31 de agosto de 2010

 

Os generais da ditadura não gostavam de mulher pelada

Durante a ditadura militar (1964-1985) os editores de revistas eróticas sofriam. Eles tinham que se adaptar às regras oficiais dos censores. Bunda, só de lado. Seio, somente um. E sem mamilo. Pelos pubianos, nem pensar. Os generais terroristas da ditadura não gostavam de mulher pelada e não deixavam quem gostava ver. “Maria Erótica e o Clamor do Sexo”, livro do jornalista Gonçalo Júnior, resgata a memória dos que lutaram contra a ditadura no campo editorial.

A pesquisa de Gonçalo Júnior começou como projeto de conclusão de curso na faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Ele reuniu um acervo de 5.000 mil títulos de revistas eróticas. O preconceito dos militares e dos censores civis considerava que revista de mulher pelada não prestava. Assim, faz sentido a visão do jornalista Gonçalo Júnior: “É um livro sobre política. Sexo era visto como coisa de comunista, subversivo”.

As informações citadas aqui são do jornalista Diego Bercito (SP), da Ilustrada da Folha de S. Paulo (28/08/2010). A ilustração da pequena matéria é muito interessante. A revista Xuxu, de 1971, publicava uma maravilhosa mocinha nua, mas com tarjas pretas nos seios e lá embaixo. Entre os títulos estudados estão obras de pequenas editoras como a Edrel (1966-1975), a Grafipar (1972-1984), gibis como “O incrível (e bem dotado) Hukão”, que fazia referência ao homem com o maior pênis do mundo e o “Supergay”, uma sátira homossexual.

O destaque fica para “Maria Erótica”, de Cláudio Seto (1944-2008). Ingênua e sensual, no texto de Diego Bercito, a Maria Erótica do título era “a mulher que surgia na época: desinformada e perdida em um furacão sexual”. “Maria Erótica e o Clamor do Sexo” é da Editora Peixe Grande. É um calhamaço de 496 páginas.

Putz, ainda bem que a ditadura passou. Vocês viram a Cléo Pires na Playboy?

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