23 de abril de 2010

 

As desventuras de Montenegro, do IBOPE, na Bahia

Montenegro, o filho pródigo
Autor: Jornalista Everaldo de Jesus

Eis que retorna para mais uma rodada eleitoral o IBOPE e seu diretor, Carlos Augusto Montenegro, tal como a parábola bíblica da volta do filho pródigo. O errante consumiu todo seu capital (credibilidade) em pesquisas rotas cujos resultados efetivos mancharam a reputação do instituto definitivamente. Entretanto, a mídia brasileira recebe-o de braços abertos e faz festa para o filho desgarrado. Matam-se bezerros e candidatos pretensiosos para celebrar auspicioso retorno. “O filho que estava morto, reviveu”, anuncia o pai que não cabe em si.

Esse mesmo Ibope e sua estrela, Montenegro, fartaram o País de pesquisas ditas científicas, cujos resultados reais estavam bem longe. Certa vez disse que audiência do SBT em um determinado horário era de 18%. O estranho é que a emissora estava fora do ar e exibia no lugar de programação apenas uma tela azul. Custo zero para 18% de Ibope: que maravilha!

Na Bahia, a quase vítima mais recente foi o atual governador, Jacques Wagner, dado por derrotado no primeiro turno das eleições de 2006, cujo vencedor aclamado pelo Ibope até a véspera do pleito era o carlista Paulo Souto.

Antevendo cair no grotesco, O instituto tentou amenizar o tamanho da encrenca fabricando picos de intenções de voto de última hora. Saltos de preferência do eleitorado pelo petista foram “percebidos” pelo Ibope. Há menos de um mês do certame, Wagner tinha módicos 16% das intenções de voto. Pulou para 27% da pesquisa seguinte, para 35% na véspera das eleições, para finalmente vencer em primeiro turno na “boca da urna” com mais de 51%. Os eleitores baianos devem ser realmente a “metamorfose ambulante” cantada por Raul Seixas, que aliás também era baiano!

Não foi a primeira desventura de Montenegro na Bahia. Nas eleições disputada pelo PT contra o pefelismo, Antonio Carlos Magalhães e seus discípulos sempre partiam de números generosamente favoráveis, para fecharem com resultados eleitorais bem mais modestos. E quem vive a política bem sabe como uma pesquisa desfavorável arrefece os ânimos, joga água fria na militância do candidato em baixa, enfim, ajuda a derrotar de fato o candidato malquisto pelo Ibope.

Nelson Pelegrino, duas vezes candidato do PT à prefeitura de Salvador, experimentou essa armação montenegrina. Na primeira tentativa, em 2000, contra o candidato de ACM, Antonio Imbassahy, o Ibope manteve Pelegrino com números inexpressivos durante toda a campanha, enquanto o candidato pefelista punjava em mais de 60% das intenções de voto. Apurou-se as urnas, o carlista venceu em primeiro turno com pouco mais de50% dos votos. O petista “saltou“ em um único dia de 21 para 37%. O TRE registrou ainda um alto índice de abstenção e um volume de votos nulos exorbitantes.

Agora, Montenegro retorna gentil aos braços do “pai-mídia”, que rapidamente esquece de todos os seus erros. Montenegro, espertamente, anuncia coisas que soam agradáveis aos ouvidos do sofrido genitor. A candidata Dilma, diz ele, não passa de 15%. Lula, vaticina, não elege seu sucessor. Serra, prenuncia, será o próximo presidente da República. Montenegro, o filho pródigo, vai matar o velho pai com tantas alegrias.

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