10 de abril de 2007
O povo da Bahia vai ganhar com transposição das águas do rio São Francisco
Desde que o ministro Geddel Vieira Lima, da Integração Nacional, passou pela Bahia dialogando com a sociedade sobre a transposição das águas do rio São Francisco minhas convicções se fortaleceram: (1) o Projeto de Integração das Bacias Hidrográficas é de fundamental importância para o desenvolvimento de uma boa parte do Nordeste brasileiro, (2) a revitalização do rio São Francisco não se contrapõe à transposição das águas e (3) a Bahia, embora seja doadora de água, vai ganhar com o projeto do Governo Lula. Sobre a cobertura da imprensa, minhas convicções também se fortaleceram: puro lixo midiático, textos parciais, torcidos, títulos grotescamente editorializados. Sintomaticamente, o noticiário mais objetivo veio do Diário Oficial do Legislativo. Em segundo lugar, ficou a Tribuna da Bahia. Podem comparar.
Mais uma vez os técnicos explicaram aos políticos, aos jornalistas, aos padres e às ONGs que o rio São Francisco terá obras de revitalização antes, durante e depois da transposição das águas. A revitalização do São Francisco vai levar pelo menos 20 anos. A revitalização do rio Tamisa, em Londres, por exemplo, levou 35 anos. O processo de degradação do São Francisco já está sendo sustado. Entre 2004 e 2006 foram investidos cerca de R$ 194 milhões em obras de revitalização. E deste total, R$ 59 milhões foram destinados à Bahia em obras de esgotamento sanitário nas cidades ribeirinhas e na recomposição das matas ciliares.
Mais uma vez os técnicos descreveram o projeto que prevê a construção de dois canais: um a Leste, que vai levar água para Pernambuco e Paraíba, a partir da captação de água na Barragem de Itaparica; outro canal ao Norte, vai abastecer o Ceará e o Rio Grande do Norte com a captação feita nas imediações da cidade de Cabrobó (PE). Os dois canais vão retirar continuamente 26 metros cúbicos por segundo de água, num rio cuja vazão na foz é de 1.850 metros cúbicos por segundo. A retirada equivale, portanto, a 1,4% da vazão das águas que iriam para o oceano.
ÁGUA PARA O POVO DO NORDESTE
O projeto de Integração das Bacias Hidrográficas do Nordeste (vulgarmente chamado de Transposição das Águas) será de grande importância para a manutenção dos grandes açudes do Nordeste Setentrional, obrigados sempre a manter um nível elevado no espelho d´água para que os grandes conglomerados urbanos do Nordeste não corram risco de desabastecimento nos períodos de estiagem prolongada. Atualmente, os açudes só podem utilizar 22% de seus reservatórios. Com isso, cerca de 70% do reservatório é perdido apenas com a evaporação e as infiltrações. Com a transposição das águas do São Francisco haverá um efeito de regulação. Quando chove, os reservatórios muitas vezes não têm espaço suficiente para acumular as águas das cheias, depois do projeto concluído os reservatórios poderão utilizar até 50% de sua capacidade.
Ainda que os argumentos segundo os quais o projeto visaria a beneficiar grandes empreendimentos sejam verdadeiros, o manejo das águas que abastecem os grandes centros urbanos do Nordeste já justificaria o projeto, que vai custar R$ 4,5 bilhões para sua execução e mais R$ 1,3 bilhão na revitalização, um total de R$ 5,8 bilhões.
Para garantir água para o Nordeste, sempre vítima da indústria da seca, o Projeto de Integração das Bacias vai custar R$ 93,8 milhões/ano para seu funcionamento, incluindo aí o bombeamento das águas, manutenção das adutoras e pagamento da folha de pessoal. É tão urgente a transposição das águas que o projeto estará no limite de sua capacidade de atendimento à população em 25 anos, levando em conta os índices de crescimento populacional de 1,5% ao ano. Imaginem então o que aconteceria com toda essa gente – 12 milhões de almas - sem segurança no abastecimento.
E a Bahia vai ganhar com o Projeto de Integração das Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional – como sempre se chamou o projeto, vulgarizado por nossa grotesca e elitista mídia como projeto de transposição das águas.
Vai ganhar porque a revitalização do rio São Francisco passa a ser obrigatória. Sem recomposição das nascentes, reflorestamento das matas ciliares, sem obras de esgotamento sanitário, não haverá água nenhuma para transposição.
Com a revitalização do São Francisco e recuperação da calha do rio os projetos de irrigação do Salitre e Baixios de Irecê tornam-se viáveis. Nem mesmo a greve de fome do bispo, o oportunismo político de certa esquerda e a exploração político-eleitoreira do PFL baiano foram inúteis. Alertado, o Governo Lula anunciou o projeto “Água Para Todos”, semelhante ao vitorioso “Luz Para Todos”, para levar água para localidade perdidas no sertão profundo, o que será completado com o tal milhão de cisternas e poços artesianos que ONGs e parte da Igreja Católica pregam como o caminho da salvação.
Vai ser uma grande e memorável luta. O ministro Geddel Vieira Lima precisa providenciar uma grande campanha publicitária de esclarecimento popular, isso porque as elites – aí incluídos alguns deputados, parte da Igreja Católica, poucos grupinhos de esquerda, o PFL, o decadente carlismo, alguns burocratas do Ministério Público e entidades tucanas como a OAB – não precisam de esclarecimento, são contra. E o povo brasileiro, nordestino, baiano, precisa saber quem é quem.
Mais uma vez os técnicos explicaram aos políticos, aos jornalistas, aos padres e às ONGs que o rio São Francisco terá obras de revitalização antes, durante e depois da transposição das águas. A revitalização do São Francisco vai levar pelo menos 20 anos. A revitalização do rio Tamisa, em Londres, por exemplo, levou 35 anos. O processo de degradação do São Francisco já está sendo sustado. Entre 2004 e 2006 foram investidos cerca de R$ 194 milhões em obras de revitalização. E deste total, R$ 59 milhões foram destinados à Bahia em obras de esgotamento sanitário nas cidades ribeirinhas e na recomposição das matas ciliares.
Mais uma vez os técnicos descreveram o projeto que prevê a construção de dois canais: um a Leste, que vai levar água para Pernambuco e Paraíba, a partir da captação de água na Barragem de Itaparica; outro canal ao Norte, vai abastecer o Ceará e o Rio Grande do Norte com a captação feita nas imediações da cidade de Cabrobó (PE). Os dois canais vão retirar continuamente 26 metros cúbicos por segundo de água, num rio cuja vazão na foz é de 1.850 metros cúbicos por segundo. A retirada equivale, portanto, a 1,4% da vazão das águas que iriam para o oceano.
ÁGUA PARA O POVO DO NORDESTE
O projeto de Integração das Bacias Hidrográficas do Nordeste (vulgarmente chamado de Transposição das Águas) será de grande importância para a manutenção dos grandes açudes do Nordeste Setentrional, obrigados sempre a manter um nível elevado no espelho d´água para que os grandes conglomerados urbanos do Nordeste não corram risco de desabastecimento nos períodos de estiagem prolongada. Atualmente, os açudes só podem utilizar 22% de seus reservatórios. Com isso, cerca de 70% do reservatório é perdido apenas com a evaporação e as infiltrações. Com a transposição das águas do São Francisco haverá um efeito de regulação. Quando chove, os reservatórios muitas vezes não têm espaço suficiente para acumular as águas das cheias, depois do projeto concluído os reservatórios poderão utilizar até 50% de sua capacidade.
Ainda que os argumentos segundo os quais o projeto visaria a beneficiar grandes empreendimentos sejam verdadeiros, o manejo das águas que abastecem os grandes centros urbanos do Nordeste já justificaria o projeto, que vai custar R$ 4,5 bilhões para sua execução e mais R$ 1,3 bilhão na revitalização, um total de R$ 5,8 bilhões.
Para garantir água para o Nordeste, sempre vítima da indústria da seca, o Projeto de Integração das Bacias vai custar R$ 93,8 milhões/ano para seu funcionamento, incluindo aí o bombeamento das águas, manutenção das adutoras e pagamento da folha de pessoal. É tão urgente a transposição das águas que o projeto estará no limite de sua capacidade de atendimento à população em 25 anos, levando em conta os índices de crescimento populacional de 1,5% ao ano. Imaginem então o que aconteceria com toda essa gente – 12 milhões de almas - sem segurança no abastecimento.
E a Bahia vai ganhar com o Projeto de Integração das Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional – como sempre se chamou o projeto, vulgarizado por nossa grotesca e elitista mídia como projeto de transposição das águas.
Vai ganhar porque a revitalização do rio São Francisco passa a ser obrigatória. Sem recomposição das nascentes, reflorestamento das matas ciliares, sem obras de esgotamento sanitário, não haverá água nenhuma para transposição.
Com a revitalização do São Francisco e recuperação da calha do rio os projetos de irrigação do Salitre e Baixios de Irecê tornam-se viáveis. Nem mesmo a greve de fome do bispo, o oportunismo político de certa esquerda e a exploração político-eleitoreira do PFL baiano foram inúteis. Alertado, o Governo Lula anunciou o projeto “Água Para Todos”, semelhante ao vitorioso “Luz Para Todos”, para levar água para localidade perdidas no sertão profundo, o que será completado com o tal milhão de cisternas e poços artesianos que ONGs e parte da Igreja Católica pregam como o caminho da salvação.
Vai ser uma grande e memorável luta. O ministro Geddel Vieira Lima precisa providenciar uma grande campanha publicitária de esclarecimento popular, isso porque as elites – aí incluídos alguns deputados, parte da Igreja Católica, poucos grupinhos de esquerda, o PFL, o decadente carlismo, alguns burocratas do Ministério Público e entidades tucanas como a OAB – não precisam de esclarecimento, são contra. E o povo brasileiro, nordestino, baiano, precisa saber quem é quem.