5 de fevereiro de 2008

 

Sobre febre amarela e o flagelo da dengue

Nas últimas semanas, o brasileiro foi levado ao pânico pelo modo como a imprensa noticiou os casos de febre amarela. Os números não justificaram o alarmismo irresponsável da Folha de São Paulo. Em relação ao quesito saúde pública, a dengue continua sendo um dos grandes flagelos nacionais. Em 2007, a doença, em sua modalidade hemorrágica, levou à morte 158 pessoas.

O número (76) é mais do que o dobro das mortes provocadas pela dengue em 2006. Excede também a marca de 2002, último ano da gestão FHC, quando morreram, segundo a contabilidade do Ministério da Saúde, 150 pessoas.

Como afirma o blogueiro oficial da Folha, Josias de Souza, quem quiser, pode culpar o governo pela encrenca. Porém, antes de xingar o ministro José Gomes Temporão (Saúde), talvez convenha dar um pulinho no próprio quintal.

No caso da dengue, o descaso do cidadão, presente até mesmo na água esquecida naquele pratinho sob a planta, converte todos em cúmplices da desgraça.

Logo, não dá para culpar o governo, não é?

Comments:
Oldack, querido, uma pauta urgente!
Ainda que já façamos a defesa do governo Lula, mas teremos que radicalizar ainda mais, contra os urubus midiáticos à extrema direita.

Claro que o artigo na íntegra, não é um comentário, foi apenas a forma mais rápida de fazer contato com vc. bjo.
Tá lá no Vermelho.

5 DE FEVEREIRO DE 2008 - 22h08

Blogs reagem à nova ofensiva midiática contra o governo Lula


"Ao deixar a ex-ministra Matilde Ribeiro sendo massacrada pelos meios de comunicação até ser obrigada a entregar o cargo para saciar a sanha de setores da mídia, o governo cometeu mais um dos seus estúpidos erros políticos na relação com a oposição midiática". A opinião é do jornalista Renato Rovai, que se juntou a outros blogueiros para fazer o que o governo Lula e sua base não fazem: reagir à nova onda denuncista que a imprensa e a oposição tentam sustentar.

Em 2005, quando o governo Lula enfrentou uma grave crise política detonada pelo chamado “escândalo do mensalão”, demorou alguns meses para que blogs e jornalistas que não compactuavam com o discurso anti-Lula se organizassem e reagissem aos ataques promovidos pela quase totalidade da grande imprensa contra o governo e seus aliados.

Desta vez, a reação foi mais rápida. Vários blogs --muitos deles consolidados justamente durante a crise de 2005 e no curso da campanha eleitoral de 2006—acusaram o novo golpe preparado pelo consórcio PIG*/PSDB/DEM e postam diariamente matérias e artigos denunciando a manipulação que a imprensa promove na divulgação de informações sobre os cartões corporativos do governo.

Entre as queixas comuns postadas nos blogs, está a constatação de que a mesma mídia que faz acusações vazias contra o governo Lula, acoberta a falta de transparência de governos tucanos, como o de José Serra, em São Paulo, e de Aécio Neves, em Minas.


Rovai: não se faz política entregando anéis

O jornalista Renato Rovai, que escreve o Blog do Rovai, postou nesta terça-feira (5) artigo denunciando o jogo da mídia, mas também cobrando uma atitude mais firme do governo. “É impressionante como este governo tem uma enorme capacidade de dar grande dimensão a pequenos problemas que deveriam ser enfrentados com a seriedade que merecem e não com moralismo de botequim. Ao deixar Matilde Ribeiro ardendo em praça pública, muito provavelmente o novo núcleo duro palaciano esperava que ao entregar a cabeça da ministra negra pagaria o preço que mídia solicitava. Ingênuos. Aliás, se esse tal novo núcleo duro vier a enfrentar uma crise como a do primeiro governo, Lula vai ter que trocá-lo inteiro. Não se faz política entregando anéis só porque às vezes se acha que é hora de trocá-los. Ao oferecer aliados para saciar a fome dos opositores, em geral o que se faz é aumentar o apetite desses”, diz Rovai.


Eduardo Guimarães: movimento dos sem mídia

O titular do blog Cidadania.com, Eduardo Guimarães, também pautou em seu blog a “guerra” da mídia contra o governo Lula. Em comentário publicado hoje sob o título “PIG prega ‘fim do mundo’”, Guimarães constata que “os cartões corporativos, a CGU e o Portal da Transparência constituem uma fonte inesgotável de ‘matéria-prima’ para a mídia acusar o governo. Cada compra feita e devidamente registrada será tratada como se fosse gasto pessoal do membro do governo que utilizou o cartão. E cada compra até de alimentos para os Palácios do Planalto e da Alvorada será usada para ‘provar’ à sociedade que o Poder come do bom e do melhor. Não importa se era assim, se é assim em qualquer parte e se continuará sendo assim. O que importa é dizer ao povo: "enquanto você come pescoço de frango, o Lula come picanha argentina".”

O blogueiro sugere que os participantes do “Movimento dos Sem-Mídia se mobilizem e aceitem fazermos manifestação pública que denuncie, por exemplo, que as contas do governo Serra são uma caixa-preta que ele, ao contrário de Lula, não tem coragem de expor e que aqueles que estão acusando Lula ajudam a acobertar Serra.”

Amigos do Presidente Lula: hipocrisia tucana


O blog Amigos do Presidente Lula também entrou na polêmica optando pela contra-ofensiva: resgatou notícias que revelam casos ocorridos durante o governo FHC mas que mereceram, na época, uma cobertura tímida da imprensa.

Cita, por exemplo, o fato da filha de Fernando Henrique Cardoso, que era funcionária da Presidência, ter usado um avião da FAB para vistoriar as fazendas do pai. Lembra também o uso, até hoje nebuloso, de R$ 10 milhões dos cofres da União para que o filho de FHC, Paulo Henrique Cardoso, montasse um stand numa feira internacional na Alemanha. E cita ainda episódios de uso indevido de dinheiro público em viagens de turismo feitas por ministros do governo tucano, como José Serra, Raul Jungmann, Antônio Kandir, Luiz Felipe Lampréia, Eliseu Padilha, Paulo Renato de Souza, Clóvis Cravalho e até o Procurador Geral da República, Geraldo Brindeiro.

O blog República Vermelha reproduz o conteúdo do blog Amigos do Presidente Lula e reforça que o blog “acertou na mosca para mostrar hipocrisia da oposição e do PIG”.


Oni Presente: cartão de segurança de FHC sob suspeita

Mas quem foi mais fundo no contra-ataque foi o blog Oni Presente. Ele resolveu usar o Portal da Transparência, mantido pela CGU, para investigar o uso do cartão corporativo por parte do segurança do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ex-presidentes têm direito a manter seguranças pagos pela União. No Brasil, estes funcionários também utilizam cartões corporativos.


Em seu levantamento, o blog descobriu que o funcionário público Eduardo Maximiano Sacillotto Filho, segurança de FHC, encheu QUATRO vezes o tanque do carro num ÚNICO dia: 06 de agosto de 2007. E essa foi apenas uma das operações suspeitas feitas pelo segurança do ex-presidente.


Por um Novo Brasil: a guerra está declarada

O blog Por um Novo Brasil vai na mesma linha. E protesta: "A mídia safada, a oposição, alardeou: Apagão, epidemia de febre amarela,crise financeira devido a crise imobiliária nos EUA, desemprego. Nada aconteceu, não houve as desgraças que houve no governo de FHC. Então partem para outra, os gastos com cartões de crédito corporativos do governo, CPI da tapioca. Como disse o presidente Lula em 2006, "Nós vamos ter um enfrentamento grave. Vocês se preparem" . Como sempre o presidente Lula sabia o que estava falando. A mídia safada, a oposição feroz e virulenta, não aceitam a derrota acachapante de 2006. Para eles estarem tão violentos, a popularidade do presidente Lula deve estar elevadíssima. É o medo do presidente Lula fazer seu sucessor em 2010, e eleger seus candidatos do PT e da base aliada para as prefeituras em 2008. Vão fazer a CPI da tapioca, mas tem que fazer também a CPI dos tanques de gasolina de FHC".

Entrelinhas: histeria da grande imprensa

O blog Entrelinhas, do jornalista Luiz Antonio Magalhães, não é nem um pouco alinhado com o governo Lula. Mas também não é adepto da histeria anti-Lula como a maioria dos blogueiros da grande imprensa, que não escondem o prazer de detonar Lula e seu mandato. Entrelinhas faz uma leitura honesta do comportamento da mídia e, por isso mesmo, registra: “A histeria da grande imprensa com os gastos nos cartões corporativos é apenas mais uma forma de jogar para a torcida, apostar no udenismo rastaquera para tentar prejudicar a imagem do governo do presidente Lula. O problema é que talvez a opinião pública esteja um pouco mais madura do que os jornalões imaginam. Ela já sabe que Orlando Silva gosta de tapioca, mas talvez queira saber direitinho como os secretários de Serra fazem para pagar os jantares no Fasano.”

Aliás, o blog colocou no ar uma enquete perguntando: "A grande imprensa está perseguindo os ministros do presidente Lula no noticiário sobre os cartões corporativos?". Até as 22h de ontem, horário em que esta matéria foi publicada, os leitores do blog se dividiam entre responder "Sim, a imprensa faz perseguição pois "nunca antes neste país os gastos foram tão transparentes" (48%). Outros 50% responderam "Em termos: a imprensa está fazendo a coisa certa, mas poderia investigar também os gastos dos governadores José Serra e Aécio Neves"; e apenas 2% preferiram a alternativa "Não, a mídia está fazendo o seu papel e os ministros devem explicar cada tapioca consumida".


Confira abaixo o endereço dos blogs citados nesta matéria:

BLOG DO ROVAI: http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/blog/


AMIGOS DO PRESIENTE LULA: http://www.osamigosdopresidentelula.blogspot.com/

CIDADANIA.COM: http://edu.guim.blog.uol.com.br/

BLOG DO ONI PRESENTE: http://blogdoonipresente.blogspot.com/

POR UM NOVO BRASIL: http://por1novobrasil.blogspot.com/

ENTRELINHAS: http://blogentrelinhas.blogspot.com/

REPÚBLICA VERMELHA: http://republicavermelha.blogspot.com/

*PIG (Partido da Imprensa Golpista) é o termo que o jornalista Paulo Henrique Amorim criou para qualificar setores da grande imprensa que agem sistematicamente para derrubar o governo Lula.
 
E este artigo do Miro, excelente, vc já leu?
http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=31981


4 DE FEVEREIRO DE 2008 - 20h31

Altamiro Borges: ''Fúria do Opus Dei na América Latina''


As idéias direitistas e preconceituosas do Opus Dei já são conhecidas, mas é bom não subestimar a influência desta seita mundial – que goza de espaços na mídia burguesa e tem forte presença no aparato estatal. Seu interesse pela América Latina também não é novo e paira sempre ameaçador. Desde a sua chegada ao continente, nos anos 50, o Opus Dei planeja ardilosamente sua ascensão ao poder.

por ALTAMIRO BORGES

O jurista Ives Gandra da Silva Martins, principal expoente da seita fascista Opus Dei no Brasil, está preocupado com o avanço das esquerdas na América Latina. Num artigo raivoso na coluna Tendências/Debates da Folha de S.Paulo, ele destilou ódio e preconceito contra Hugo Chávez, Evo Morales, Fidel Castro e Lula. Ele aproveitou também para criticar a “falta de preparo” de governantes pelo mundo a fora e para oferecer seus cursinhos às novas gerações de dirigentes políticos. “Neste mundo atormentado por falsas lideranças e fantástica mediocridade, creio que valeria a pena a idéia, que propus em meu livro, de uma ‘escola de governo’... financiada pelos governos”. No meio do arrazoado direitista, um merchandising para os seus lucrativos negócios!

Na sua ótica elitista, “colhe o mundo, atualmente, uma notável safra de pseudolíderes, populistas e despreparados, que conduzem nações mais ou menos desenvolvidas exclusivamente baseados no poder de comunicação com o povo, principalmente com a parcela menos favorecida”. Nesta safra, segundo o líder da seita, estariam incluídos “o histriônico presidente venezuelano – capaz de criar desnecessárias resistências por ser incapaz de controlar seus repentes e ofensas –, que transforma o narcotráfico colombiano e sua indústria de seqüestros em ‘idealística’ guerrilha... O mesmo se pode dizer de Morales, que também pretende se perpetuar no poder e que começa, com sua enciclopédica e truculenta ignorância, a dividir a nação”.

A influência da seita fascista

Após criticar o presidente Lula por elevar impostos que atingem principalmente os bancos, Ives Gandra encerra a safra latino-americana com mais uma esquizofrenia fascistóide. “É de lembrar que os três presidentes são amigos de um ditador que fuzilou, sem julgamento – os homicídios perpetrados nos famosos ‘paredóns’ –, muito mais pessoas que Pinochet”. Além de mentir sobre a realidade dos direitos humanos em Cuba, ele não consegue esconder a sua simpatia pelo regime ditatorial do Chile, que sempre teve o ativo apoio do Opus Dei. Até quando critica a “desastrada presidência de George W. Bush”, Ives Gandra alerta para “o risco do voto num outro populista despreparado para conduzir seus destinos” – talvez numa referência doentia a Barack Obama.

As idéias direitistas e preconceituosas do Opus Dei já são conhecidas, mas é bom não subestimar a influência desta seita mundial – que goza de espaços na mídia burguesa e tem forte presença no aparato estatal. Seu interesse pela América Latina também não é novo e paira sempre ameaçador. Desde a sua chegada ao continente, nos anos 50, o Opus Dei planeja ardilosamente sua ascensão ao poder. O projeto só ganhou ímpeto com a onda de golpes militares na região a partir dos anos 60. Seus seguidores presidiram várias nações ou assessoraram inúmeros ditadores. Nos anos 90, com a avalanche neoliberal, os tecnocratas fiéis a esta seita voltaram a gozar de certo prestígio.

“Catequese” na América Latina


Nos anos 50, a seita aliciou seus primeiros fiéis entre as velhas oligarquias que procuravam se diferenciar dos povos indígenas e pregavam o fundamentalismo religioso. Mas o Opus Dei só adquiriu maior pujança com a onda de golpes a partir dos anos 60. Até então, a sua ação ainda era dispersa. Segundo excelente artigo de Marina Amaral na revista Caros Amigos, “em 1970, Josemaría Escrivá [fundador da seita na Espanha] viajou para o México dando início às ‘viagens de catequese’ pelas Américas que duraram até as vésperas de sua morte em Roma, em 1975”.

Em 1974, visitou a América do Sul, então dominada por ditaduras. “O clero progressista tentava usar o peso da Igreja para denunciar torturas e assassinatos e para lutar pelo restabelecimento da democracia. Em suas palestras, ele respondeu certa vez a um militar que perguntara como seguir o caminho da ‘santificação espiritual’ do Opus Dei: ‘Os militares já têm metade do caminho espiritual feito’”. Neste período sombrio, a seita apoiou os golpes e participou de vários governos ditatoriais, segundo Emílio Corbière, autor do livro “Opus Dei: El totalitarismo católico”.

No Chile, a seita fascista foi para o ditador Augusto Pinochet o que fora para Franco na Espanha. O principal ideólogo deste regime sanguinário, Jaime Guzmá, era um membro ativo da seita, assim como centenas de quadros civis e militares. Ela ainda apoiou os golpes e participou dos regimes autoritários na Argentina, Paraguai e Uruguai. Segundo Corbière, ela financiou o regime do ditador nicaragüense Anastácio Somoza até sua derrota para os sandinistas. Na década de 90, ainda deu “ativa assistência” à ditadura terrorista e corrupta de Alberto Fujimori, no Peru.



O fundamentalismo neoliberal



Outra fase “próspera” se dá com a ofensiva neoliberal nos anos 90. Gozando da simpatia do papa e de autonomia frente às igrejas locais, ela se beneficia da invasão de multinacionais espanholas, fruto da privatização das estatais. Muitas delas são influenciadas por numerários do Opus Dei. Segundo Henrique Magalhães, em artigo na revista A Nova Democracia, “a Argentina entregou as suas estatais de telefonia, petróleo, aviação e energia à Telefônica, Repsol, Ibéria e Endesa. A Ibéria já havia engolido a LAN [aviação], do Chile, onde a geração de energia já era controlada pela Endesa. Os bancos espanhóis também chegaram ao continente neste processo”.


“O Opus Dei é para o modelo neoliberal o que foram os dominicanos e os franciscanos para as cruzadas e os jesuítas para a Reforma de Lutero”, compara José Steinsleger, colunista do jornal mexicano La Jornada. Nos anos 90, a seita também emplacou vários bispos e cardeais na região. O mais famoso foi Juan Cipriani, do Peru, amigo intimo do ditador Alberto Fujimori. Em 1997, quando da invasão da embaixada do Japão por militantes do Movimento Revolucionário Tupac Amaru, o bispo se valeu da condição de mediador e usou um aparelho de escuta no crucifixo, o que permitiu à polícia invadir a casa e matar todos seus ocupantes.

Os tentáculos no Brasil

No Brasil, o Opus Dei fincou a sua raiz em 1957, na cidade de Marília, no interior paulista, com a fundação de dois centros. Em 1961, dada à importância da filial, a seita deslocou o numerário espanhol Xavier Ayala, o segundo na hierarquia. “Doutor Xavier, como gostava de ser chamado, embora fosse padre, pisou em solo brasileiro com a missão de fortalecer a ala conservadora da Igreja. Às vésperas do Concílio Vaticano II, o clero progressista da América Latina clamava pelo retorno às origens revolucionárias do cristianismo e à ‘opção pelos pobres’, fundamentos da Teologia da Libertação”, explica Marina Amaral.

Ainda segundo a reportagem, “aos poucos, o Opus Dei foi encontrando os seus aliados na direita universitária. Entre os primeiros estavam dois jovens promissores: Ives Gandra e Carlos Alberto Di Franco, o primeiro simpático ao monarquismo e candidato derrotado a deputado; o segundo, um secundarista do Colégio Rio Branco, dos rotarianos do Brasil. Ives começou a freqüentar as reuniões do Opus Dei em 1963; Di Franco ‘apitou’ (pediu para entrar) em 1965. Hoje, a organização diz ter no país pouco mais de três mil membros e cerca de quarenta centros, onde moram aproximadamente seiscentos numerários”.

Crescimento na ditadura

Durante a ditadura, a seita também concentrou sua atuação no meio jurídico, o que rende frutos até hoje. O promotor aposentado e ex-deputado Hélio Bicudo revela ter sido assediado duas vezes por juízes fiéis à organização. O expoente nesta fase foi José Geraldo Rodrigues Alckmin, nomeado ministro do STF pelo ditador Garrastazu Médici em 1972, e tio do candidato tucano a presidência em 2006. Até os anos 70, porém, o poder do Opus Dei era embrionário. Ele tinha quadros em posições importantes, mas sem uma atuação coordenada. Além disso, dividia com a Tradição, Família e Propriedade (TFP) as simpatias dos católicos de extrema direita.

Seu crescimento dependeu da benção dos generais e dos vínculos com poderosas empresas. Ives Gandra e Di Franco viraram os seus “embaixadores”, relacionando-se com os donos da mídia, políticos de direita, bispos e empresários. É desta fase a construção da sua estrutura de fachada – Colégio Catamarã (SP), Casa do Moinho (Cotia) e Editora Quadrante. Ela também criou uma ONG para arrecadar fundos: OSUC (Obras Sociais, Universitárias e Culturais). Esta recebe até hoje doações do Itaú, Bradesco, GM e Citigroup. Diante desta denúncia, Lizandro Carmona, da OSUC, implorou à jornalista Marina Amaral: “Pelo amor de Deus, não vá escrever que empresas como o Itaú doam dinheiro ao Opus Dei”.


Ofensiva recente na região


Na fase recente, o Opus Dei fixou planos mais ousados para conquistar poder político na região. Em abril de 2002, participou ativamente do frustrado golpe contra o presidente Hugo Chávez, na Venezuela. Um dos seus fiéis, José Rodrigues Iturbe, virou ministro das Relações Exteriores do fugaz governo golpista. A embaixada da Espanha, governada na época pelo franquista Partido Popular (PP), de José Maria Aznar – cuja esposa é do Opus Dei –, deu guarita aos seus fiéis. Outro golpista ligado à seita, Gustavo Cisneiros, é o maior empresário das comunicações no país.

Em dezembro de 2006, a seita assistiu a derrota do seu candidato, Joaquim Laví, ex-assessor do ditador Augusto Pinochet, à presidência do Chile. Já em maio de 2006, colheu nova derrota com a candidatura de Lourdes Flores, numerária do partido Unidade Nacional. Em compensação, ela festejou a vitória do narcoterrorista Álvaro Uribe na Colômbia, que dispôs de milhões de dólares do governo George Bush. Já no México, outro conhecido fiel do Opus Dei, Felipe Calderon, ex-executivo da Coca-Cola, venceu uma das eleições mais fraudulentas da história deste país.

A sua jogada mais ousada, porém, foi a tentativa de eleição de um seguidor no Brasil. Segundo Henrique Magalhães, “as esperança do Opus Dei se voltaram para Geraldo Alckmin, que hoje é um de seus quadros políticos de maior destaque. A Obra tentou fazer dele presidente para formar um eixo geopolítico com os governantes da Colômbia e do México”. A mídia e os tucanos até tentaram esconder esta sombria ligação. Numa sabatina à Folha de S.Paulo, Alckmin garantiu: “Não sou da Opus Dei; respeito quem é, mas não conheço”. Mentiu ao esconder suas estreitas relações com a seita fascista – desde seus tempos de infância, no convívio com seu pai e o tio-ministro do STF da ditadura, até às ilícitas “palestras do Morumbi”. Mas o povo não se deixou enganar. Isto explica as recentes lamúrias elitistas de Ives Gandra, o chefão do Opus Dei.
 
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