4 de setembro de 2009

 

Parlamentar exalta na Câmara Federal o candomblé da Bahia

O candomblé é uma religião de muitos preceitos, sendo um deles o profundo respeito e amor pela natureza. "Para as religiões de matriz africana, é como se a humanidade fosse filha da natureza. E por isso é preciso sempre tratá-la com todo carinho, zelo, devoção. Como não cuidar da mãe? Como maltratá-la? Como desprezá-la? O candomblé freqüentemente faz essas indagações". Trata-se de uma relação umbilical, amorosa, candomblé e natureza.

"Lembrando Leonardo Boff, diria que o candomblé, diariamente, repete que é preciso saber cuidar da natureza. Reclama a presença da natureza para existir, sobreviver. Reclama a roça, a mata, as árvores, as plantas, as ervas. Precisa das águas, e de águas limpas para fazer bem os seus preceitos. Tudo isso configura uma cultura, um modo de estar no mundo. Essa compreensão sobre o candomblé é que levou o governo da Bahia a dar início aos Encontros pelas Águas com reuniões de mais de uma centena de terreiros".

O discurso é do deputado federal Emiliano José (PT-BA).

O primeiro Encontro pelas Águas ocorreu na histórica cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano, nos dias 23 e 24 de agosto. O parlamentar participou da mesa de abertura junto a autoridades religiosas do candomblé, do diretor geral do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá), Júlio Rocha, e da secretária de Promoção da Igualdade Racial e de Gênero, Luiza Barrios.

A atitude do deputado Emiliano José, de respeito pelo candomblé como religião, vem de longe. Como deputado estadual ele propôs e aprovou na constituinte baiana de 1989, o artigo que consagra o candomblé como religião. É que até 1975, o candomblé era considerado caso de polícia e tinha que requerer autorização nas delegacias para cumprir os seus preceitos.

Até 28 de novembro de 2009, ocorrerão mais seis Encontros pelas Águas, reunindo quilombolas, marisqueiras e pescadores, povos indígenas, de fundos de pasto, moradores das Gerais e mulheres, nos municípios de Prado, Santa Maria da Vitória, Itiúba, Carinhanha, Rio de Contas e Santa Cruz Cabrália. "É dessa forma que o governo da Bahia está provocando a participação decisiva dos povos e comunidades tradicionais na gestão participativa das águas no Estado da Bahia", ressaltou Emiliano.

DISCURSO NA ÍNTEGRA

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