO PEGO COM PROPAGANDA MENTIROSA DO PREFEITO ATUAL E COISAS DO TIPO, MAS NADA MAIS FOI APURADO... E ASSIM CAMINHA OS CATOLICOS.
 
sugiro à igreja católica que se preocupe mais com a sua crise, pois do geito que está vai perder muitos fiés, inclusive eu, que após um longo período distante , voltei ontem à missa e me descepicionei ao ver padres fazendo propagandas para vendas de imagem naquele ambiente que antes era destinado exclusivamente para oração.

GMC.
 
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