28 de novembro de 2012

 

Mensalão: uma história muito mal contada

Marcos Coimbra, do Instituto de Pesquisa Vox Populi, colunista da revista CartaCapital, levantou a lebre num artigo intitulado “História mal contada”. Ele comenta que ministros e jornalistas ficaram tão satisfeitos e felizes com o resultado do julgamento que nem sequer se preocupam com os furos e inconsistências. “A história faz água por todos os lados”, afirma Coimbra.

Não faz muito sentido a história construída pela mídia, adotada pelo Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, e internalizada pelos ministros do STF. Quer dizer que José Dirceu e José Genoíno criaram um “esquema” entre 2004 e 2055 para desviar recursos públicos para comprar votos no Congresso e assim perpetuar o PT no poder, e para tanto montaram uma “quadrilha”?

É o caso de se perguntar que recursos públicos? O que fariam com os votos que comprassem? Afinal, para que esse apoio comprado serviria? Ora, só com muita forçação de barra pode-se considerar recursos da conta de propaganda do Visanet como dinheiro público, qualquer auditor de esquina pode apurar isso. A tese da compra de votos é tão frágil quanto essa. Nos anos anteriores, a arrecadação de recursos foram para pagar despesas partidárias, eleitorais ou administrativas do PT. Todos admitiram a ilegalidade da arrecadação não contabilizada, mas nada comprova que parlamentares foram comprados.

Se parlamentares foram comprados qual o objetivo? Para aprovar a reforma da Previdência? A reforma tributária? Não é assim que as coisas funcionam no relacionamento entre o Executivo e o Legislativo no Brasil, quem conhece sabe. O mais absurdo de tudo foi a argumentação do objetivo escuso de “assegurar a permanência do PT no poder” (como se este não fosse o objetivo legítimo de todo e qualquer partido).

O crime da arrecadação ilegal de recursos de campanha não justifica condenações a penas tão duras e absurdas.

Conclusão: os ministros da Suprema Corte, a Procuradoria-Geral da República e seus amigos na mídia se confundiram. A vez de comprar votos na Câmara para permanecer no poder já tinha acontecido em 1977, quando deputados foram comprados para aprovarem a emenda da reeleição, no caso, de Fernando Henrique Cardoso.

Fonte: CartaCapital (28/11/2012).

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