13 de setembro de 2009

 

Segurança pública é assunto que não aceita exploração política

“A segurança pública é um problema da Bahia e de todo o Brasil. Assunto sério demais para ser tratado de maneira leviana, apressada ou demagógica porque diz respeito a um conjunto de causas, muitas delas vinculadas ao crime organizado em escala nacional e internacional. O deputado ACM Neto (DEM), em pronunciamento (08/09/09) na Câmara dos Deputados atacou o governo Wagner de tal forma que beira à irresponsabilidade política e o senador César Borges sequer olhou para os graves fatos que ocorreram no governo dele e de Paulo Souto”.

A resposta aos discursos do deputado ACM Neto (DEM) e do senador César Borges (PR) foi dada pelo deputado Emiliano José (PT-BA) no dia seguinte. “O deputado (ACM Neto) tinha a obrigação de ser ainda mais cuidadoso se levasse em conta o fato de que seu avô (senador ACM) comandou a política baiana com mão de ferro durante algumas décadas, governando e fazendo governadores, e a oligarquia à qual o parlamentar pertence nunca foi nenhum modelo quanto à segurança pública. O único destaque quanto à segurança pública foi a repressão, a violência contra manifestantes indefesos, de preferência contra jovens estudantes”.

POLÍTICA DA VIOLÊNCIA

O deputado federal Emiliano José (PT-BA) estava se referindo ao maio de 2001, quando a tropa de choque da Polícia Militar reprimiu violentamente uma manifestação de estudantes da UFBA, obedecendo ordens do então governador César Borges. A PM invadiu manu militari o campus da universidade federal, descumprindo decisão judicial.

“Por ironia das ironias – disse o deputado do PT - César Borges, hoje senador, pretendeu também ser crítico da política de segurança pública do governo Wagner. Lembramos apenas esse episódio para mostrar ao deputado, e de sobra ao senador, que com um telhado de vidro desse tamanho não é possível atirar pedra no telhado do vizinho com tanta irresponsabilidade”.

Segundo Emiliano José, ACM Neto e César Borges, representantes da velha oligarquia baiana que montou um estado policialesco em pleno regime democrático, não tem condições de ensinar segurança pública ao governo e Jaques Wagner. Basta olhar para trás. De 2000 a 2005 a violência explodiu na Bahia. Dados do IBGE mostram que o aumento de mortes masculinas por homicídio chegou a 19 pontos percentuais. A Bahia se destacou duplicando as taxas de mortalidade por homicídio entre jovens de sexo masculino. E no caso homicídios por arma de fogo entre jovens a taxa de mortalidade quase triplicou.

“Tudo isso evidencia – concluiu o parlamentar baiano - o tamanho do telhado de vidro do deputado e também do senador. Mostra o quanto eram irresponsáveis na condução da política de segurança pública. Quando Wagner assumiu em 2007, encontrou as polícias civil e militar inteiramente desestruturadas, com equipamentos sucateados, viaturas em condições deploráveis. Com Wagner já se agregou mais de 3 mil novos policiais ao contingente da PM, e logo será acrescido mesmo número, tudo fruto de concursos realizados. Ou seja, eles criticam o atual governo e não olham para o que fizeram, preferem ideologizar o debate, fazer luta política”.

UMA HERANÇA PESADA

Não há simplificação quando se fala de segurança pública. “Menos ainda quando uma oligarquia deixa uma herança tão pesada”. O governo Wagner combina ação repressiva, inevitável quando se trata do crime organizado, com políticas do PRONASCI, que implica em intervenções em áreas carentes. “A oposição precisa ser cuidadosa ao falar de segurança. Lembro de um editorial do jornal Correio da Bahia criticando duramente a política de segurança do governador Paulo Souto (DEM), um político que sempre foi liderado do falecido senador ACM, avô do deputado ACM Neto”.

O editorial do jornal de propriedade do deputado ACM Neto, ao comentar o descalabro da situação de segurança na Bahia dizia que o governador Paulo Souto não podia ficar indiferente a este quadro: “O problema não é apenas de recursos materiais, mas também de recursos humanos. É preciso competência, o que está em falta na Secretaria de Segurança Pública. Os números da escalada de violência em Salvador comprovam que é grave a situação de segurança em nosso Estado”.

O jornal Correio da Bahia, valia-se também da extraordinária figura do sociólogo Gey Espinheira, para revelar o quanto era precária a situação da segurança no Estado da Bahia. Nada mais do que 97% dos crimes eram catalogados como insolúveis e 60% da população revelavam medo da polícia por conta da impunidade e corrupção. Gey Espinheira dizia então: São grupos de extermínio, corpos desovados, ou seja, todos apostando na impunidade, e infelizmente nada é feito. Não se pode apagar o passado.

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