10 de novembro de 2009
Missa no Mosteiro de São Bento da Bahia em memória de Yolanda Pires
Bem escolhido, o Mosteiro de São Bento da Bahia, para a celebração (segunda, 9 de novembro) da missa em memória de Yolanda Pires, falecida em 2005. Tanto pela beleza e plasticidade da arquitetura medieval quanto pela profunda espiritualidade dos monges beneditinos. Dom Emanuel d´Able Amaral, Abade do Mosteiro de São Bento celebrou a missa, auxiliado por oito monges e pelo famoso coral. Uma coisa incrível para nenhum comunista botar defeito. Uma missa tão mágica e envolvente quanto as celebradas por d. Timóteo Amoroso.
Sobretudo, pela identificação do perfil libertário de Yolanda Pires com a tradição do Mosteiro de esconder perseguidos de várias épocas. Ali se esconderam abolicionistas, maçons e, com a ditadura militar de 1964, militantes e políticos perseguidos pelo regime. Não há combatente contra a ditadura que não se lembre com admiração e afeto do carismático d. Timóteo, um insistente pregador contra a ditadura militar. Escondeu muito subversivo e promoveu o ecumenismo religioso.
“Nos anos 70, dom Timóteo protegeu os perseguidos pela ditadura militar, o que representava, ao mesmo tempo, cumprir o preceito de hospitalidade da Regra de São Bento, definir uma posição política clara contra o regime de força e reafirmar o papel histórico do mosteiro como espaço de resistência na cidade. Isso o conduziu ao estudo da Teologia da Libertação. Para ele, era Deus que obrigava o homem a lutar pela igualdade social não somente a tirar o homem da favela, mas a tirar a favela de dentro do homem; a miséria era pecado o homem escravizando o próprio homem era pecado, o homem se deixando escravizar era pecado. Ou seja, centrado na plasticidade da regra, Dom Timóteo enxergava a contradição entre ação e contemplação e promovia uma renovação” (Tânia Maria Diederichs Fischer in As Lições do Mosteiro de São Bento).
De instituição fechada, voltada para o claustro físico, o Mosteiro de São Bento transformou-se numa instituição moderna, cultural, com acesso às novas tecnologias, sem perder a essência da contemplação e sua profunda espiritualidade.
A celebração da missa em memória de Yolanda Pires se insere neste contexto. Yolanda e Waldir Pires foram perseguidos, exilados, retornados, sofreram e continuaram a doar o melhor de si mesmos para a justiça social. Uma vida inteira. Daí os elogios do Abade d. Emanuel d´Able Amaral.
Assisti a missa ao lado do advogado Inácio Gomes, meu advogado na época da ditadura militar, em Salvador, e ao lado do pastor Djalma Torres, da Igreja Batista Nazaré. O ex-preso político, ao lado do advogado católico seguidor de d. Timóteo e ao lado do pastor evangélico. Do outro lado, o ex-preso político e hoje deputado federal Emiliano José (PT-Ba). Todos celebrando a memória de Yolanda Pires.
Mais atrás. Uma grande representação – 94 trabalhadores - vinda de Conceição do Jacuípe (antiga Birimbau), cidade distante 97 km de Salvador, todos integrantes da Associação Educacional e Cultural de Conceição do Jacuípe, dirigida pelo professor Alyrio Dantas de Azevedo Filho desde 1982. A ONG produz tabuleiros de xadrez e do jogo de damas para as escolas públicas do Brasil, através de projeto do Ministério dos Esportes. Vieram celebrar Iolanda e Waldir Pires, que os apoiaram desde sempre.
Sobretudo, pela identificação do perfil libertário de Yolanda Pires com a tradição do Mosteiro de esconder perseguidos de várias épocas. Ali se esconderam abolicionistas, maçons e, com a ditadura militar de 1964, militantes e políticos perseguidos pelo regime. Não há combatente contra a ditadura que não se lembre com admiração e afeto do carismático d. Timóteo, um insistente pregador contra a ditadura militar. Escondeu muito subversivo e promoveu o ecumenismo religioso.
“Nos anos 70, dom Timóteo protegeu os perseguidos pela ditadura militar, o que representava, ao mesmo tempo, cumprir o preceito de hospitalidade da Regra de São Bento, definir uma posição política clara contra o regime de força e reafirmar o papel histórico do mosteiro como espaço de resistência na cidade. Isso o conduziu ao estudo da Teologia da Libertação. Para ele, era Deus que obrigava o homem a lutar pela igualdade social não somente a tirar o homem da favela, mas a tirar a favela de dentro do homem; a miséria era pecado o homem escravizando o próprio homem era pecado, o homem se deixando escravizar era pecado. Ou seja, centrado na plasticidade da regra, Dom Timóteo enxergava a contradição entre ação e contemplação e promovia uma renovação” (Tânia Maria Diederichs Fischer in As Lições do Mosteiro de São Bento).
De instituição fechada, voltada para o claustro físico, o Mosteiro de São Bento transformou-se numa instituição moderna, cultural, com acesso às novas tecnologias, sem perder a essência da contemplação e sua profunda espiritualidade.
A celebração da missa em memória de Yolanda Pires se insere neste contexto. Yolanda e Waldir Pires foram perseguidos, exilados, retornados, sofreram e continuaram a doar o melhor de si mesmos para a justiça social. Uma vida inteira. Daí os elogios do Abade d. Emanuel d´Able Amaral.
Assisti a missa ao lado do advogado Inácio Gomes, meu advogado na época da ditadura militar, em Salvador, e ao lado do pastor Djalma Torres, da Igreja Batista Nazaré. O ex-preso político, ao lado do advogado católico seguidor de d. Timóteo e ao lado do pastor evangélico. Do outro lado, o ex-preso político e hoje deputado federal Emiliano José (PT-Ba). Todos celebrando a memória de Yolanda Pires.
Mais atrás. Uma grande representação – 94 trabalhadores - vinda de Conceição do Jacuípe (antiga Birimbau), cidade distante 97 km de Salvador, todos integrantes da Associação Educacional e Cultural de Conceição do Jacuípe, dirigida pelo professor Alyrio Dantas de Azevedo Filho desde 1982. A ONG produz tabuleiros de xadrez e do jogo de damas para as escolas públicas do Brasil, através de projeto do Ministério dos Esportes. Vieram celebrar Iolanda e Waldir Pires, que os apoiaram desde sempre.