15 de agosto de 2006
Promessas a João Pedro, meu neto
Como a escritora Ana Miranda prometeu a seu neto Gabriel, a você, que vai crescer num mundo conturbado, prometo lhe dar a mão, para que nunca sinta medo ou insegurança.
Em seu berço, prometo zelar pela paz de seu sono. Prometo lhe dar banho, lhe enxugar, lhe fazer sorrir, trocar suas fraldas, cantar cantigas de ninar inventadas na hora, ficar só olhando, contemplando seu rosto perdido no tempo, beijar seus cabelos, suas mãozinhas e pezinhos nos momentos de aflição.
Prometo lhe embalar na hora do sono e compreender sua resistência ao dormir, que viver acordado é bom. Prometo fotografar seus melhores momentos e gozarmos juntos a brisa fresca do mar da Bahia.
Prometo, como Ana prometeu a seu neto Gabriel, procurar não cometer os mesmos erros que cometi com sua mãe quando era criança. E, se cometê-los, reconhecer os erros e sempre me retratar. Prometo lhe levar ao médico e ao dentista e lhe dar todas as vacinas recomendadas, as espirituais e as intelectuais, como Ana Miranda prometeu a seu neto Gabriel.
Prometo lhe acompanhar à escola, às melhores escolas, lhe incentivar a pintar, a desenhar, a gostar de ler livros, de ser livre e bom, a compreender que o amor e a tolerância devem existir entre os seres, e a ter amigos, muitos amigos, árabes, judeus, mexicanos, norte-americanos, evangélicos, católicos, espíritas, mães de santo e filhos de santo, pobres e ricos, brancos, negros, mestiços, e a comer verduras e legumes. Como Ana Miranda prometeu a Gabriel.
Prometo lhe acompanhar às aulas de dança, para que aprenda a falar a linguagem do corpo e às aulas de violão, para que aprenda a ouvir a linguagem da alma. Prometo lhe ensinar a argumentar, para que a paz se sobreponha à desrazão da violência.
Prometo que você nunca passará fome ou privação, mas saberá sempre que alguém estará passando fome e privação, e que é preciso dividir o pouco que se tem e o que se tem a mais. Como Ana Miranda prometeu a Gabriel.
Prometo lhe levar sempre ao parque da cidade, ao zoológico e à praia e prometo, como Ana prometeu, ver o dragão, o besouro e o animal dentro de nós.
Ah! Também prometo aceitar sua futura namorada e sua escolha profissional.
Prometo que vou saber lhe ouvir, ter sempre muita paciência, carinho, compreensão, doçura e suavidade, a dizer não, só de vez em quando, para não tirar a autoridade de sua mãe e de seu pai, mas com o coração partido. Como Ana Miranda prometeu a Gabriel.
Prometo nunca abandonar minhas crenças políticas e lutar para realizá-las para que possa deixar para você, mais que um velho apartamento no Rio Vermelho, riquezas interiores.
Prometo cultivar em você o amor pelo Brasil e pela língua portuguesa. E prometo lhe fazer conhecer o estrangeiro, ter amor por outras pátrias e línguas, de modo que você também se sinta um cidadão do mundo.
Prometo lhe levar ao teatro, ao cinema e à biblioteca. Também prometo lhe levar ao Pelourinho e a vibrar com a dança da capoeira. E prometo deixar você navegar em meu computador.
Como Ana Miranda prometeu a Gabriel, prometo não dissipar meu dinheiro comprando coisas desnecessárias, e também não guardar dinheiro demais, porque usura é pecado mortal.
Prometo continuar votando consciente e com esperança, sem nunca perder a ternura, lhe contar estórias inventadas e lhe revelar quem foi Che Guevara.
Como Ana prometeu a Gabriel, prometo lhe ensinar a não jogar papel na rua, não deixar de olhar e ouvir os passarinhos nas árvores, não trabalhar de mais nem de menos, de modo que tenha sempre tempo para você.
Prometo acreditar nos sonhos, mesmo sendo o sonho um grande risco. E procurar sonhar na medida certa. Prometo lhe levar a Minas, contemplar os profetas de Aleijadinho em Mariana, subir as ladeiras de Ouro Preto, se encantar com o belo horizonte da Serra das Mangabeiras.
Prometo amar as flores, as plantas, os bichos, e prometo não demorar no banho para que as águas não desapareçam de uma fonte límpida. Prometo não cortar nenhuma árvore e, quando construir minha casa no sítio, plantar mais árvores do que aqueles arbustos que derrubei.
Prometo andar a pé com você, sair de carro com atenção, dirigir de olho no mundo, comprar produtos orgânicos e naturais. Prometo não lhe oferecer refrigerantes e prometo lhe dar refrigerantes se não lhe convencer que suco de frutas frescas é mais saudável.
Prometo lhe dar livros de poemas, de Pablo Neruda, e contos de Guimarães Rosa, e não esquecer a poesia que existe em você e no mundo que lhe cerca.
Prometo que essas não serão promessas vãs e, se forem, prometo pedir perdão pela fraqueza de avô, como Ana Miranda me ensinou em seu lindo texto “Promessas a Gabriel”, publicado um dia na revista Caros Amigos. (Oldack de Miranda)
Em seu berço, prometo zelar pela paz de seu sono. Prometo lhe dar banho, lhe enxugar, lhe fazer sorrir, trocar suas fraldas, cantar cantigas de ninar inventadas na hora, ficar só olhando, contemplando seu rosto perdido no tempo, beijar seus cabelos, suas mãozinhas e pezinhos nos momentos de aflição.
Prometo lhe embalar na hora do sono e compreender sua resistência ao dormir, que viver acordado é bom. Prometo fotografar seus melhores momentos e gozarmos juntos a brisa fresca do mar da Bahia.
Prometo, como Ana prometeu a seu neto Gabriel, procurar não cometer os mesmos erros que cometi com sua mãe quando era criança. E, se cometê-los, reconhecer os erros e sempre me retratar. Prometo lhe levar ao médico e ao dentista e lhe dar todas as vacinas recomendadas, as espirituais e as intelectuais, como Ana Miranda prometeu a seu neto Gabriel.
Prometo lhe acompanhar à escola, às melhores escolas, lhe incentivar a pintar, a desenhar, a gostar de ler livros, de ser livre e bom, a compreender que o amor e a tolerância devem existir entre os seres, e a ter amigos, muitos amigos, árabes, judeus, mexicanos, norte-americanos, evangélicos, católicos, espíritas, mães de santo e filhos de santo, pobres e ricos, brancos, negros, mestiços, e a comer verduras e legumes. Como Ana Miranda prometeu a Gabriel.
Prometo lhe acompanhar às aulas de dança, para que aprenda a falar a linguagem do corpo e às aulas de violão, para que aprenda a ouvir a linguagem da alma. Prometo lhe ensinar a argumentar, para que a paz se sobreponha à desrazão da violência.
Prometo que você nunca passará fome ou privação, mas saberá sempre que alguém estará passando fome e privação, e que é preciso dividir o pouco que se tem e o que se tem a mais. Como Ana Miranda prometeu a Gabriel.
Prometo lhe levar sempre ao parque da cidade, ao zoológico e à praia e prometo, como Ana prometeu, ver o dragão, o besouro e o animal dentro de nós.
Ah! Também prometo aceitar sua futura namorada e sua escolha profissional.
Prometo que vou saber lhe ouvir, ter sempre muita paciência, carinho, compreensão, doçura e suavidade, a dizer não, só de vez em quando, para não tirar a autoridade de sua mãe e de seu pai, mas com o coração partido. Como Ana Miranda prometeu a Gabriel.
Prometo nunca abandonar minhas crenças políticas e lutar para realizá-las para que possa deixar para você, mais que um velho apartamento no Rio Vermelho, riquezas interiores.
Prometo cultivar em você o amor pelo Brasil e pela língua portuguesa. E prometo lhe fazer conhecer o estrangeiro, ter amor por outras pátrias e línguas, de modo que você também se sinta um cidadão do mundo.
Prometo lhe levar ao teatro, ao cinema e à biblioteca. Também prometo lhe levar ao Pelourinho e a vibrar com a dança da capoeira. E prometo deixar você navegar em meu computador.
Como Ana Miranda prometeu a Gabriel, prometo não dissipar meu dinheiro comprando coisas desnecessárias, e também não guardar dinheiro demais, porque usura é pecado mortal.
Prometo continuar votando consciente e com esperança, sem nunca perder a ternura, lhe contar estórias inventadas e lhe revelar quem foi Che Guevara.
Como Ana prometeu a Gabriel, prometo lhe ensinar a não jogar papel na rua, não deixar de olhar e ouvir os passarinhos nas árvores, não trabalhar de mais nem de menos, de modo que tenha sempre tempo para você.
Prometo acreditar nos sonhos, mesmo sendo o sonho um grande risco. E procurar sonhar na medida certa. Prometo lhe levar a Minas, contemplar os profetas de Aleijadinho em Mariana, subir as ladeiras de Ouro Preto, se encantar com o belo horizonte da Serra das Mangabeiras.
Prometo amar as flores, as plantas, os bichos, e prometo não demorar no banho para que as águas não desapareçam de uma fonte límpida. Prometo não cortar nenhuma árvore e, quando construir minha casa no sítio, plantar mais árvores do que aqueles arbustos que derrubei.
Prometo andar a pé com você, sair de carro com atenção, dirigir de olho no mundo, comprar produtos orgânicos e naturais. Prometo não lhe oferecer refrigerantes e prometo lhe dar refrigerantes se não lhe convencer que suco de frutas frescas é mais saudável.
Prometo lhe dar livros de poemas, de Pablo Neruda, e contos de Guimarães Rosa, e não esquecer a poesia que existe em você e no mundo que lhe cerca.
Prometo que essas não serão promessas vãs e, se forem, prometo pedir perdão pela fraqueza de avô, como Ana Miranda me ensinou em seu lindo texto “Promessas a Gabriel”, publicado um dia na revista Caros Amigos. (Oldack de Miranda)