25 de maio de 2007

 

Jornal O Globo torce declarações de Jaques Wagner

Chega a ser ridículo o modo como o jornal O Globo trata a entrevista que arrancou do governador da Bahia, Jaques Wagner. Claro que se Wagner era ministro do Conselho de Desenvolvimento Econômico (CDE) seu papel era o de se relacionar com empresários, entre eles empreiteiros que tocam grandes e pequenas obras. Claro que se estava no CDE só podia ser no Planalto o atendimento. Mas o jornalista escreve como se fosse o maior crime Wagner ter recebido o tal Zuleido Veras no Planalto. O repórter se esforça para incriminar o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano. Wagner afirma que o seqüestro de dinheiro de Caetano pela Polícia Federal é um complicador. Pode até ser, se alguém puder provar que a origem do dinheiro é ilegal. Wagner também acha que a Polícia Federal se excedeu. Não havia necessidade de entrar daquele jeito na cada do prefeito.

Complicador mesmo é o jornalismo de O Globo

LEIA ENTREVISTA:

'Eu me meti nisso por um diabo de passeio'

Bernardo Mello Franco
O Globo
25/5/2007

DINHEIRO PÚBLICO NO RALO: Segundo Wagner, foi o ex-marido de sua mulher quem pediu a lancha ao empreiteiro

Governador da Bahia admite que, como ministro, recebeu Zuleido no Planalto, mas nega envolvimento no caso
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), admitiu ontem (24) ter recebido o empresário Zuleido Veras, apontado como chefe de um esquema de fraudes em obras públicas, no Palácio do Planalto. Segundo o petista, o encontro aconteceu em "abril ou maio de 2004", quando ele era ministro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Zuleido teria sido levado pelo publicitário Guilherme Sodré, ex-marido da primeira-dama baiana, Fátima Mendonça. O governador disse não ter tratado de obras com o empreiteiro e reafirmou que Sodré pediu emprestada a lancha de Zuleido em que ele passeou com a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, em novembro passado. E defendeu a abertura da CPI da Navalha.

Uma semana depois das prisões, como o senhor analisa o escândalo?
JAQUES WAGNER: A moeda tem dois lados. O ruim é o da constatação (das fraudes). O bom é ver que as instituições estão funcionando. Há um debate sobre se houve ou não exagero da Polícia Federal, mas existe autonomia para a Polícia Federal e o Ministério Público. Aqui na Bahia, o delegado que investigava a pasta rosa foi violentamente tirado e impedido de fazer o seu trabalho. A matriz do governo é investigar, doa a quem doer. É ruim para o PAC? Não acho. Constatar que tem corrupção sempre é ruim, mas isso só foi feito porque há autonomia para investigar.

A PF cometeu excessos?
WAGNER: A mulher do Luiz Carlos Caetano (prefeito de Camaçari, do PT) reclamou de excessos na prisão. Se você entrar num local com traficantes de drogas, vai com colete à prova de balas, sai dando tiro para não tomar antes. Crime do colarinho branco não é maior ou menor que o tráfico. Mas não se entra assim na casa de um prefeito.

Qual é sua opinião sobre a tentativa de instalar uma CPI?
WAGNER: Fui o proponente da CPI do Orçamento no meu primeiro mandato, em 1991. É o instrumento mais nobre para fiscalizar o Poder Legislativo. A investigação da PF é isenta e já tem um ano. Minha dúvida é se a comissão vai aprofundar ou politizar a investigação. Mas essa decisão cabe ao Congresso.

O senhor assinaria o requerimento?
WAGNER: Assinaria, pela violência dos fatos. Sou favorável a que se instale a CPI.

Como recebeu a notícia de que a PF apreendeu R$140 mil em espécie na casa do prefeito de Camaçari?
WAGNER: Aquilo foi uma surpresa. Conversamos quando ele recebeu o habeas corpus, na terça-feira, e essa notícia não existia. Evidentemente, é um elemento complicador para ele. Ele deu uma explicação de que estava guardando em casa para comprar um sítio. Caetano não é um cara patrimonialista. Mora numa casa simples em que eu, como prefeito de Camaçari, não moraria. Se você for ver o sítio (em que o dinheiro foi apreendido), é um gramado, um buraco e uma casinha.

É normal guardar essa quantia em dinheiro?
WAGNER: Não, não acho. Com banco, não acho normal ter R$140 mil em casa. Ele deu a explicação dele. Não sou juiz, mas não acho normal. Sou amigo de Caetano há muito tempo. Evidentemente, na minha posição de governador, tenho que arbitrar. Eu me meti numa porcaria dessa por conta de um diabo de um passeio... O cara pode ter dois, três mil contos. Pode ter 20 mil porque tirou do banco, ia comprar um carro, e o cara diz que só recebe em dinheiro. Evidente que é um elemento que complica. Independentemente do desenrolar, ele é meu amigo. E eu estava sustentando sua inocência, como sustento até que provem o contrário. A Justiça é que vai julgar a explicação dele.

Afinal, o senhor sabia que a lancha usada no passeio com a ministra Dilma Rousseff era de Zuleido Veras?
WAGNER: O Guilherme (Sodré, publicitário) é um amigo de longa data, pai do filho da minha mulher. A Dilma veio me ajudar na transição. Eu tinha prometido levá-la para um passeio, e ele conseguiu a lancha. Só fiquei sabendo que era de quem era no meio do caminho. A história é essa. Estou muito tranqüilo. Se o Zuleido estivesse no passeio, eu estava no "Jornal Nacional". Mas é chato.

O senhor já o conhecia?
WAGNER: Não tinha relação com ele, mas o conhecia. Ele tem uma cara muito característica, e as empresas baianas não são muitas. Diria que ele é uma pessoa conhecida na Bahia. Todo mundo no meio político o conhecia.

Ele contribuiu para alguma campanha sua?
WAGNER: Não.

Como deputado, o senhor fez alguma emenda para obras da Gautama?
WAGNER: Nenhuma.

Numa das gravações, Zuleido diz que o senhor passou o telefone de Luiz Caetano para ele.
WAGNER: Nunca dei um telefone para ele. Ele pode ter usado isso para dizer que tinha prestígio, que tinha contato comigo. Pode ser que Guilherme tenha dado a ele o telefone.

O senhor já o recebeu em audiências?
WAGNER: Uma vez, quando era ministro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. A mesma coisa de sempre: ele apresentou a empresa, no que precisar quero contar com sua ajuda, blablablá. Como recebo (outros empresários) aqui. A tarefa no conselho era exatamente essa. Ele só apresentou a empresa, até porque eu era um ministro fraco.

Quando ocorreu isso?
WAGNER: Em 2004. Abril ou maio de 2004. Uma vez o Guilherme o levou para apresentá-lo: "Olha, esse aqui é o Zuleido, dono de uma empresa". Tenho muita intimidade com o Guilherme. Com o Zuleido, nenhuma. Até porque o perfil dele já era muito violento. Ele era muito pró-ativo na conquista de aliados. Na minha opinião, ele fez isso com Caetano: "Prefeito, o senhor precisa de uma obra? Pode deixar que eu vou arrumar dinheiro". Embora não haja provas de que ele foi favorecido lá.

O que o senhor pensa sobre a lista de parlamentares que receberam brindes da Gautama?
WAGNER: Você tem que sair da hipocrisia para entrar na democracia. Isso aí (apontando uma escultura sobre a mesa) eu ganhei da Nestlé. Podem te levar para jantar em algum lugar. No Natal, como ministro, eu posso ter recebido cinco, dez, 20 gravatas, uma agenda, uma garrafa de vinho. Pego os cartões e mando a secretária agradecer. Isso é uma bobagem. Mas, se o cara deu um apartamento, não é um mimo.

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