30 de maio de 2013

 

MIROU NO JORNALISTA, ACERTOU NA IMPRENSA E FERIU A DEMOCRACIA

 Por Ernesto Marques

Uma conhecida piada no meio jurídico diz que existem três tipos de justiça no Brasil: a boa, a má e a justiça da Bahia. A juíza Marielza Brandão, deu razão a essa piada sem graça. Na semana passada, lamentavelmente, nós baianos, herdeiros do legado de Rui Barbosa, fomos expostos à vergonha nacional por uma decisão liminar assinada pela juíza que mandou tirar do ar texto do jornalista e escritor Emiliano José, publicado em seu blog e antes disso, no jornal A TARDE.


Intitulado “A Premonição de Yaiá”, o texto cita a participação do pastor e poderoso advogado, Átila Brandão, na repressão política da ditadura como torturador. O caso está na internet, assim como o texto que a juíza quis censurar, mas não conseguiu, graças à ação de vários jornalistas que o mantém publicado em vários sites e perfis pessoais. É só procurar “Premonição de Yaiá”.
Está em uso um método dissimulado, algo cínico e pernicioso, de tortura à imprensa como um todo. Não falo em tortura física, mas tortura profissional/institucional. Sentido figurado, mas não menos violento. Não causa dor física em um indivíduo, mas sofrimento moral para jornalistas e toda a sociedade. Falo do recurso à Justiça para impedir a livre circulação de informações de interesse público e para intimidar jornalistas com a ameaça de processos como a queixa-crime do pastor acusado de tortura, contra o jornalista, com pedido de indenização de 2 milhões de reais.

O pastor é reincidente, já torturou assim o jornalista Samuel Celestino, com esses mesmos instrumentos – ações judiciais -, anos atrás, por também ter sido citado como agente da repressão.
Gigantes da especulação imobiliária de Salvador movem quatro processos contra o jovem jornalista Aguirre Peixoto. Cartolas do futebol baiano ainda perseguem o ex-repórter da TVE, Oscar Paris, no tapetão.

E no começo do ano passado, a jornalista Nadia Vladi não pode participar de uma manifestação contra o uso privado de áreas públicas porque uma decisão judicial a ameaçava com prisão, se ousasse exercer seu direito de cidadã de caminhar livremente nas ruas e dizer o que pensa.

Quem  mira num jornalista dessa forma, acerta a imprensa em cheio. Mas fere de morte a democracia. Isso não pode continuar acontecendo com a colaboração da Justiça.
Você encontra Ernesto Marques no Twitter e no Facebook.

*Texto integral do comentário veiculado no Jornal da Educadora FM, edição de 29.05.2013

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